Cadê o programa mágico de Dilma contra o crack? Ou: Números revelam o tamanho da irresponsabilidade dos defensores da descriminação das drogas
Reinaldo Azevedo (*)
No post anterior, há um texto com dados sobre o consumo de crack no país. São devastadores. Deveriam servir de advertência para os que se dedicam à militância fanática em favor da descriminação das drogas, como se elas se resumissem à maconha que os “descolados” costumam consumir em reuniões sociais em que falam sobre isso e aquilo… O estudo foi feito pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Seu presidente, Paulo Gadelha, diga-se, é um dos maiores prosélitos da causa. Em maio, realizou-se em Brasília um tal “Congresso Internacional Sobre Drogas – 2013”. Pessoas que concordavam entre si foram convidadas para “debater”. Todas eram favoráveis à descriminação. Os mais radicais defenderam também a liberação do tráfico. O encontro contou com farto financiamento público — inclusive da Fiocruz.
Como esquecer a promessa solene de Dilma Rousseff, segundo a qual centros de atendimento a viciados se espalhariam Brasil afora caso ela fosse eleita? Não aconteceu absolutamente nada! Em São Paulo, há postos de atendimento mantidos pelo Estado e pela Prefeitura. E só. No resto do Brasil, quase nada! E prestem atenção ao mais dramático: não é que faltem, por exemplo, leitos hospitalares para os viciados. O que falta são leitos psiquiátricos mesmo, para qualquer forma de desordem psíquica, incluindo a dependência química. O país deixa, de forma deliberada, seus doentes nas ruas. Não obstante, dada a estupidez que toma conta do debate, até a novela das nove faz proselitismo contra a internação de viciados e em favor da anti psiquiatria. A cena que me enviaram é uma das coisas mais patéticas e estúpidas exibidas na televisão. Merchandising em favor da anti psiquiatria eleva o politicamente correto a dimensão, digamos, psiquiátricas.
O texto informa o perfil dos usuários. Leiam:
“As pessoas que fazem uso de crack no Brasil são principalmente homens (78,7%), não brancos (80%), com idade média de 30 anos e baixa escolaridade. Apenas 20% cursaram ou concluíram o ensino médio, e 0,3%, o ensino superior. Crianças e adolescentes representam 14% dos usuários das capitais. A renda da maior parte dos usuários (65%) vem de trabalhos esporádicos ou autônomos. Em comparação à população em geral, a porcentagem de pessoas que utilizam o sexo como forma de obter dinheiro ou drogas é elevada: 7,5% contra 1%. Cerca de metade dos entrevistados revelou já ter sido presa, sendo 41,6% no último ano. O principal motivo apontado foi o uso e porte de drogas, com 13,9%.”
Eis aí. Os que mais padecem com a falta de uma política pública decente e de leitos de atendimento, obviamente, são os pobres — até os terremotos matam mais os pobres do que os ricos, não é mesmo? Mais: o uso da droga está intimamente ligado à prostituição — e, caso se continue na investigação, virão as doenças sexualmente transmissíveis. Embora eventualmente se tente inferir o contrário, o número de prisões por porte — e convém lembrar que se está a confiar na palavra dos viciados — é pequeno. Assim, conclui-se que a esmagadora maioria foi presa por outros motivos. Ora, alguém duvida de que o consumo de droga também induz ao crime?
Atenção! Embora o porte de drogas, no Brasil, não tenha sido liberado, o fato é que portar e consumir já não leva mais ninguém para a cadeia. A descriminação serve como uma espécie de freio e de interdição morais. Mesmo assim, temos essa realidade dramática. Imaginem como seria se esse cerceamento social fosse, aos poucos, diminuindo, até desaparecer. Dados os números do crack, os defensores da liberação das drogas como matéria apenas de “direitos individuais” deveriam se constranger um tantinho. Que nada! Medicalizam o discurso e se tornam ainda fanáticos: “Que se criem hospitais para os viciados…”. Sim, claro, claro! Quantos leitos? Mandaremos a conta para os “caretas”?
Estamos diante de um problema gigantesco de saúde, mas também de segurança pública. Dilma está prestes a entrar no seu último ano de mandato, ignorando solenemente o assunto. Quem sabe a resposta esteja com escravos cubanos…
(*) Jornalista é colunista da Revista Veja
Reinaldo Azevedo (*)
No post anterior, há um texto com dados sobre o consumo de crack no país. São devastadores. Deveriam servir de advertência para os que se dedicam à militância fanática em favor da descriminação das drogas, como se elas se resumissem à maconha que os “descolados” costumam consumir em reuniões sociais em que falam sobre isso e aquilo… O estudo foi feito pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Seu presidente, Paulo Gadelha, diga-se, é um dos maiores prosélitos da causa. Em maio, realizou-se em Brasília um tal “Congresso Internacional Sobre Drogas – 2013”. Pessoas que concordavam entre si foram convidadas para “debater”. Todas eram favoráveis à descriminação. Os mais radicais defenderam também a liberação do tráfico. O encontro contou com farto financiamento público — inclusive da Fiocruz.
Como esquecer a promessa solene de Dilma Rousseff, segundo a qual centros de atendimento a viciados se espalhariam Brasil afora caso ela fosse eleita? Não aconteceu absolutamente nada! Em São Paulo, há postos de atendimento mantidos pelo Estado e pela Prefeitura. E só. No resto do Brasil, quase nada! E prestem atenção ao mais dramático: não é que faltem, por exemplo, leitos hospitalares para os viciados. O que falta são leitos psiquiátricos mesmo, para qualquer forma de desordem psíquica, incluindo a dependência química. O país deixa, de forma deliberada, seus doentes nas ruas. Não obstante, dada a estupidez que toma conta do debate, até a novela das nove faz proselitismo contra a internação de viciados e em favor da anti psiquiatria. A cena que me enviaram é uma das coisas mais patéticas e estúpidas exibidas na televisão. Merchandising em favor da anti psiquiatria eleva o politicamente correto a dimensão, digamos, psiquiátricas.
O texto informa o perfil dos usuários. Leiam:
“As pessoas que fazem uso de crack no Brasil são principalmente homens (78,7%), não brancos (80%), com idade média de 30 anos e baixa escolaridade. Apenas 20% cursaram ou concluíram o ensino médio, e 0,3%, o ensino superior. Crianças e adolescentes representam 14% dos usuários das capitais. A renda da maior parte dos usuários (65%) vem de trabalhos esporádicos ou autônomos. Em comparação à população em geral, a porcentagem de pessoas que utilizam o sexo como forma de obter dinheiro ou drogas é elevada: 7,5% contra 1%. Cerca de metade dos entrevistados revelou já ter sido presa, sendo 41,6% no último ano. O principal motivo apontado foi o uso e porte de drogas, com 13,9%.”
Eis aí. Os que mais padecem com a falta de uma política pública decente e de leitos de atendimento, obviamente, são os pobres — até os terremotos matam mais os pobres do que os ricos, não é mesmo? Mais: o uso da droga está intimamente ligado à prostituição — e, caso se continue na investigação, virão as doenças sexualmente transmissíveis. Embora eventualmente se tente inferir o contrário, o número de prisões por porte — e convém lembrar que se está a confiar na palavra dos viciados — é pequeno. Assim, conclui-se que a esmagadora maioria foi presa por outros motivos. Ora, alguém duvida de que o consumo de droga também induz ao crime?
Atenção! Embora o porte de drogas, no Brasil, não tenha sido liberado, o fato é que portar e consumir já não leva mais ninguém para a cadeia. A descriminação serve como uma espécie de freio e de interdição morais. Mesmo assim, temos essa realidade dramática. Imaginem como seria se esse cerceamento social fosse, aos poucos, diminuindo, até desaparecer. Dados os números do crack, os defensores da liberação das drogas como matéria apenas de “direitos individuais” deveriam se constranger um tantinho. Que nada! Medicalizam o discurso e se tornam ainda fanáticos: “Que se criem hospitais para os viciados…”. Sim, claro, claro! Quantos leitos? Mandaremos a conta para os “caretas”?
Estamos diante de um problema gigantesco de saúde, mas também de segurança pública. Dilma está prestes a entrar no seu último ano de mandato, ignorando solenemente o assunto. Quem sabe a resposta esteja com escravos cubanos…
(*) Jornalista é colunista da Revista Veja
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