Eliane Cantanhêde (*)
Ao ser lançada candidata à Presidência num congresso do PT, no ano passado, a então ministra Dilma Rousseff encheu o peito para dizer que nunca mais, neste país, haveria apagão. O auditório veio a baixo em palmas. Mas...
Se os apagões de mais de 100 megawatts (suficientes para uma cidade de 400 mil habitantes) vinham diminuindo em 2006, 2007 e 2008, voltaram a subir espantosamente: foram 48 em 2008, 77 em 2009 e 91 em 2010.
O próprio governo Dilma já inaugurou a sua fase de apagões com o da semana passada, que atingiu 8 estados e 33 milhões de pessoas, num cálculo, e 47 milhões, em outro. Nem bem Dilma respirou, lá vem agora o de São Paulo, atingindo 2,5 milhões de pessoas durante quatro horas. Sem contar os efeitos no abastecimento de água...
Imagine você como deve andar o humor da presidente, que fez a carreira política a partir justamente da área de energia. Foi secretária da área no Rio Grando do Sul, a primeira ministra de Minas e Energia no governo Lula e foi dali que ela chegou sucessivamente na Casa Civil, na campanha eleitoral e, finalmente, virou presidente.
Os apagões, além de irritarem milhões de cidadãos e de causarem prejuízos sérios à economia e ao funcionamento das cidades, também têm um efeito político forte: jogam a imagem de boa gestora de Dilma na penumbra.
Ela reagiu na semana passada telefonando pessoalmente para o ministro Edison Lobão e para a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e pedindo providências. E, ontem, segunda-feira, cancelou um despacho com o presidente do Banco Central para reunir a turma toda no Planalto. Sinceramente, eu não queria estar na pele de Lobão e dos técnicos...
No governo FHC, houve insuficiência de geração. Nos de Lula e agora de Dilma, há falhas na transmissão e na distribuição. Conforme o professor José Goldenberg, um dos principais experts no setor, os dois principais problemas são a interligação dos sistemas e a falta de manutenção.
Basta um elo do sistema falhar, seja num transformador, seja num cabo de subestação, para levar todo o resto num efeito dominó. Isso e a falta de manutenção dão no que dão, afetando cidades, estados e regiões inteiras, com milhões de vítimas
Dilma já vive uma queda-de-braço com as Centrais Sindicais, que prometeram manifestação de rua em São Paulo por causa do salário mínimo. Não dá para fazer queda-de-braço com sindicalista na penumbra. Logo... os cortes do Orçamento vão sobrar pra todo lado, mas duvido que afetem o setor que iluminou a carreira política da presidente.
(*) Jornalista é colunista da Folha de São Paulo desde 1997
Algumdia no futuro saberemos o porque de tanta dor de cotovelo para com o PRESIDENTE MAIS QUERIDO DO BRASIL: LULA. Claro que o motivo em $$$ vem do Palácio dos Bandeirantes
ResponderExcluirOntem o PRESIDENTE LULA realizou sua primeira viagem à Brasília depois de deixar o poder. Foi tietado por todos no avião, deu autógrafos, fotografado, etc, etc, etc... Mas esta senhora, em sua coluna despeitada da mesma data, o chama de CARA DE PAU. VC Antenor é mais uma trombeta dos que querem o Brasil só para os ricos.
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