domingo, 16 de janeiro de 2011

Malabarista de semáforo

Wanderley Nogueira (*)

Ronaldinho dá show de malabarismos em treino

E a informação veio acompanhada de foto de torcedores felizes e de alguns jogadores rindo ao fundo. A prática de jogos malabares é atraente. É um equilíbrio difícil, coisa complicada, engenhosa. É preciso ter reflexo apurado e dizem que um bom malabarista tem grande habilidade de pensamento e ação em situação difícil.

O malabarista é um dos personagens mais carismáticos do circo. Ao lado do equilibrista e do palhaço, é o artista que conta com maior admiração, especialmente das crianças. Ele consegue sustentar bolas e garrafas e outros objetos ao mesmo tempo, sem piscar e sem cometer erros. O malabarista é um gênio circense que atrai a atenção de todos e a admiração geral.

Horas depois da importante informação sobre as fascinantes habilidades de Ronaldinho, parei meu carro em uma das esquinas movimentadas da cidade e lá estava ele, o malabarista. Menino com roupa rasgada, mãos rápidas lançando bolas coloridas ao ar, malabarismo dia após dia , buscando um troquinho. Esse artista deveria ter mais ou menos 15 anos e certamente sem nenhum empresário e ninguém disputando a sua arte.

Olhei para os lados e as pessoas nem abriram o vidro da janela. O malabarista eficiente tinha um rosto de quem estava com fome. Na calçada um outro garoto cheirava cola. Tinha jeito de ser o irmão mais velho do artista.

No carro, naquele momento, eu só tinha uma maçã. Brinquei e joguei para ele equilibrar. A maça virou bola, não caiu. Nenhuma das bolas caiu. Tomara aquela maça tenha sido saboreada pelo jovem artista do malabares.

Malabarista por malabarista prefiro o garoto do semáforo. Sei lá, achei mais sincero

(*) Jornalista esportivo. Trabalha na Rádio Jovem Pan de São Paulo desde 1977 e responsável pelo Terra Esportes.

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