sábado, 24 de setembro de 2011

Descendo a escada

'Achei!' Do São Paulo ao São Raimundo, Vélber desce a ‘escada’

Globoesporte.com

Vélber é daqueles exemplos que provam o quão efêmero pode ser o sucesso no mundo do futebol. Um dos destaques de uma geração que alçou o Paysandu a uma inimaginável e histórica vitória sobre o Boca Juniors, na Bombonera, na Libertadores de 2003, ele chegou ao topo em alta velocidade. Como quem pega um elevador, deixou o time de Belém para jogar no badalado São Paulo, mas viu o sonho do Morumbi se tornar em uma dura realidade em ritmo lento, descendo degrau a degrau a escada da bola, até chegar ao modesto São Raimundo (PA) para a disputa da Série D.

Atacante rápido e de dribles curtos, o baixinho de 1,69m chamou a atenção de clubes brasileiros ao lado de nomes como Iarley e Robgol no Papão da Curuzu. As exibições impressionantes, por sua vez, não foram repetidas no Sudeste, onde, depois de dois anos no São Paulo, ainda defendeu a Ponte Preta em uma jornada que incluiu todas as divisões do Brasileirão em um curto alfabeto de A a D sem muito sucesso. Aos 33 anos, o Risadinha, como é chamado em Santarém, não desiste de, enfim, vingar em um grande clube. E, apesar de uma eliminação precoce na primeira fase da quarta divisão ser a realidade atual, vende seu peixe e manda o recado ao mercado:

- Queria falar que estou aí, à disposição de qualquer clube. Estou bem, e tenho certeza de que tenho condição de voltar a um grande clube.

Da passagem de dois anos pelo Morumbi, Vélber guarda boas recordações e uma frustração: a dificuldade para se manter em forma. Titular assim que chegou ao Tricolor paulista, em 2004, o jogador acumulou lesões e se tornou mero figurante no ano seguinte, com pouca participação no título paulista e ausência nas campanhas que garantiram a Libertadores e o Mundial de Clubes.

- Muitos dizem que no futebol não existe sorte, mas existe, sim. E foi isso que me faltou no São Paulo. Quando estive bem, como titular, tive duas contusões complicadas. Primeiro, entrou um bicho na minha perna que eu tive risco até de amputação. Levei um ano me recuperando, e quando voltei a jogar sofri um estiramento na coxa. Foi isso que me complicou bastante. Quando voltei, o Danilo já estava fazendo gol de tudo quanto é jeito. Até de tiro de meta (risos). Isso me atrapalhou. Mas só agradeço ao São Paulo.

Volta para casa e queda livre
O fracasso no São Paulo nunca foi bem digerido por Vélber, que rodou por Fortaleza, Ponte Preta, América (SP) e Itumbiara (GO) antes de voltar praticamente para a estaca zero em seu estado natal. Ídolo no Paysandu, se transferiu para o Remo, onde, apesar de conseguir pequeno destaque, foi rebaixado para a Série C em 2007.

- Fui campeão goiano pelo Itumbiara, mas, com saudade da família, voltei para Belém e não consegui mais sair. Não tenho empresário, e isso deixa tudo mais difícil. Se é ruim com empresário, pior sem ele. Não consegui mais voltar para a vitrine.

O retorno ao Pará só foi quebrado por uma rápida passagem pelo América de Natal, no ano passado. As idas e vindas entre Remo e Paysandu, porém, terminaram no início de 2011, com o convite do São Raimundo. O panorama bem contrastante com o encontrado nos tempos de São Paulo assusta, mas não faz Vélber lamentar o rumo da carreira.
Não posso reclamar. Tenho que agradecer ao São Raimundo pela oportunidade de jogar aqui. A vida continua.

Passaram os momentos de luxo, ficaram as lembranças. O atacante rápido não existe mais, se transformou em terceiro homem de meio-campo. Entretanto, as histórias do mundo da bola ainda fazem de Vélber um jogador diferenciado no precário mundo da Série D, principalmente pelos momentos de sucesso que ele não se cansa de contar.

- Aquele jogo contra o Boca foi marcante, o título da Copa dos Campeões (2002) com o Paysandu.... São vários momentos importantes. Fui campeão paulista, da Libertadores e do Mundial pelo São Paulo (não jogou nas duas últimas conquistas). Não posso falar que só uma fase foi especial, o que preciso é agradecer muito a Deus por tudo que conquistei na minha vida.

Com o futuro em aberto por conta da eliminação do São Raimundo, o ex-são-paulino garante ainda ter “muita lenha para queimar” e avisa aos clubes do Sul e Sudeste que é como vinho e só evoluiu com o tempo.
- Hoje jogo até melhor do que quando tive 20, 25 anos. Sou mais experiente, uso mais minha inteligência, apesar de continuar a dar meus piquezinhos (risos). Cuido-me bem para jogar mais um tempo e estar sempre pronto, até mesmo para outros clubes que precisem dos meus serviços. Não desisto. Tenho fé em Deus de que um dia posso voltar a vestir uma camisa de um grande clube. Isso só depende de mim. Já tive a oportunidade.

Otimismo justificável para quem se cansou descendo a escada da bola, mas sabe bem que com um elevador pela frente basta que a porta se abra para tudo ficar mais fácil.

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