segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Um gigante de 100 anos adormecido

Antenor Pereira Giovannini (*) 

Todos sabem que sou palmeirense. Mas, muito menos entusiasta do que já fui. 
E não pensem de quem tem haver com a atual situação do time na tabela do campeonato rondando o rebaixamento novamente. 

A podridão no futebol se assemelha em todos os aspectos ao que assistimos seja com a política nacional e seus escândalos mal resolvidos, ou com a nossa segurança, ou com a nossa saúde já de há muito na UTI, a nossa educação tão abandonada, enfim, a sociedade brasileira está enferma de há muito e ninguém enxerga ou quer ver e muito menos resolver os problemas. 

Por essas e por outras que o futebol deixou de ser uma coisa gostosa onde a gozação com os parentes e amigos se limitava a pagar um pingado na padaria ou um lanche , ou um refrigerante ao ganhador e a vida seguia e você não perdia a amizade, muito ao contrário, no próximo jogo lá estava você e os amigos na mesma gozação . 
Isso era sadio, salutar e fazia parte da vida. 

Hoje, morre-se ou mata-se por uma coisa que é de pouca importância : o futebol . 
Perdeu-se essa singeleza, perdeu essa pureza. 
Se nos bastidores existe a nojeira implantada por maus e incompetentes dirigentes, o retrato está no campo com o esporte praticado de maneira pífia, vergonhosa e até mesmo ridícula por quem um dia ensinava ao mundo a arte de praticar o esporte. 
Por isso a coisa esfriou e hoje nem jogos assisto. 

Mas, hoje o clube com quem desde pequeno me identifiquei completa 100 anos de vida . Um marco para um dos maiores clubes do País com perto de 15 milhões de torcedores e conquistas memoráveis. 


A memória me transporta ao estádio do Pacaembú levado pelo meu saudoso pai que se orgulhava em ser palestrino-palmeirense para assistir um Palmeiras x América do Rio de Janeiro. A velha concha cústica onde hoje é o tobogã. E onde ficava o placar do jogo que por falta de números o nr 1 e o nr 0 formavam o 10 pelo lado de fora . Final do jogo Palmeiras 10 x 3 .. ali conheci o grande Oberdã Cattani dono de mãos enormes, Valdemar Fiume, Liminha, Humberto Tozzi .... 

Em meio de novas conquistas o amor ao Palmeiras crescia ... como não lembrar do famosos 2x1 de virada contra o poderoso Santos de Pelé, Pepe, Zito com gols de Julinho Botelho e Romeiro. Valdir, Djalma Santos, Valdemar, Aldemar e Geraldo Scotto, Zequinha e Chinesinho, Julinho, Nardo, Américo Murolo e Romeiro..... valeu o super campeonato de 1959 . 

Mais tarde, a primeira Academia com um técnico argentino: Nelson Ernesto Filpo Nunes ... com ele no comando o time fez uma partida de inauguração do Mineirão vestindo a camisa da Seleção Brasileira contra seleção do Uruguai ... 3x0 Palmeiras de Valdir, Djalma Santos, Valdemar, Djalma Dias e Ferrari, Dudu e Ademir da Guia, Julinho, Servilio, Tupãzinho, Rinaldo . 

Tempos depois, tivemos uma nova Academia de grandes títulos com Leão, Eurico, Luiz Pereira, Alfredo e Zeca, Dudu e Ademir da Guia, Edú, Leivinha, César e Nei ... Inesquecível. Grande jogos e grandes vitórias . 

Por um longo período o Palmeiras ficou em jejum de títulos depois dessa Academia. Somente em 1992 com a co-gestão administrativa junto a empresa italiana Parmalat abriu-se a possibilidade de aquisição de grandes jogadores e sendo assim foi formada uma verdadeira seleção Com isso tivemos Sérgio, Veloso, Cafú, Antonio Carlos, Cléber, Roberto Carlos, César Sampaio, Flávio Conceição, Amaral Mazinho, Edmundo, Edílson, Evair, Zinho, Galeano, goleiro Carlos, Marcos em começo de carreira, Toninho Cecílio, Tonhão . 

Na mesma sequencia anos mais tarde tivemos o famoso ataque dos 100 gols onde jogavam Müller, Djalminha, Rivaldo, Luizão ... 
Antes da virada do século a conquista suada e sofrida da Libertadores em pleno Parque Antartica e a chance de disputar com o campeão da Europa o título e Campeão Inter-clubes ... e a decepção por perder por 1x0 para o Manchester United e ter o sonho adiado para uma outra oportunidade. 

Oportunidade que nunca mais veio . Má gestões, péssimas contratações, jogadores de qualidade técnica duvidosa fizeram com que sua história de conquistas e títulos fosse manchada por 2 vezes com o rebaixamento para 2a. divisão do campeonato nacional . Mas, após o primeiro rebaixamento, o retorno se deu de maneira sofrível o que previa que um novo rebaixamento poderia ocorrer, como de fato se consumou. 

Hoje esse gigante centenário está novamente rondando a zona do rebaixamento e corre sério risco de nova queda em pleno centenário. 
Uma nova vergonha. 

Porém, como deixou gravado o brilhante jornalista Joelmir Beting : 
“Explicar a emoção de ser palmeirense a um palmeirense é totalmente desnecessário. E a quem não é palmeirense é simplesmente impossível” e por isso mesmo com pouco espírito e interesse atual pelo futebol parabenizo essa massa de torcedores palmeirenses pelo seu centésimo aniversário e esperando que novas mentalidades administrativas surjam para que outros torcedores, como eu, sintam orgulho de ver seu time no lugar que ele sempre esteve, entre os vencedores . 

(*) Aposentado e morador em São Paulo

3 comentários:

  1. Chorar ou se alegrar .. Não faz mal .. Importante é ser palmeirense ... em qualquer divisão .., Viva o Palmeiras ....

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  2. Silvio - Valinhos - São Paulo26/8/14 12:19

    Parabéns Palmeiras ... sempre Palmeiras

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  3. Grande Palmeiras e sempre Palmeiras

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