sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Conexão

Ministério Público diz que Teixeira é o elo entre empresa suspeita de superfaturar amistoso, federação, DF e desvio de R$ 1,1 milhão

Charge de Mário Alberto
Folha de São Paulo

Empresa ligada a Ricardo Teixeira, presidente da CBF e do COL (Comitê Organizador Local da Copa-2014), desviou R$ 1,1 milhão do jogo Brasil x Portugal em 2008, segundo o Ministério Público.

A Promotoria pede na Justiça que a Ailanto, contratada pelo governo do DF sem licitação, devolva os R$ 9 milhões que recebeu para organizar a partida. "A Ailanto agiu com ânimo fraudulento e com nítida má-fé", afirma o Ministério Público na ação.

A empresa é ligada a Teixeira. Como a Folha revelou, uma das sócias, Vanessa Precht, deu cheques nominais de R$ 10 mil ao cartola meses depois do jogo, para arrendar uma fazenda de Teixeira, segundo a Polícia Civil do DF.

Além disso, uma empresa da Ailanto, a VSV, funcionou numa fazenda de Teixeira.
Pelo contrato com o DF, a Ailanto deveria realizar o jogo. Mas a Promotoria afirma que a Ailanto, mesmo tendo recebido o dinheiro, não arcou com todas as obrigações que constavam do contrato.

Segundo a ação, a Federação Brasiliense de Futebol reteve o valor arrecadado na bilheteria do jogo, realizado no Gama, de quase R$ 1,3 milhão. O dinheiro deveria ir para o governo distrital, mas foi desviado e usado para pagar despesas do contrato da Ailanto, "contrariando todas as diretrizes do processo de contratação", afirma o Ministério Público no processo.

Foram R$ 258 mil com ingressos e planejamento, R$ 153 mil em decoração, R$ 311 mil em transporte e hospedagem e R$ 211 mil com segurança. Com as despesas administrativas, o valor chega a R$ 1,1 milhão, pago pela federação e que a Ailanto, por contrato, deveria bancar, segundo o Ministério Público.

ENRIQUECIMENTO
A investigação levantou indícios de que a empresa foi montada só para poder receber o dinheiro do amistoso, "praticamente uma empresa ad hoc" -criada para legitimar um fim específico.

Segundo a investigação, a Ailanto foi criada por um especialista em montar pessoas jurídicas para depois repassá-las. Sandro Rosell, presidente do Barcelona, sócio de Vanessa e amigo de Teixeira, passou a controlá-la dois meses antes de começar a negociação com o governo.

Ela foi criada com capital social de R$ 800. Seis meses após o amistoso, uma goleada brasileira por 6 a 2, o capital foi para R$ 12 milhões -integralizado em dinheiro.
A polícia mapeou relações entre Ailanto, governo do DF e federação. O presidente da CBF é a conexão entre todos.

A proximidade entre o cartola e a empresa aparece também na contratação da Pallas Turismo por R$ 261 mil para hospedar atletas. A agência é de Wagner Abrahão, amigo de Teixeira e responsável pela comercialização dos ingressos VIP da Copa-14.

Foi com ele, inclusive, que o cartola viajou para Miami na última sexta-feira.

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