Estarei sempre de partida
Jorge Reigada
Porque devo parar no tempo, na vida
Porque deixar de continuar um ser andante
E me estagnar largando o rio errante
Se meu destino final é o mar da despedida?
Portanto, eu quero e estarei sempre de partida
Neste eterno caminho de ida que é a vida.
Que já me deu uma enorme caixa de recordações
Onde guardei frustrações, realizações, paixões...
Futuro? Não sei! Uma folha em aberto
Só tenho de certo o instante. Eu sou um mutante.
Vivo na alegria da surpresa, ideal descoberto
Depois que o medo me petrificou no instante.
Vivas ao novo... Rompi esta casca do ovo
Que não me protegia apenas me tolhia, cegava.
A vida passando enquanto eu esperava
E aguardava o que, a morte? Me livrei do estorvo.
Que me venha o futuro. Que seja eu surpreendido
Pois, minha força esta na forja do meu passado
Já conhecido, vivido, revivido, caminhado e adornado
Com flores murchas pelo tempo já saudado.
Que me venha a surpresa. Ruim ou boa
Que pela vida me cubram o sol ou a garoa.
O brilho iluminará minha parte mais profunda.
E a chuva tornará minha alma mais fecunda.
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