Queda na produção e demissões de 100 mil trabalhadores apenas em São Paulo acendem o sinal vermelho em um setor vital para o crescimento do País
IstoÉ Independente
Poucas áreas são tão vitais para a economia de um país quanto a indústria.
Se a produção de bens cresce, empregos são gerados, os investimentos multiplicam-se, mais negócios acontecem – e o PIB acelera. Por isso causam preocupação os mais recentes indicadores sobre o setor. A indústria brasileira não vai bem e, em boa medida, o desempenho fraco da economia se deve à baixa atividade nas fábricas.
No segundo trimestre de 2014, o PIB industrial diminuiu 3,4% ante o mesmo período de 2014. Mais grave ainda: foi a pior queda em cinco anos. Nos sete primeiros meses de 2014, a produção caiu 2,8%, uma enormidade para um País que vinha alcançando altas sucessivas (leia quadro).
Na semana passada, o economista Paulo Francini, responsável pelo departamento de pesquisas e estudos da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, deu a dimensão exata do problema. Segundo ele, até o final do ano a indústria paulista, a mais pujante do País, perderá 100 mil postos de trabalho, na maior retração em muito tempo.
“Não esperávamos um ano tão ruim”, disse Francini à IstoÉ. “Sob todos os aspectos, a indústria enfrenta uma preocupante recessão.”
A tentativa das empresas de evitar a demissão de seus funcionários concedendo férias coletivas e adotando suspensão temporária de contratos de trabalho falhou.
Com a desaceleração da economia, demitir passou a ser sinônimo de sobrevivência. Diante da diminuição das margens de lucro e do aperto das contas, as empresas se viram obrigadas a assumir os custos dos desligamentos dos funcionários e a consequente perda de mão de obra qualificada. Até agora, a maioria das vagas foi fechada pelo setor manufatureiro (um total de 12.275 perdas até agosto).
Não é só São Paulo que está diminuindo o ritmo das máquinas. Indústrias de todo o País acenderam o sinal vermelho, principalmente em Estados que exportam e dependem de crédito para comercializar bens de consumo, como automóveis, eletrodomésticos e calçados.
A crise afeta setores que até pouco tempo atrás quebravam recordes positivos.
Na última década, a indústria automotiva brasileira cresceu sempre acima de dois dígitos e saltou do oitavo para o quarto lugar entre os maiores mercados globais.
A situação mudou radicalmente em 2014. Entre janeiro e julho, as vendas internas de carros caíram 8,6% ante igual período do ano passado, a produção despencou 17,4% e o número de empregados encolheu 4,2%. Resultado: os estoques de veículos à espera de compradores estão no nível mais alto desde 2008.
Em agosto, havia 385,7 mil carros parados nas concessionárias e nos pátios das montadoras.
Até o final do ano, estima-se que esse número possa chegar perto de meio milhão de unidades. A diminuição das vendas provoca um efeito dominó na economia.
Poucos automóveis saindo das montadoras significa, por exemplo, menos produção de autopeças e tecidos para estofamento. Para piorar, o cenário externo é igualmente desfavorável. A crise argentina e a ameaça de moratória no País fizeram com que as empresas exportadoras brasileiras acumulassem perdas inesperadas.
A Argentina compra sete de cada dez carros que o Brasil exporta.
Entre janeiro e julho, as vendas externas de carros brasileiros desabaram 35%.
Para alguns analistas, a insegurança atual se deve também às decisões do governo para conter a inflação, como a alta expressiva dos juros. Com o crédito mais caro, os consumidores somem de vista. O problema é que, em ano eleitoral, a tendência é que nada mude. Para 2015, há quem aposte num cenário melhor.
“A partir do ano que vem, a indústria tende a se estabilizar e parar com as demissões”, aposta Aloísio Campelo, coordenador das sondagens empresariais da Fundação Getúlio Vargas.
A lição é óbvia: sem uma indústria forte, nenhum País sai do lugar.
IstoÉ Independente
Poucas áreas são tão vitais para a economia de um país quanto a indústria.
Se a produção de bens cresce, empregos são gerados, os investimentos multiplicam-se, mais negócios acontecem – e o PIB acelera. Por isso causam preocupação os mais recentes indicadores sobre o setor. A indústria brasileira não vai bem e, em boa medida, o desempenho fraco da economia se deve à baixa atividade nas fábricas.
No segundo trimestre de 2014, o PIB industrial diminuiu 3,4% ante o mesmo período de 2014. Mais grave ainda: foi a pior queda em cinco anos. Nos sete primeiros meses de 2014, a produção caiu 2,8%, uma enormidade para um País que vinha alcançando altas sucessivas (leia quadro).
Na semana passada, o economista Paulo Francini, responsável pelo departamento de pesquisas e estudos da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, deu a dimensão exata do problema. Segundo ele, até o final do ano a indústria paulista, a mais pujante do País, perderá 100 mil postos de trabalho, na maior retração em muito tempo.
“Não esperávamos um ano tão ruim”, disse Francini à IstoÉ. “Sob todos os aspectos, a indústria enfrenta uma preocupante recessão.”
A tentativa das empresas de evitar a demissão de seus funcionários concedendo férias coletivas e adotando suspensão temporária de contratos de trabalho falhou.
Com a desaceleração da economia, demitir passou a ser sinônimo de sobrevivência. Diante da diminuição das margens de lucro e do aperto das contas, as empresas se viram obrigadas a assumir os custos dos desligamentos dos funcionários e a consequente perda de mão de obra qualificada. Até agora, a maioria das vagas foi fechada pelo setor manufatureiro (um total de 12.275 perdas até agosto).
Não é só São Paulo que está diminuindo o ritmo das máquinas. Indústrias de todo o País acenderam o sinal vermelho, principalmente em Estados que exportam e dependem de crédito para comercializar bens de consumo, como automóveis, eletrodomésticos e calçados.
A crise afeta setores que até pouco tempo atrás quebravam recordes positivos.
Na última década, a indústria automotiva brasileira cresceu sempre acima de dois dígitos e saltou do oitavo para o quarto lugar entre os maiores mercados globais.
A situação mudou radicalmente em 2014. Entre janeiro e julho, as vendas internas de carros caíram 8,6% ante igual período do ano passado, a produção despencou 17,4% e o número de empregados encolheu 4,2%. Resultado: os estoques de veículos à espera de compradores estão no nível mais alto desde 2008.
Em agosto, havia 385,7 mil carros parados nas concessionárias e nos pátios das montadoras.
Até o final do ano, estima-se que esse número possa chegar perto de meio milhão de unidades. A diminuição das vendas provoca um efeito dominó na economia.
Poucos automóveis saindo das montadoras significa, por exemplo, menos produção de autopeças e tecidos para estofamento. Para piorar, o cenário externo é igualmente desfavorável. A crise argentina e a ameaça de moratória no País fizeram com que as empresas exportadoras brasileiras acumulassem perdas inesperadas.
A Argentina compra sete de cada dez carros que o Brasil exporta.
Entre janeiro e julho, as vendas externas de carros brasileiros desabaram 35%.
Para alguns analistas, a insegurança atual se deve também às decisões do governo para conter a inflação, como a alta expressiva dos juros. Com o crédito mais caro, os consumidores somem de vista. O problema é que, em ano eleitoral, a tendência é que nada mude. Para 2015, há quem aposte num cenário melhor.
“A partir do ano que vem, a indústria tende a se estabilizar e parar com as demissões”, aposta Aloísio Campelo, coordenador das sondagens empresariais da Fundação Getúlio Vargas.
A lição é óbvia: sem uma indústria forte, nenhum País sai do lugar.
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