segunda-feira, 7 de maio de 2012

Novo Presidente na França

França rejeita medidas de Sarkozy e leva socialista Hollande à presidência  

Estadão 

Numa votação apertada, confirmando os prognósticos, o socialista François Hollande foi eleito ontem presidente da França. O deputado que adotou o slogan da mudança e do crescimento econômico, em lugar da austeridade, obteve 51,7% dos votos - segundo projeção do 'Le Monde' - quebrando o jejum de 24 anos nos quais a esquerda francesa perdeu todas as disputas presidenciais. Impopular, o presidente Nicolas Sarkozy tornou-se o primeiro chefe de Estado da França em três décadas a não ser reeleito. Ele obteve 48,3% dos votos. Os números finais da vitória seriam confirmados pelo Ministério do Interior ainda na noite de ontem, mas a festa da vitória espalhou-se pelas principais cidades do país a partir das 20 horas (15 horas em Brasília), quando pesquisas de boca de urna começaram a ser divulgadas. 

O resultado selou o retorno de um socialista ao Palácio do Eliseu 17 anos após o fim da era François Mitterrand. Sarkozy, do outro lado, entrou para a História ao lado do ex-presidente Valéry Giscard D'Estaing, conservador derrotado ao fim de seu primeiro mandato, em 1981. 

Menos de meia hora após a divulgação dos resultados, Sarkozy partiu do Eliseu na direção do Teatro da Mutualité, onde os militantes da União pelo Movimento Popular (UMP) o aguardavam. "Quero agradecer a todos os franceses pela honra que me foi dada, de ter sido escolhido para presidir o país durante cinco anos. Jamais vou esquecer", disse ele, assumindo a "responsabilidade integral pela derrota". 

"Não consegui convencer uma maioria dos franceses. Fizemos uma campanha inesquecível contra todas as forças - e Deus sabe que elas foram numerosas e coesas contra nós. Mas não consegui fazer vencerem os nossos valores", admitiu Sarkozy diante de seus partidários. 

O presidente sugeriu que não voltará a se candidatar a cargos públicos, como havia anunciado, mas tampouco se afastará da vida política. "Vocês podem contar comigo para defender essas ideias, essas convicções, mas meu lugar não poderá mais ser o mesmo", afirmou, encerrando seu discurso emocionado. 

Fala da vitória. Mais de uma hora depois, François Gérard Georges Hollande, de 57 anos, ex-secretário-geral do PS entre 1997 e 2008, agora presidente eleito, veio à multidão que o aguardava no centro de Tulle, sua cidade natal. Em um discurso sóbrio, sem espaço para a emoção, Hollande enviou uma "saudação republicana" a seu oponente e afirmou estar "orgulhoso de ter sido capaz de devolver a esperança aos franceses". 

Como em pronunciamentos anteriores, prometeu uma "presidência exemplar", sem excessos.  "A mudança deve estar à altura da França. Ela começa agora", garantiu, prometendo realizar um governo aberto aos eleitores da extrema direita. "Saibam que eu respeito suas convicções e serei o presidente de todos." 

Hollande ainda não anunciou nenhum nome de seu governo, mas reiterou suas metas. A primeira, disse, é levar à Alemanha e à União Europeia a mensagem das urnas na França. "Minha missão é dar à construção europeia uma dimensão de crescimento, de emprego e de prosperidade." 


Ainda à noite, líderes europeus como a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e o premiê britânico, David Cameron, telefonaram ao vencedor para parabenizá-lo. O presidente dos EUA, Barack Obama, também falou com o novo colega francês. O ministro das Relações Exteriores alemão, Guido Westerwelle, classificou a eleição como "histórica" e afirmou que os dois países "continuarão a cumprir suas missões e a assumir suas responsabilidades no seio da UE". 

"A disciplina fiscal e a estratégia do crescimento constituem as duas faces da mesma moeda", disse o ministro. Em sinal de reaproximação, Hollande e Merkel se encontrarão na primeira viagem oficial do novo presidente. 

O presidente eleito deixou Tulle em avião privado rumo à Paris, onde discursaria no início da madrugada às centenas de milhares de pessoas reunidas na Praça da Bastilha para comemorar a volta da esquerda ao poder. 

2 comentários:

  1. Portuário7/5/12 12:31

    Ganhou o tal de François Hollande, perdeu Nicolas Sarkozy. E daí. Que diferença vai fazer??? Possivelmente nenhuma. Conforme o artigo de J.R.Guzzo na Veja desta semana a França é a mesma quando Sarkozy assumiu cinco anos atrás e possivelmente será a mesma quando mr. Hollande deixar o governo nos próximos 5 ou 10 anos... afinal, por lá as estradas não tinham buracos e continuam não tendo, os trens balas funcionavam e continuam funcionando, a renda per capita continua sendo os 42.000 dolares dos últimos 10 anos, a classe C emergiu há 100 anos atrás e não se assiste na TV assassinatos todos os dias e pode-se andar na rua sem receio de ser assaltado. O cidadão Frances não sabe o que assalto a mão armada, nos aeroportos os aviões saem e chegam no horário marcado sem muitos problemas de malas perdidas.....e por ai a fora...
    E por que estou comentando isto. Apenasmente porque li hoje de manha a crônica do mr. Guzzo e agora vejo a vitoria de Hollande. E para completar, nestes últimos dias vinha fazendo uma reflexão e comparando o que vi em Portugal e Espanha, países que dizem estar numa crise filha da puta com o desemprego chegando a 24.5 pct na Espanha e o nosso Brasil varonil bombando conforme as autoridades... e com toda esta crise não vi por lá, noticias de corrupção, assaltos, pedintes e miseráveis enchendo o saco dos turistas nas ruas. Andamos pelas ruas das grandes cidades altas horas da noite, em metrôs, bondes e ônibus sem se preocupar com assaltantes o coisas do gênero... o transito funciona, os taxis são confiáveis, não existe a lei do Gerson para enganar os turistas.... no máximo tem que se cuidar com os batedores de carteiras e bolsas....então meus amigos, cada vez que tenho a oportunidade de sair da bananalia volto com a impressão e o convencimento que este País aqui não tem jeito, e se tivermos a esperança de que haverá jeito isto vai demorar séculos...

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  2. Ganhou o Hollande por uma diferença de + ou – 4%. Tenho a impressão que com essa pequena diferença a França está dividida e, consequentemente o sr. Hollande não terá vida fácil para implementar suas promessas de campanha . Promessas de mudanças de matérias aprovadas recentemente como a mudança da idade para a aposentadoria de 60 para 62 anos de idade a qual ele pretende voltar para os 60 anos. Abandonar os esforços para contenção de gastos do governo. Manter o atual nível de endividamento do governo nos atuais 3%do Pib, ao invés de reduzir para 0,5%, está medida foi aprovada recentemente Sarkozy. Criar novo imposto para quem ganha mais de 1 milhão de euros por ano.
    Tenho a impressão que essas mudanças propostas em cima de matérias tão recentes trará alguma turbulencia no mercado financeiro de todo o mundo, não somente na França e um certo descredito por todos os esforços despendidos para se adequar a crise europeia, pois, significam mudanças de atitude diante da atual crise na zona do euro. Torço para que de certo a nova politica que preve incentivos para aumentar a economia e deixar de lado o esforço para regulariar as finanças com medidadas de contenção. Me parece que essas medidas do novo governo trarão mais força para o governo da Dilma, pois, já vimos esse filme de criar impostos sobre grandes fortunas e distribuição de favores financeiros aos mais necessitados como será uma das primeiras medidas do sr. Hollande.

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