Edilberto Sena (*) para o Blog do Jeso
De repente, os consumidores de energia elétrica do Pará recebem informação de que sua tarifa de energia da Celpa ficará 34% mais cara. Tal informação tem causado indignação, xingamento sobre a Celpa e sobre o governo federal, que decretou tal absurdo.
Os vereadores de Santarém parecem estarrecidos e não sabem o que fazer, além de lamentar essa maldição sobre tantos consumidores.
Como explicar tal absurdo de 34% de aumento de tarifa se a segunda maior usina hidrelétrica do país está bem aqui no Pará, Tucuruí?
Por que em São Paulo o consumidor teve aumento de apenas 18% e o do Pará pagará quase o dobro? Será desprezo do governo pelos habitantes do Norte e do Pará, em particular? Será para pagar o custo das campanhas eleitorais? Por quê?
De fato, os consumidores de energia no Pará carecem de informações reais.
Por falta disso, é que a moradora da comunidade de Vila de Amorim, margem esquerda do rio Tapajós, onde só há energia elétrica três horas por noite, queimando óleo diesel, sonhava que com a construção da hidrelétrica de São Luiz do Tapajós chegaria energia 24 horas por dia em sua casa e comunidade.
Pura ilusão, que foi desfeita em recente encontro na comunidade de Parauá.
Foi esclarecido que os cabos de energia de Tucuruí chegam pela margem esquerda do Tapajós até a comunidade de Brasília legal, ou Barreiras.
Se esses cabos e a energia não chegam até todas as comunidades da margem esquerda do Tapajós até Vila Franca e Arapiuns é porque não interessa as autoridades custear esse programa Luz para Todos tão propagandeado pelo governo.
Não será pelas hidrelétricas de São Luiz e Jatobá que chegará energia para Parauá, Amorim e demais comunidades.
Aquela abundância de energia será para as grandes empresas mineradoras e do sul do país.
A resposta para esse absurdo de 34% foi dada por um diretor da Celpa, em reunião com os meios de comunicação em Santarém, já no ano passado. Disse o diretor:
“Os paraenses pagam tarifa mais cara porque energia hidrelétrica no Brasil é mercadoria e não serviço. Sendo mercadoria, vale a lei da oferta e da procura. Há as donas de hidrelétricas fornecedoras da mercadoria e há as distribuidoras, como a Celpa, que compram energia e revendem aos consumidores. Assim, como há várias fornecedoras, como Tucuruí, Paulo Afonso, Furnas, Itaipu, entre outras, a Celpa vai a esse mercado e compra onde encontra menos cara e vende aos consumidores. Como o Norte do Brasil e mais distante tem menos consumidores do que São Paulo e o sul, o preço dessa mercadoria aqui fica mais caro. Afinal, é assim que funciona no mercado”.
Simples explicação!
Outra explicação importante sobre o assunto do absurdo aumento de 34% é que a maioria das distribuidoras, como a Celpa, fez grandes empréstimos junto ao BNDES para investir no seu mercado e na hora de pagar a conta alegaram não ter como cumprir e fizeram novos empréstimos para rolar as dívidas.
Como elas não podem pagar mais uma vez, novo empréstimo foi feito pelo governo e lançou para os consumidores a pagar o rombo, aumentando o preço absurdo da tarifa. Ganham as fornecedoras, ganham as distribuidoras e perdem mais os consumidores, tudo patrocinado pela Agência Nacional de Energia Elétrica, isto é, o governo federal.
Uma conclusão a mais é necessária, para os iludidos que acreditam que a hidrelétrica de São Luiz do Tapajós e demais vão ser para benefício dos paraenses e que a tarifa de energia vai baixar quando elas funcionarem. Está enganada as sofridas moradoras das comunidades de Parauá e Amorim, como todos os que vivem na bacia do Tapajós, incluindo prefeitos, vereadores, deputados e demais autoridades que defendem a construção das sete usinas no Tapajós.
Elas não serão para baratear tarifa de energia na região, nem para trazer luz para os moradores das margens direita e esquerda do Tapajós.
Exatamente como o linhão novo de Tucuruí, que segue por um mil e oitocentos quilômetros desde Altamira até a Zona Franca de Manaus e não serve para os habitantes de Monte Alegre, Alenquer, Óbidos etc. Ela é mercadoria e o mercado de consumidores daquelas cidades não compensa o gasto da Eletronorte em fazer rebaixamento da potência para servi-las.
A energia das hidrelétricas do Tapajós será para as grandes empresas mineradoras, empresas construtoras e indústrias do sul do Brasil, em outras palavras, para a aceleração do crescimento econômico.
Então, o que fazer? Reclamar, bater o pé e chorar? Não!
Há uma forma de se mudar esse esquema absurdo de destruir nossos rios e nossos povos para servir ao progresso econômico de poucos.
Primeiro, todos que sofrem com esses absurdos de aumento desigual de tarifa de energia e de construção de tantas hidrelétricas prejudicando milhares de habitantes da região, tem que tomar consciência dos prejuízos. Buscar informações sérias e não as ilusões do governo.
Em seguida, pressionar os políticos e autoridades da região, para assumirem a defesa de nossa dignidade. Políticos que nunca assumiram a defesa de nossos interesses não merecem mais nosso voto. Por fim, todas as forças sociais, independente de diferentes ideologias e interesses, unir forças numa estratégia comum de defesa de nossos interesses comuns.
Unidade nas diferenças, igrejas, associações, sindicatos, empresários, todos que sofrem essas injustiças por causa da necessidade de energia elétrica.
Ou isso, ou suportar a humilhação permanente porque se passa nesta Amazônia.
(*) `´E sacerdote diocesano e também é coordenador da Comissão Justiça e Paz da Diocese de Santarém
De repente, os consumidores de energia elétrica do Pará recebem informação de que sua tarifa de energia da Celpa ficará 34% mais cara. Tal informação tem causado indignação, xingamento sobre a Celpa e sobre o governo federal, que decretou tal absurdo.
Os vereadores de Santarém parecem estarrecidos e não sabem o que fazer, além de lamentar essa maldição sobre tantos consumidores.
Como explicar tal absurdo de 34% de aumento de tarifa se a segunda maior usina hidrelétrica do país está bem aqui no Pará, Tucuruí?
Por que em São Paulo o consumidor teve aumento de apenas 18% e o do Pará pagará quase o dobro? Será desprezo do governo pelos habitantes do Norte e do Pará, em particular? Será para pagar o custo das campanhas eleitorais? Por quê?
De fato, os consumidores de energia no Pará carecem de informações reais.
Por falta disso, é que a moradora da comunidade de Vila de Amorim, margem esquerda do rio Tapajós, onde só há energia elétrica três horas por noite, queimando óleo diesel, sonhava que com a construção da hidrelétrica de São Luiz do Tapajós chegaria energia 24 horas por dia em sua casa e comunidade.
Pura ilusão, que foi desfeita em recente encontro na comunidade de Parauá.
Foi esclarecido que os cabos de energia de Tucuruí chegam pela margem esquerda do Tapajós até a comunidade de Brasília legal, ou Barreiras.
Se esses cabos e a energia não chegam até todas as comunidades da margem esquerda do Tapajós até Vila Franca e Arapiuns é porque não interessa as autoridades custear esse programa Luz para Todos tão propagandeado pelo governo.
Não será pelas hidrelétricas de São Luiz e Jatobá que chegará energia para Parauá, Amorim e demais comunidades.
Aquela abundância de energia será para as grandes empresas mineradoras e do sul do país.
A resposta para esse absurdo de 34% foi dada por um diretor da Celpa, em reunião com os meios de comunicação em Santarém, já no ano passado. Disse o diretor:
“Os paraenses pagam tarifa mais cara porque energia hidrelétrica no Brasil é mercadoria e não serviço. Sendo mercadoria, vale a lei da oferta e da procura. Há as donas de hidrelétricas fornecedoras da mercadoria e há as distribuidoras, como a Celpa, que compram energia e revendem aos consumidores. Assim, como há várias fornecedoras, como Tucuruí, Paulo Afonso, Furnas, Itaipu, entre outras, a Celpa vai a esse mercado e compra onde encontra menos cara e vende aos consumidores. Como o Norte do Brasil e mais distante tem menos consumidores do que São Paulo e o sul, o preço dessa mercadoria aqui fica mais caro. Afinal, é assim que funciona no mercado”.
Simples explicação!
Outra explicação importante sobre o assunto do absurdo aumento de 34% é que a maioria das distribuidoras, como a Celpa, fez grandes empréstimos junto ao BNDES para investir no seu mercado e na hora de pagar a conta alegaram não ter como cumprir e fizeram novos empréstimos para rolar as dívidas.
Como elas não podem pagar mais uma vez, novo empréstimo foi feito pelo governo e lançou para os consumidores a pagar o rombo, aumentando o preço absurdo da tarifa. Ganham as fornecedoras, ganham as distribuidoras e perdem mais os consumidores, tudo patrocinado pela Agência Nacional de Energia Elétrica, isto é, o governo federal.
Uma conclusão a mais é necessária, para os iludidos que acreditam que a hidrelétrica de São Luiz do Tapajós e demais vão ser para benefício dos paraenses e que a tarifa de energia vai baixar quando elas funcionarem. Está enganada as sofridas moradoras das comunidades de Parauá e Amorim, como todos os que vivem na bacia do Tapajós, incluindo prefeitos, vereadores, deputados e demais autoridades que defendem a construção das sete usinas no Tapajós.
Elas não serão para baratear tarifa de energia na região, nem para trazer luz para os moradores das margens direita e esquerda do Tapajós.
Exatamente como o linhão novo de Tucuruí, que segue por um mil e oitocentos quilômetros desde Altamira até a Zona Franca de Manaus e não serve para os habitantes de Monte Alegre, Alenquer, Óbidos etc. Ela é mercadoria e o mercado de consumidores daquelas cidades não compensa o gasto da Eletronorte em fazer rebaixamento da potência para servi-las.
A energia das hidrelétricas do Tapajós será para as grandes empresas mineradoras, empresas construtoras e indústrias do sul do Brasil, em outras palavras, para a aceleração do crescimento econômico.
Então, o que fazer? Reclamar, bater o pé e chorar? Não!
Há uma forma de se mudar esse esquema absurdo de destruir nossos rios e nossos povos para servir ao progresso econômico de poucos.
Primeiro, todos que sofrem com esses absurdos de aumento desigual de tarifa de energia e de construção de tantas hidrelétricas prejudicando milhares de habitantes da região, tem que tomar consciência dos prejuízos. Buscar informações sérias e não as ilusões do governo.
Em seguida, pressionar os políticos e autoridades da região, para assumirem a defesa de nossa dignidade. Políticos que nunca assumiram a defesa de nossos interesses não merecem mais nosso voto. Por fim, todas as forças sociais, independente de diferentes ideologias e interesses, unir forças numa estratégia comum de defesa de nossos interesses comuns.
Unidade nas diferenças, igrejas, associações, sindicatos, empresários, todos que sofrem essas injustiças por causa da necessidade de energia elétrica.
Ou isso, ou suportar a humilhação permanente porque se passa nesta Amazônia.
(*) `´E sacerdote diocesano e também é coordenador da Comissão Justiça e Paz da Diocese de Santarém
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