Folha de São Paulo
A condenação de mais três acusados pela morte do prefeito de Santo André (SP) Celso Daniel (PT) será usada pelo Ministério Público no julgamento de outra ação que corre na Justiça, vinculando o crime a um suposto esquema de corrupção do PT.
A Justiça aceitou a denúncia da Promotoria que tem como réus o partido e o atual ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência). A acusação é de desvio de R$ 5,3 milhões dos cofres de Santo André para financiar campanhas do PT.
A ação de improbidade administrativa corre paralelamente à esfera criminal. A Promotoria sustenta que Daniel descobriu que parte do dinheiro desviado para o caixa dois do PT foi embolsado por envolvidos no esquema, entre eles seu ex-segurança Sérgio Gomes da Silva, o Sombra. A partir daí, Gomes da Silva teria contratado um grupo para matar o prefeito.
O suposto esquema de desvios e fraudes em licitações foi repetido à exaustão nos dois júris pelos promotores, que apontam Gilberto Carvalho como responsável, segundo a denúncia, por transportar dinheiro em espécie até as mãos do então presidente do partido, José Dirceu. Ambos negam as acusações.
O processo teve andamento na semana passada com a convocação de testemunhas ara prestar depoimento no dia 30 de julho no ABC.
"As ações estão coligadas e o fato motivador é mesmo", disse o promotor Márcio Augusto Friggi, responsável pela acusação no júri de anteontem. Ele também é um dos responsáveis pelo processo que tramita em Santo André.
? "A ideia é que os resultados desses processos sejam informados uns nos outros para que possam servir de base para a decisão."
A expectativa da Promotoria é que o caso seja julgado ainda neste ano "se não houver nenhum incidente".
SOMBRA
Além da ação cível, também no campo criminal o Ministério Público afirma que as condenações terão reflexo no julgamento de Gomes da Silva. O argumento é os quatro réus foram condenados por matar o prefeito mediante promessa de recompensa, e que o ex-segurança foi o responsável pelo pagamento.
A defesa de Gomes da Silva nega todas as acusações e tenta derrubar o poder de investigação da Promotoria em casos criminais no Supremo Tribunal Federal. Também sustenta que as investigações da Polícia Civil concluíram que foi o crime foi comum. Ele responde em liberdade.
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