sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Empresas se explicam para governo após fiasco de leilão

Folha de São Paulo  
BR-050


As cinco maiores empreiteiras do país fizeram reunião de emergência anteontem com a Casa Civil para tentar desanuviar o clima de desconfiança mútua entre governo e empresários e evitar o travamento do programa de concessão de rodovias. 

A ministra-chefe da pasta, Gleisi Hoffmann, recebeu representantes de Odebrecht, Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, OAS e Queiroz Galvão, que também se encontraram com representantes do Ministério da Fazenda. 

O encontro foi duro, segundo a Folha apurou, mas terminou com a promessa de ampliar o diálogo. 

De um lado, empresários disseram ao governo que, após o fracasso do leilão da BR-262 (MG-ES), há riscos de também não haver interessados na BR-101 (BA), próximo trecho a ser concedido. 

Do lado do governo, houve críticas de que as empresas agiram motivadas politicamente e em conluio, visando proteger seus lucros. "Viemos aqui para receber o pito", disse um dos empresários durante a reunião. 

No encontro, as empresas negaram ter agido conjuntamente para "melar" a concessão. Entretanto, cobraram ajustes para evitar desinteresse sobre trechos futuros. 

 "Vocês acham que a gente fica aqui conspirando para prejudicar vocês? Que somos contra a iniciativa privada? Errado. Queremos garantir os ganhos a vocês, mas também um pedágio que a população e os negócios de muitos de vocês possam pagar", respondeu a ministra em diálogo reproduzido por um interlocutor do lado privado. 

A reunião ocorreu no mesmo dia do leilão bem-sucedido da BR-050 -em que as grandes empreiteiras não entraram no consórcio vencedor. 

Segundo a Folha apurou, o Executivo fará ajustes e deve lançar um novo edital da 262 até a semana que vem. A expectativa é que, desta vez, o leilão não dê "vazio". 

Ontem houve novas reuniões de empresários e governo, e hoje deverá haver um encontro de ministros com a presidente Dilma para determinar os próximos passos do programa de concessões.

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