sábado, 29 de setembro de 2012

A ironia das ironias...

Chamado de analfabeto por Juvenal, Andres Sanchez é fundamental reforço para candidatura do ex-ministro da Educação. Ele se licencia da CBF, mas tem muita chance de não voltar. E dividir o Corinthians com Gobbi…

Cosme Rímoli (*) 

Andres Sanchez provocou duas reações imediatas. 
O seu anúncio de licença do cargo de diretor de Seleções foi significativo. 
cosme-rimoli-destaque.jpg (450×338)Primeiro animou demais o vice presidente da CBF, Marco Polo del Nero. 
Ele queria o cargo de Andrés há muito tempo. 

E já está se articulando. 
Buscando um outro nome para assumir o lugar. 
Mas em definitivo. 
O principal argumento de Marco Polo é a falta de representatividade. 

Até o fato de não falar inglês pesa demais contra o dirigente. 
Inimigos políticos dizem que ele só teve um grande feito na Seleção. 
Ter feito um churrasco na véspera da final da Olimpíada. 
Churrasco com pouca sorte, por sinal. 

Marin sempre ficou dividido. 
Andres significa para ele o apoio irrestrito de Lula. 
A chance de se aproximar de Dilma Roussef. 
A presidente não o tolera porque no passado foi uma das pessoas mais contrárias a Vladimir Herzog. 

Suas denúncias tiveram um peso enorme para que Herzog fosse preso. 
Marin não imaginaria que ele acabaria morto. 
Mas Dilma nunca o perdoou. 


Na CBF os comentários são fortes de que ele pediu licença para não voltar. 
Ainda mais envolvido com a construção do Itaquerão. 
Com a disputa do título mundial pelo clube no Japão. 
Foi Andres quem convenceu Marcelo Campos Pinto, executivo da Globo. 

Ele disse que sem a emissora falar o nome da empresa que comprar o direito de batizar o Itaquerão, espantava os compradores. 
A saída foi acertar uma comissão à Globo. 
Isso valerá para todas novas arenas. 

"Como dirigente de clube, o Andres é fantástico. Tanto que vai voltar logo ao Corinthians", disse no início da semana, o presidente Mario Gobbi. 
Ele deixou escapar a enorme possibilidade de ele seguir tocando as obras do Itaquerão. 
E buscando não só patrocínio para as camisas como comprador para o nome do estádio. 

Dividir a administração com Gobbi. 
O atual presidente só quer cuidar da vida social do clube. 
Até mesmo o futebol deve voltar para o comando de Andres. 

O nome de um ex-jogador para substituir Andres é um sonho de Marco Polo. 
Ele já sugeriu por diversas vezes Raí para ser o diretor de Seleções. 
Mas Marin devia favores a Ricardo Teixeira. 
Manter Andres é um deles. 

Outro setor que ficou empolgado com a licença de Andres foi a política. 
Mais precisamente o Partido dos Trabalhadores. 
E ironia das ironias. 
Ele que já foi chamado de analfabeto por Juvenal Juvêncio será o grande reforço de Haddad. 

O ex-ministro da Educação contará com ele nas carreatas. 
Lula foi quem articulou a aproximação de Andrés e o candidato a prefeito. 
Aliás, há um enorme arrependimento no Partido dos Trabalhadores. 
O ex-presidente corintiano é visto como um grande nome para conseguir votos. 

Brincando, Lula chegou a sugerir que se lançasse como candidato a prefeito no ano passado. 
Andres não se filiou por acaso ao PT. 
Ele pensa em seguir a vida política. 
Talvez até quebrar um tabu em São Paulo. 

E imitar o deputado Roberto Dinamite e a vereadora Patricia Amorim. 
Eles presidem o Vasco e o Flamengo sem problema algum em acumular os cargos. 
Mas essa é uma etapa ainda futura. 
Por enquanto, Andres quer sentir a repercussão do seu afastamento da CBF. 

Ver como se comporta Marin, Marco Polo e Mano, de quem não é mais tão próximo. 
E avaliar seu futuro com calma depois da eleição para prefeito em São Paulo. 
De uma coisa, ele tem certeza. 

Seu inferno astral, com a demissão de Ricardo Teixeira, passou. 
O Sargento Garcia prendeu o Zorro. 
E Andres sobreviveu...

(*) Jornalista esportivo  Ganhou o prêmio Aceesp por seis vezes, como melhor repórter esportivo entre jornais e revistas de São Paulo. Trabalhou 22 anos no Jornal da Tarde.

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