quarta-feira, 29 de maio de 2013

Brasil sobe juros na contramão do mundo

Folha de São Paulo 

O Banco Central deverá fazer novo aumento dos juros hoje em um movimento que vai na contramão do que ocorre no resto do mundo. 

Entre 13 países emergentes e desenvolvidos que alteraram sua política monetária neste ano, apenas Brasil e Egito aumentaram taxas. 
Outras 11 nações, como Índia, México, Colômbia e Austrália, reduziram juros para estimular suas economias. 
O mesmo ocorreu na zona do euro, que reduziu sua taxa de 0,75% para 0,5% no início deste mês. 

O descompasso se explica pela diferença na trajetória de atividade econômica do Brasil em relação a outros países nos últimos anos. 
Após a eclosão da crise financeira de 2008, a economia global passou por forte desaceleração. 

Isso levou os países, inclusive o Brasil, a afrouxarem suas políticas monetárias e fiscais com o objetivo de reanimar a atividade. estímulo à demanda 
A diferença em relação a outras nações, principalmente emergentes, é que a política de estímulo no Brasil foi mantida quando a economia já se recuperava, o que resultou em forte expansão em 2010, mas também contribuiu para pressões inflacionárias mais persistentes, principalmente nos preços de serviços. 

"O governo estimulou muito a demanda, apostando que a oferta responderia rapidamente", diz o economista Rogério S obreira, da FGV. 
Mas a expansão da oferta, ressalta o economista, esbarrou em entraves, como alto custo de financiamento e deficiências de infraestrutura. mercado de trabalho 

Para Roberto Padovani, economista-chefe da Votorantim Corretora, a atividade econômica do Brasil tem passado por ciclos diferentes do resto do mundo desde 2007.  Neste ano, diz ele, a economia brasileira se recupera enquanto a global perde fôlego novamente, ao contrário do que tinha ocorrido em 2012. 

Segundo ele, o mercado de trabalho aquecido contribui para que essa diferença na direção dos ciclos leve a um descompasso entre a direção da política monetária no Brasil e a de outros países. 

"O aperto no mercado de trabalho funcionou como um agravante dessa diferença dos ciclos econômicos." Isso contribuiu para aumentar a renda e o consumo, pressionando principalmente os preços de serviços. 
A inflação próxima a 6,5% (teto da meta do governo) deverá levar o BC a subir os juros, atualmente em 7,5%, pela segunda vez neste ano. 

A autoridade monetária tem demonstrado, em declarações recentes, preocupação com a trajetória da inflação. 
Depois disso, aumentaram as apostas no mercado financeiro de que os juros subirão 0,50 ponto percentual na reunião de hoje. 

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