segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Pobre e limitado Palmeiras

“Cada vez tenho menos crédito. Tenho limites. Vou pensar no que fazer.” Gareca, cansou dos vexames. Está perto de pedir demissão no Palmeiras após derrota para o São Paulo. Zona de rebaixamento. Jogadores aconselhados a não vestir uniforme para não apanhar dos torcedores. Que centenário… 

Cosme Rímoli (*)

"O torcedor do Palmeiras não pode ficar tranquilo em relação ao rebaixamento, não. Infelizmente tudo está acontecendo de errado com a gente." 

O desabafo é do jovem goleiro Fábio. Ele foi figura fundamental na derrota do Palmeiras no clássico contra o São Paulo por 2 a 1. Falhou infantilmente no primeiro gol. E teve toda falta de sorte no segundo, com a bola cabeceada por Alan Kardec, aos 43 minutos do segundo tempo. 

O resultado jogou o time na zona do rebaixamento. 

Não é por acaso que Ricardo Gareca avisou após mais uma grande decepção que tem limites. Está claro que já começa a pensar se vai continuar ou não no Palmeiras. 
Caso o time perca para o Sport, quarta, no Recife, ele pode sim pedir demissão e deixar o clube. 

O São Paulo de Muricy se recuperou da estranha desclassificação na Copa do Brasil. 
E segue brigando entre os primeiros do Brasileiro: é o quinto. Já o Palmeiras do argentino Gareca estagnou. São nove partidas sem o sabor de uma vitória no campeonato. 
Estagnado com 14 pontos, chegou à temida zona do rebaixamento. 
O time venceu apenas quatro vezes, empatou duas. E perdeu já nove jogos. 

De nada adiantou o bilionário Paulo Nobre prometer premiação especial para o Palmeiras não ser rebaixado. O futebol que o time mostrou hoje, jogando 'em casa' no Pacaembu foi horrível. Gareca queria apenas não perder para o São Paulo. Organizou seu time no 4-3-2-1. A mentalidade pequena palmeirense era impressionante. Um empate já seria motivo para salva de fogos. A falta de confiança do seu time era inacreditável.

O São Paulo de Muricy Ramalho também não era um exemplo de coragem. 
A equipe foi montada para aproveitar o desespero do rival. 
No pouco tempo que trabalhou no Palmeiras foi suficiente para Muricy. 
O treinador viu o título brasileiro mais fácil que teve na vida escorregar pelos dedos. Graças às brigas internas. Com dirigentes não conseguindo dominar a briga de egos entre Vagner Love e Diego Souza. Há décadas os dirigentes palmeirenses concorrem para provar quem envergonha mais a torcida por sua incompetência. 
Brunoro tem lugar de honra nessa disputa. 


Ele conseguiu fazer com que Barcos, Henrique e Alan Kardec, deixassem o clube. 
O atacante com grande ajuda de Paulo Nobre. O dono do futebol palmeirense resolveu impor a filosofia de produtividade. E quis posar de moderno explorando a miséria dos clubes sul-americanos. Montou uma legião estrangeira no Palestra Itália. 
Trouxe vários jogadores, alguns com potencial mais do que duvidoso. 
Não é por acaso rejeitado pelos conselheiros e por torcedores. 
Seu trabalho é fraquíssimo. O inexperiente Paulo Nobre colocou todo o futebol nas suas ultrapassadas mãos. Inclusive o marketing. Há um ano e três meses, o clube não tem patrocínio master. Pouco importa estar no ano do seu centenário. 

Tudo isso reflete em campo. Valdívia é o jogador que mais humilhou o Palmeiras. 
Mas depois de sumir na Disney depois de uma negociação fracassada com o mundo árabe, ele era a principal esperança do time. Só que ela durou exatos 14 minutos. 
O chileno teve um choque com Kaká. Ficou com o olho esquerdo inchado. 
Reclamava de dores musculares generalizadas. Mas o departamento médico palmeirense resumiu: tontura depois do choque. 

Foi um enorme prejuízo. Ele era o articulador do time de Gareca pelo lado esquerdo. Estava complicando o frouxo sistema de marcação são paulino. 
Até que Kaká acabou com a festa. Felipe Menezes entrou e o nível técnico caiu de maneira absurda. Foi pior para o jogo. No primeiro tempo, houve muita disputa de bola e pouquíssimo futebol. 

O São Paulo desprezava Ganso. Vivia à base de chutões em direção a Pato e Alan Kardec. Desperdício. Atacantes técnicos não conseguiam se impor, brigando com a fechada intermediária palmeirense. O São Paulo era uma equipe compacta do meio para trás. 
E com jogadores atuando distante demais do meio para a frente. Os laterais das duas equipes eram fracos demais. O primeiro tempo terminou sonolento, no justo 0 a 0. 

Já na segunda etapa houve uma mudança importantíssima. 
"Muricy pediu para o time colocar a bola no chão. Parar de dar tanto chutão. 
Por isso melhoramos e ganhamos a partida." O resumo é do grande beneficiado na mudança de postura do São Paulo: Paulo Henrique Ganso. Mais adiantado e melhor colocado, ele conseguiu escapar dos volantes palmeirenses. 

Mas ele contou com grande auxílio de Fábio. O jovem goleiro se preparava para dar um chutão quando errou. A bola saiu rasteira na direção do meia. Muito inteligente e de raciocínio ágil, deixou livre Alexandre Pato. O atacante entrou com a bola dominada e estufou as redes do Palmeiras aos oito minutos. São Paulo 1 a 0. 

O gol foi um banho de água fria no Pacaembu recheado de palmeirenses. 
A torcida exigia a reação do seu limitado time. Gareca adiantou a equipe, dominando a intermediária. E a pressão foi na base da força, da vontade. Técnica faltava. 
E muito. Mas o acaso ainda ajudou. Felipe Menezes deu um chute forte da entrada da área. A bola bateu no braço de Edson Silva. Não foi pênalti. Mas o árbitro Péricles Bassols deve ter ficado com pena do esforçado time de verde. Marcou a penalidade. Henrique cobrou e marcou. 1 a 1, aos 15 minutos. 

A partir daí, o clássico ficou ainda mais brigado, disputado. Kaká outra vez se mostra fora de ritmo, perdido. Sem encontrar seu lugar no meio de campo. Ganso foi muito melhor utilizado. O São Paulo trocava muito bem a bola. O Palmeiras procurava na correria, a virada. 

E quase conseguiu. A fraca zaga são paulina ofereceu o segundo gol aos 41 minutos do segundo tempo. Leandro invadiu a área como quis. Bateu forte, Rogério Ceni fez excelente defesa. A bola sobrou para o próprio Leandro. Ele deixou Henrique livre, sem goleiro. Mas o atacante teve a coragem de chutar chora. 

O castigo não demorou. Álvaro Pereira cruzou de longe. Ela viajou e caiu entre Alan Kardec e Victor Luis. Na hora da cabeçada do atacante, o bilionário Paulo Nobre lamentou ter tentado diminuir R$ 20 mil do salário do ex-palmeirense. 
A testada foi seca, Fábio espalmou, a bola tocou na trave e nas suas costas. Entrou. 
São Paulo 2 a 1, aos 43 minutos do segundo tempo. Com a vitória, Muricy terá um pouco mais de paz para tentar organizar seu time, que continua instável. Sem convencer. 

A culpa do fraquíssimo elenco tão pressionado neste ano de centenário não é do treinador. Mas os resultados não estão vindo. Conselheiros e torcedores já cansaram de implorar a saída de Brunoro. Começam a se voltar para Gareca. O medo é enorme de uma terceira visita à Segunda Divisão. Cair no ano que deveria ser de grandes festas. 

"Estou cada vez menos com crédito. Não sei o que pensar. Tenho os meus limites", desabafa Gareca. Ele já percebeu que não pode fazer milagres com o time que lhe deram. Os argentinos que trouxe ainda precisam se adaptar ao país, ao Brasileiro. 
Estão pressionados, perdidos. 

Depois de mais uma derrota, a ordem da competente diretoria de futebol comandada por Brunoro. Os jogadores deveriam sair do Pacaembu sem nenhuma peça do uniforme verde. Por medo de agressão dos torcedores. Pobre Palmeiras... 

(*) Jornalista esportivo. Ganhou seis vezes o prêmio Aceesp, como melhor repórter esportivo entre jornais e revistas de São Paulo. Trabalhou 23 anos no Jornal da Tarde.

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