quarta-feira, 10 de setembro de 2014

O grande medo da CBF: Romário senador

O ex-governador biônico, apoiado pelos militares, precisa apoiar a ex-guerrilheira. Marin se agarra na candidatura Dilma por medo de Romário no ministério dos Esportes. O parceiro Aldo Rebelo continuar no cargo é muito melhor para a CBF… 

Cosme Rímoli (*) 

"Estou há quatro anos pregando no deserto sobre os problemas da Confederação Brasileira de Futebol, uma instituição corrupta gerindo um patrimônio de altíssimo valor de mercado, usando nosso hino, nossa bandeira, nossas cores e, o mais importante, nosso material humano, nossos jogadores. 

"Porque não se iludam, futebol é negócio, business, entretenimento e move rios de dinheiro. Nunca tive o apoio da presidenta do País, Dilma Rousseff, ou do ministro do Esporte, Aldo Rebelo. Que todos saibam: já pedi várias vezes uma intervenção política do Governo Federal no nosso futebol. 

"O presidente da entidade, José Maria Marin, é ladrão de medalha, de energia, de terreno público e apoiador da ditadura. Marco Polo Del Nero, seu atual vice, recentemente foi detido, investigado e indiciado pela Polícia Federal por possíveis crimes contra o sistema financeiro, corrupção e formação de quadrilha. 

"São esses que comandam o nosso futebol. Querem vergonha maior que essa? 
"Marin e Del Nero tinham que estar era na cadeia! Bando de vagabundos!!!" 

Essas foram as singelas declarações de Romário após o Brasil ser goleado pela Alemanha. 
O deputado federal mostrou o quanto não suporta Marin e Marco Polo del Nero. 
Como deputado federal, ele já incomodava a dupla. O Ibope mostrou ontem que ele é o grande favorito à primeira vaga como senador pelo Rio de Janeiro. 
Ele tem 44% de intenção dos votos contra 21% de César Maia. Eduardo Serra, 4%. Carlos Lupi tem 3%. 

Falta menos de um mês para a eleição. É praticamente impossível uma reviravolta no caminho de Romário ao Senado. Ele deverá ser grande personagem dessa eleição. 
Mas o que já é muito ruim para Marin e Marco Polo, pode ficar pior. Assessores de Marina Silva querem, se ela for presidente, um ministério forte, representativo. 
E com pessoas com conhecimento técnico, apelo popular. 
Para desgosto da cúpula da CBF, o cargo de ministro dos Esportes deve ser oferecido a Romário. 


O ex-jogador da Seleção e principal inimigo assumido dos dirigentes atuais tinha outros planos. Seu sonho era vencer a eleição para o Senado e ganhar força política para ser prefeito do Rio de Janeiro. Mas dependendo do que lhe for oferecido, pode acumular os cargos. O que seria enorme pesadelo para Marin e Marco Polo. 

Romário e o falecido presidente do PSB, Eduardo Campos, eram muito próximos. 
Além de terem ideias parecidas para a política do Brasil, os dois tiveram filhos com síndrome de down. A cumplicidade, a parceria entre os dois cresceu enormemente.
Tanto que o ex-jogador ficou arrasado com a morte de Campos. 
Em Pernambuco já se comentava que Eduardo gostaria de ver Romário senador e ministro dos Esportes. 

Marina Silva tem no ex-atacante um grande conselheiro. Ela não entende nada de esportes, de futebol. Principalmente dos intrincados caminhos que fizeram o futebol brasileiro estacionar, deixar de ser uma grande potência. Romário insiste que o problema está na administração do futebol, na CBF. O político defende maior atuação do estado no futebol. Não intervenção. Até porque ela é proibida por lei, já que a CBF é uma entidade particular. Mas não quer que o futebol brasileiro continue refém de Marin e Marco Polo. 

Além disso, ele não perdoa a promessa não cumprida pelo COL da doação de 32 mil ingressos para deficientes na Copa do Mundo. Só por isso, o deputado federal aceitou posar para fotos ao lado de Marin. A doação não aconteceu. 
O presidente do Comitê Organizador da Copa de 2014 foi Marin. 

Pensar em Romário senador e ministro dos Esportes tira o apetite dos atuais comandantes da CBF. A candidatura de Aécio Neves está cada dia mais fraca. O desejo de Ronaldo em assumir o ministério dos Esportes parece que será adiado. Seu grande amigo não mostra força nem para disputar o segundo turno. 

Quem diria? O melhor que poderia acontecer para Marin e Marco Polo seria a vitória de Dilma Rousseff. O ex-governador biônico, José Maria Marin, defensor da Ditadura Militar precisa torcer para a vitória de uma ex-guerrilheira. Dilma impediu que Aldo Rebelo abandonasse o ministério dos Esportes. Ele esteve à frente da Copa. 
Se reeleita, a presidente exige Rebelo cuidando das Olimpíadas.
O que seria ótimo para a cúpula da CBF. 

Rebelo se mostrou muito mais ameno nas críticas aos comandantes da entidade. 
Muito pelo contrário, até. Tem excelente relacionamento com Marin. 
Colocar Felipão no comando do Brasil na Copa do Mundo foi uma ideia de consenso entre os dois. 

A CBF não tem como apoiar publicamente Dilma. Mas os presidentes de federações sabem muito bem que 'para todos' seria muito melhor que tudo continuasse como está. 
Seria um sonho a permanência do moderado Rebelo do que Romário e sua sede de mudanças radicais. 

Esta eleição terá um peso imenso para o futuro do futebol brasileiro. 
Até para a sobrevivência política de Marin e Marco Polo del Nero. 
Nunca o cargo de ministro dos Esportes valeu tanto. Não há dúvida para quem frequenta a CBF. O ex-governador biônico poucas vezes torceu tanto, como agora. 
Sonha com a permanência da ex-guerrilheira no comando do Brasil. 
As voltas que a vida dá... 

(*) Jornalista esportivo Ganhou seis vezes o prêmio Aceesp, como melhor repórter esportivo entre jornais e revistas de São Paulo. Trabalhou 23 anos no Jornal da Tarde. Começou com o blog no UOL, em 2009.

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