domingo, 19 de junho de 2011

Adubo orgânico

Adubo orgânico: reciclagem, saúde do solo e economia

Excelente alternativa para agricultores familiares, a adubação orgânica se configura como uma maneira eficaz de garantir a qualidade do solo, destinar corretamente os resíduos que se acumulam nas propriedades, além de reduzir os custos antes aplicados na compra de fertilizantes químicos.

Ainda mais importante, é uma forma de oferecer à planta todos os nutrientes que necessita. De acordo com Jacimar Luis de Souza, pesquisador do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), órgão vinculado à Secretaria de Estado de Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), a maioria dos adubos convencionais disponíveis no mercado são fertilizantes à base de tr&e circ;s nutrientes: nitrogênio, fósforo e potássio (NPK).

“Como as plantas precisam de 13 nutrientes essenciais (além de outros microelementos com funções específicas), o uso de composto orgânico é capaz de suprir a lavoura de forma completa”, pois contém todos os elementos que as plantas precisam, frisa. “Os resíduos orgânicos de diversas naturezas podem transformar-se em adubos orgânicos de alta qualidade. Para tanto, precisam passar por processo de fermentação e mineralização de forma adequada, atingindo a forma de húmus, estando assim apto a proporcionar boa adubação do solo e nutrição das plantas”, diz o pesquisador.

Ele ressalta que os componentes importantes como hormônios – responsáveis por auxiliar no desenvolvimento do vegetal, e microorganismos – controladores de doen&c cedil;as do solo, também integram a composição do adubo orgânico.


Quanto mais diversificados os materiais usados na mistura, maior será a variedade de nutrientes oferecidos às lavouras. E os benefícios da técnica vão além. Quando exposta ao ar livre, a matéria orgânica é responsável pela emissão de gás carbônico à atmosfera durante o processo de decomposição, contribuindo para o efeito estufa. Em compensação, quando utilizada no solo, fixa-se na terra, transformando-se em carbono orgânico, benéfico ao solo.

Os resíduos também aumentam a quantidade de minhocas, microorganismos e insetos desejáveis, o que reduz o surgimento de doenças de plantas. Outra relevante contribuição do adubo orgânico é a longevidade dos benefícios que oferece. O composto é menos concentrado em nutrientes – apesar da diversidade dos mesmos. Porém, os efeitos são melhores e permanecem a longo prazo, gerando plantas mais resistentes às pragas.

Já os adubos sintéticos possuem alta concentração de nutrientes, fazendo com que as plantas se desenvolvam mais rápido, mas desequilibram o metabolismo da plantação, tornando-a mais vulnerável. Como conseqüência disto, o agricultor se depara com a necessidade de utilizar pesticidas. “Fornecer composto orgânico às plantas é permitir que elas retirem os nutrientes de acordo com as suas necessidades, por muito mais tempo que se estivessem recebendo fertilizantes. Sem falar que é uma forma de vivermos sob o efeito de menos químicas, em mais harmonia com a natureza”, esclarece Jacimar.

Compostagem -
Uma das formas mais eficazes e completas de adubação orgânica é aquela realizada com o uso de composto orgânico, obtido pela decomposição de restos vegetais, palhas e resíduos animais.

O material sofre degradação, até que se transforma em húmus, produzindo um adubo de ótima qualidade.
Esse processo biológico é conhecido como compostagem e permite que produtor rural aproveite todos os resíduos orgânicos existentes na propriedade ou de fora dela. Jacimar alerta para a necessidade de o agricultor ficar atento à procedência dos resíduos, se certificando de que não estejam contaminados.

Para a produção correta do composto, é necessário proporcionar condições favoráveis de desenvolvimento e reprodução aos organismos responsáveis pela degradação: devem ser formadas pilhas de compostagem com misturas equilibradas de resíduos com diferentes relações carbono/nitrogênio, além do controle correto da temperatura, oxigenação e umidade.

Tipos de resíduos -
Os resíduos potenciais para a produção de compostos orgânicos se dividem em três grupos, que podem ser utilizados no processo de compostagem.

São eles: os estercos de bovinos, aves, suínos e outros animais; resíduos vegetais, como palhas de milho, feijão, café e bagaço de cana; além dos agroindustriais, que são os farelos, tortas e borras, geralmente à base de mamona, cacau, soja, trigo, algodão, arroz, café, entre outros.
“As folhagens, por exemplo, que também podem ser utilizadas como adubo, costumam ser queimadas pelos produtore s rurais. E este não é o melhor destino. Por que não aproveitá-las para nutrir o solo e a plantação?”

Num processo mais avançado, podemos produzir altos volumes de palhas ricas em carbono (gramíneas) e nitrogênio (leguminosas perenes) para se produzir adubo orgânico dentro da propriedade, a baixo custo, sugere o pesquisador.
O sistema de produção de composto orgânico, da área experimental do Incaper, em Domingos Martins, tem sido monitorado há 20 anos, comprovando a elevada qualidade do composto, além do baixo custo de produção. Baseado em resíduos locais e regionais, tais como capim triturado produzido em capineiras, palhas de café, milho e feijão, além do esterco de aves, seu custo de produção médio tem sido de R$ 58,00 a tonelada.

Capacitação -
Para orientar e capacitar os agricultores na produção de compostagem, o tema é constantemente abordado pelo Incaper, através dos cursos de agroecologia e produção orgânica aplicados juntamente aos produtores.

Por meio de encontros, os técnicos do Instituto divulgam métodos para a produção do material.

Adubo caseiro -
A técnica de compostagem também pode ser aplicada em hortas caseiras e jardins, garantindo a mesma eficiência.

Para evitar a aparição de larvas de insetos, como moscas, o ideal é que o material seja preparado dentro de uma caixa de cimento, mantendo-a sempre coberta por uma tela fina (malha de 1 mm).
Além disso, o pesquisador orienta para que haja alternância na mistura dos resíduos caseiros, misturando-se aqueles muito úmidos com outros bem secos.

“O composto não pode ficar muito molhado, muito menos criando pequenas poças de água. É necessário que a pessoa alterne resíduos secos com resíduos mais úmidos”, para que a mistura fique sempre bem oxigenada, sem excesso de umidade, o que elimina qualquer mau cheiro (a umidade ideal é em torno de 50%), explica Jacimar. Ele destaca que, assim como a compostagem produzida no campo, os adubos caseiros podem ser completamente esterilizados, por passarem por uma fase térmica durante 45 dias, período que atinge-se temperaturas de até 65 graus, higienizando o húmus gerado.

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