quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Isso é por causa da saúde? ... da educação? não por causa de um time de futebol ..

Coquetéis Molotov, bombas caseiras, carros blindados, jogadores contratando seguranças com medo de apanhar. Ameaça de morte ao presidente Tirone. Barcos jurando que, se for ameaçado, vai embora. O Palmeiras virou caso de polícia há muito tempo… 
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Cosme Rímoli (*) 

Só faltava essa. 
O homem de maior personalidade no Palmeiras inverteu a situação. 
Em vez de receber ameaça das organizadas, é ele quem resolveu ameaçar. 

Barcos acaba de prometer que se for agredido ou for jurado de morte ele irá embora. 
"Se for para andar de carro blindado e segurança, vou embora." 
Assim, direto. 
Era só o que faltava. 

O argentino era um dos grandes sustentáculos da diretoria. 
Exemplo de coragem, sangue frio diante da cada vez maior ameaça de rebaixamento. Conseguiu marcar 27 gols como havia prometido. 
E em um ano que, apesar da Copa do Brasil, está terrível para o Palmeiras. 

Barcos acompanhou o vexame que foi a conversa com o gerente César Sampaio. 
Ele foi confirmar com Maikon Leite, Artur, Juninho, Leandro e Maurício Ramos se eles receberam ameaças dos torcedores. 
E se estavam contratando seguranças particulares, com medo de serem agredidos nas ruas de São Paulo. 

Até carros blindados o quinteto estaria pensando em usar. 
Sampaio foi ávido. 
Esperava que tudo não passasse de especulação da imprensa. 
Mas viu que era verdade. 

Os jogadores estão apavorados. 
É até possível que os mais assustados não entrem em campo. 
Leandro Amaro, Mazinho, Daniel Carvalho e Betinho já sabem que não ficarão em 2013. 
E também foram ameaçados. 


Gilson Kleina só os utilizará em último caso. 
Para tentar dar coragem ao grupo, Sampaio confirmou que ele também estava sendo ameaçado. 
Quis usar a psicologia e mostrar que não se deixava afetar e continuaria trabalhando normalmente. 
Mas deu errado. 

Os jogadores perceberam que os torcedores não respeitam ninguém. 
Ameaçaram de morte o presidente Tirone, o vice Frizzo e agora o gerente César Sampaio. Sampaio acreditava que o experiente Barcos reverteria a situação. 
Confirmaria que não teme as ameaças e que prometeria ficar no Palmeiras em 2013. 

Se decepcionou. 
O jogador mandou um recado direto aos torcedores. 
Disse que não tem medo. 
Já passou por isso no Equador. 
"Eu também sofri ameaças, iam sequestrar a minha filha e eu mudei de bairro. (Se) é para eu viver assim (no Palmeiras), com carro blindado, segurança, com arma? Eu vou embora."  

Disse direto, sem rodeios. 
Cada vez mais a diretoria tem a certeza de que, se o clube for rebaixado, Barcos não ficará. 
Há sondagens já por parte da Fiorentina e clubes pequenos espanhóis. 

Barcos está obcecado com a Seleção Argentina. 
Acredita que perderá prestígio por jogar em um time de Segunda Divisão e deixará de ser convocado. 
Perguntado mais uma vez se irá embora, ele foi cruel com a torcida palmeirense. 
"Não posso falar que vou ficar, aí amanhã o clube me vende. Vou passar por mentiroso?" 

Até porque uma venda só seria concretizada com o seu aval. 
O que cada vez mais ele deseja. As organizadas estão dando a desculpa perfeita para a saída do argentino. 
Do elenco todo, só Barcos e Marco Assunção foram poupados pelos torcedores. 

Desorientada, a diretoria só aumenta a tensão. 
Deixou a todos os jogadores apavorados ao mandar que deixem seus carros no estacionamento da imprensa. 
O motivo não escondeu: medo que os torcedores joguem bombas caseiras e coquetéis Molotov contra os carros dos atletas. 
Coquetéis Molotov... 

Esses artefatos incendiários começaram a ser usados pelos finlandeses para se defender da invasão da então União Soviética em 1939. 
Desde então está presente em toda guerra, guerrilha. 
Muitos bandidos de faccões criminosas têm incendiado ônibus em São Paulo usando os tais coqueteis. 

Na madrugada de domigo, bombas caseiras e coquetéis Molotov foram atirados para o Centro de Treinamento. 
Por sorte não acertaram em nada. 
Os carros dos jogadores não estavam onde costumam ficar. 
A diretoria palmeirense tentou abafar o caso. 

O que acontece no Palestra Itália é caso de polícia há muito tempo. 
É assim que o Palmeiras está se preparando para o jogo contra o líder do Brasileiro, o Fluminense. 
O jogo já foi para Presidente Prudente por medo dos dirigentes. Há a certeza de que as organizadas teriam mais dificuldades para invadir o gramado. 
Ou mesmo armar tocaias contra os jogadores. 

O pessimismo domina os dirigentes em relação ao julgamento de amanhã no STJD. 
A grande maioria acredita que o tribunal rejeitará a marcação de um novo jogo contra o Inter. 
As palavras de Barcos foram um baque forte demais para os dirigentes, para Kleina. 
O Palmeiras está afundando sozinho. 

Basta a ruindade do time e as suas próprias organizadas.  
O estrago está feito... 


(*) Jornalista e que por 22 anos atuou no Jornal da Tarde/SP. Comentarista esportivo da Rede Record

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