terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Carroças de boi sem regras de trânsito


Padre Edilberto Sena (*)

Em Nova Dheli, capital da Índia, país emergente mais adiantado que o Brasil, existe um fenômeno semelhante ao de Santarém, na Amazônia. Lá o trânsito convive com o mais moderno e o mais antigo meio de transporte. Vai desde os modernos Toyotas, aos triciclos pedalados e motorizados, motos, os bois sagrados e os pedestres aos milhares. 
Mas poucos acidentes, devido à cultura cuidadosa dos indianos. 

Em Santarém, por outro lado, se misturam modernos Mitisubishis e Vans, com ônibus descarregando fumaça de dióxido de carbono, caminhões baús, milhares de motos e mais de 300 carroças de bois e cavalos, em ruas estreitas, mal asfaltadas ou sem isso, motoristas que param em cima de faixa de pedestre, deixando a vida insegura de quem anda pelas ruas de Santarém, além dos freqüentes acidentes nas ruas.

O mais antigo meio de transporte, o das carroças de bois e cavalos, já tem sua associação dos carroceiros, o que é bom e até acabam de ganhar um presente de papai Noel político, R$ 30.000,00 que dá para construírem sua sede social.
Um presentão que provavelmente será cobrado retorno nas eleições de outubro próximo.
Surpreende que o Estado libere R$ 30.000,00 e não exija algum critério de uso, ter sede e nem colocar as corroças em condição de andar no trânsito é muito direito e pouco dever.
Imagina-se que vão exigir prestação de conta ao final do gasto e pronto.

Os carros de boi e de cavalo andam dia e noite na cidade, sem nenhum sinal de trânsito. 
Se um automóvel andar na rua à noite com um farol apagado será logo multado. Já os carros de boi não possuem nem uma tinta luminosa e andam na rua com os mesmos direitos dos veículos motorizados. Sem sinal luminoso eles são um perigo a mais no trânsito louco da cidade.

É urgente que o serviço de trânsito exija algum tipo de sinal nas traseiras dos carros de boi e cavalo para o bem da sociedade e dos próprios carroceiros. É direito deles ganhar renda familiar com tal transporte, mas é dever se adequar ao bem estar do trânsito da cidade.
É um milagre que mais acidentes não tenham ocorrido ainda. 
Comparar Santarém com o trânsito de Nova Dheli dever ser também estímulo para um mínimo de ordem também nos transportes não motorizados.

(*) É sacerdote e Diretor da Rádio Rural em Santarém

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