quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Caso Celpa e as mentiras sobre as privatizações

Manuel Dutra (*)

A Celpa, empresa que distribui energia elétrica no Pará, jogou a toalha. É um exemplo claro do desastre das privatizações irresponsáveis, em que empresas públicas construídas com o dinheiro suado do zé-povo vai para as mãos de grupos desqualificados. Outro grande exemplo, do governo FHC, foi a entrega da Embratel para especuladores estrangeiros.

A Celpa, uma das empresas controladas pelo Grupo Rede, foi privatizada através de leilão público no dia 7 de julho de 1998, no primeiro governo de Almir Gabriel. O preço de venda da empresa alcançou, na época, a cifra de R$ 450 milhões. Era muito dinheiro na época. O que foi feito com essa grana toda? Nada, além daquelas coisas sobre as quais são eternas as suspeitas.

O certo é que há anos a Região Metropolitana de Belém vive alternando apagões pelos diversos bairros. A instabilidade da corrente elétrica é um fato. Uma porcaria que se verifica pelo interior do Estado. No entanto, durante a farra das privatizações - a palavra é essa mesmo, farra! - o que foi que Almir e FHC disseram? Que os capitais privados é que dariam o impulso ao crescimento da infraestrutura do país.

No dia 9 de dezembro do ano passado o Diário do Pará publicou a notícia que segue:

"A direção da Celpa não confirmou, mas também não negou, nesta quinta-feira (8), a informação de que o controle da Rede Energia foi posto à venda. A notícia, com origem em São Paulo, onde fica o comando do grupo, foi veiculada ontem por agências de notícias nacionais. “A Celpa não vai se pronunciar hoje (ontem) sobre o assunto”, afirmou uma fonte da assessoria da empresa.

Ela admitiu a possibilidade de ser divulgada hoje uma nota expondo oficialmente a posição da companhia. Se isso acontecer, a nota provavelmente confirmará a venda.

A matéria mais completa sobre a anunciada venda do controle da Rede Energia foi publicada pelo Valor Econômico. Segundo o jornal, o Grupo Rede, dono da concessão de distribuidoras de energia em sete Estados brasileiros – incluindo o Pará, com a Celpa – vem enfrentando há anos dificuldades financeiras, com prejuízos frequentes e tendo de administrar um alto endividamento.


O último balanço do grupo, com dados do terceiro trimestre deste ano, conforme revelou o Valor, mostra vencimentos de empréstimos e financiamentos de curto prazo na ordem de R$ 2 bilhões, além de outros R$ 5 bilhões de obrigações de longo prazo".

Hoje, anotícia que está na praça é a seguinte:

A Celpa, distribuidora de energia elétrica do Pará controlado pelo Grupo Rede Energia, entrou com pedido de recuperação judicial, informou a empresa ontem (28).

“A despeito dos esforços da administração junto a credores e potenciais investidores, o pedido de recuperação judicial mostrou-se inevitável diante do agravamento da situação de crise econômico-financeira da Celpa e do imperativo de proteger a continuidade dos serviços públicos por ela prestados”, informa a empresa.

Segundo o comunicado, a medida visa proteger o valor dos ativos da Celpa, atender aos interesses dos credores, na medida dos recursos disponíveis e manter a continuidade das atividades da companhia.

A Celpa é uma das distribuidoras com pior desempenho do Grupo Rede Energia e segundo o balanço patrimonial fechado em setembro de 2011, tinha uma dívida de curto prazo de 1,4 bilhão de reais e de longo prazo também no mesmo valor.

Uma fatia de 54% do acionista majoritário da Rede Energia, Jorge Queiroz Jr, está a venda em uma operação da qual o grupo AES e a a chinesa State Grid já desistiram, diante dos riscos regulatórios e do preço pedido pela participação.

(*) Jornalista, Professor Universitário, morador em Belém (PA)

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