quarta-feira, 23 de março de 2011

Pedra no rim

SP inova em técnica contra pedra no rim

Os casos mais complexos de pedra nos rins, em que o cálculo tem diâmetro superior a 2,5 centímetros, já podem ser resolvidos por meio de uma cirurgia sem cortes, inédita no País para esse fim, realizada pelo Centro de Referência da Saúde do Homem, órgão da Secretaria de Estado da Saúde.

Antes do novo procedimento, chamado single port, cálculos grandes que se alojavam em regiões delicadas, como o ureter, por exemplo, eram retirados mediante grandes cortes no abdômen. “Trata-se de uma evolução. Começamos usando esse procedimento para a cirurgia de próstata e, agora, estamos ampliando para a retirada de cálculo”, diz o urologista Joaquim Claro, do Centro de Referência.

O cálculo renal é um problema comum e a Secretaria de Estado da Saúde estima que 10% dos brasileiros irão passar por ele até os 70 anos de idade. Quem já teve, como Fernando Celso Teixeira, de 29 anos, garante que as dores provocadas pelas cólicas são fortíssimas. “Cheguei a deitar na rua de dor”, lembra.

O problema atinge uma mulher a cada três homens. Mas, segundo Claro, elas também podem ser atendidas no Centro de Referência da Saúde do Homem se tiverem indicação para esse tipo de cirurgia. Os pacientes devem ser encaminhados pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS) ou pelas unidades de emergência.

O médico explica que o procedimento é feito por meio de um único furo no abdômen ou na região lombar do paciente. Isso é possível graças a um dispositivo chamado Gelpoint, que é um gel super-resistente fixado sobre o orifício. Nesse gel são inseridos três equipamentos – uma câmera, um instrumento que vai cortar a pedra e uma pinça para retirá-la.

A presença desse gel permite que os movimentos dos equipamentos sejam precisos mesmo através de um orifício pequeno. De acordo com o médico Rodrigo Bueno de Oliveira, da Sociedade Brasileira de Nefrologia, o cálculo é mais comum em pessoas sedentárias com idade entre 30 e 50 anos.

E os casos “têm aumentado consideravelmente”, segundo o urologista Gustavo Alarcon, do Hospital São Luiz. Para ele, isso se deve “provavelmente aos hábitos alimentares da população”. Ou seja: muito sal, muita carne e pouca água.

“Existe a origem genética, em que o paciente tem alterações metabólicas e anatômicas, e a origem que decorre das características da alimentação e da ingestão de líquidos”, analisa.

Os pacientes podem descobrir a existência do cálculo ou por exames de rotina ou quando começam a ter cólicas renais agudas. “Nos grandes centros urbanos, cerca de 50% dos casos são descobertos de maneira incidental”, afirma o urologista Paulo Rodrigues, do Hospital 9 de Julho.

Para pedras menores, a técnica usada é a endoscopia pelo canal urinário, em que um aparelho é introduzido pela uretra até o local da obstrução. Lá, ondas quebram a pedra e, depois, os fragmentos são retirados. Em outros casos, o método mais adequado é a litotripsia extracorpórea por ondas de choque.

Trata-se de um aparelho externo que emite ondas que fragmentam o cálculo sem danificar os tecidos nobres do organismo.

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