Reinaldo Domingos (*)
Muito se vem falando nos últimos meses sobre projeções negativas para a economia para os próximos anos e muitos problemas macroeconômicos são tidos como culpados, o que faz com que não se perceba que a situação pode se agravar nos próximos anos, pois já vivemos uma verdadeira bolha de crédito, que está preste a estourar, fazendo com que avanços que alcançamos possam regredir.
Hoje, os dados são assustadores, sendo que temos no Brasil cerca de 57 milhões de inadimplentes, isto é, pessoas que assumiram compromissos financeiros e não conseguiram pagar. É um dado temeroso.
E o que mais preocupa é que as ações que vejo serem tomadas são, em sua grande parte, paliativas, como utilizar dinheiro extra para ajuste dessas situações, participar de feirões limpa nome, etc. Não se percebe que a solução está na educação financeira das pessoas, o que proporciona que essa situação não se repita mais.
Ocorre que vivemos em um momento no qual, depois de 20 anos que conquistamos nossa estabilidade econômica macro, principalmente, com o controle da inflação, tivemos, na sequência, o aumento do acesso das pessoas a diversas ferramentas de crédito, dando assim uma falsa sensação de aumento de padrão de vida.
Contudo, não foi observado que esse aumento de padrão não ocorreu de forma sustentável, mas sim com o comprometimento cada vez maior da renda com o crédito e, agora, se observa um risco cada vez maior de a chamada nova classe C voltar para a D ou até mesmo a E, pois, agora, enfrentam o desequilíbrio e a realidade de um falso aumento de padrão de vida.
Agora, todos buscam culpados, e esses não faltam; pode ser o marketing publicitário, o fácil acesso ao crédito, a conjuntura econômica ou até mesmo o resultado da eleição. Contudo, não se percebe que o problema é um só: sofremos com a falta de educação, nosso sistema educacional se mostra falido. De um lado, com a progressão continuada e, de outro, com conteúdos que visam apenas que se passe no vestibular ou mesmo titulações sem conteúdos.
Infelizmente, deixamos de lado que temos que educar as pessoas para a vida, para a realidade que enfrentarão no futuro. Assim, mais do que nunca, é necessário que, no processo educacional, se tenha uma grande reflexão sobre projeto de vida. Hoje, não se tem a essência primordial do ensino de projetar os sonhos, isso porque nossa população segue sempre a mesma fórmula, não percebendo que não se pode mudar fazendo sempre tudo igual.
Esse é o ponto primordial que trata a educação financeira, pois ela aborda a relação com dinheiro de forma comportamental, em busca da sustentabilidade.
Vivemos uma era de ansiedade, de consumo imediato, que leva ao consumo não consciente, que nos levou a bolha do endividamento.
Não quero, com isso, ir contra ao consumo, muito pelo contrário, pois, quando se tem educação financeira, com certeza, o consumo irá crescer; quando se combate o endividamento e insere a educação financeira, também se proporciona à população maior capacidade de compra, além de incentivar a cidadania.
Enfim, chegou a hora de enfrentarmos a situação da bolha de endividamento de forma séria. O problema não é apenas macroeconômico, mas também micro.
Temos que deixar de pensar nas pessoas como apenas números e tratá-las como cidadãos possuidores de sonhos e desejos, que devem – e podem – ser realizados.
Para isso, o único caminho é a educação.
(*) É educador financeiro e presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin)
Muito se vem falando nos últimos meses sobre projeções negativas para a economia para os próximos anos e muitos problemas macroeconômicos são tidos como culpados, o que faz com que não se perceba que a situação pode se agravar nos próximos anos, pois já vivemos uma verdadeira bolha de crédito, que está preste a estourar, fazendo com que avanços que alcançamos possam regredir.
Hoje, os dados são assustadores, sendo que temos no Brasil cerca de 57 milhões de inadimplentes, isto é, pessoas que assumiram compromissos financeiros e não conseguiram pagar. É um dado temeroso.
E o que mais preocupa é que as ações que vejo serem tomadas são, em sua grande parte, paliativas, como utilizar dinheiro extra para ajuste dessas situações, participar de feirões limpa nome, etc. Não se percebe que a solução está na educação financeira das pessoas, o que proporciona que essa situação não se repita mais.
Ocorre que vivemos em um momento no qual, depois de 20 anos que conquistamos nossa estabilidade econômica macro, principalmente, com o controle da inflação, tivemos, na sequência, o aumento do acesso das pessoas a diversas ferramentas de crédito, dando assim uma falsa sensação de aumento de padrão de vida.
Contudo, não foi observado que esse aumento de padrão não ocorreu de forma sustentável, mas sim com o comprometimento cada vez maior da renda com o crédito e, agora, se observa um risco cada vez maior de a chamada nova classe C voltar para a D ou até mesmo a E, pois, agora, enfrentam o desequilíbrio e a realidade de um falso aumento de padrão de vida.
Agora, todos buscam culpados, e esses não faltam; pode ser o marketing publicitário, o fácil acesso ao crédito, a conjuntura econômica ou até mesmo o resultado da eleição. Contudo, não se percebe que o problema é um só: sofremos com a falta de educação, nosso sistema educacional se mostra falido. De um lado, com a progressão continuada e, de outro, com conteúdos que visam apenas que se passe no vestibular ou mesmo titulações sem conteúdos.
Infelizmente, deixamos de lado que temos que educar as pessoas para a vida, para a realidade que enfrentarão no futuro. Assim, mais do que nunca, é necessário que, no processo educacional, se tenha uma grande reflexão sobre projeto de vida. Hoje, não se tem a essência primordial do ensino de projetar os sonhos, isso porque nossa população segue sempre a mesma fórmula, não percebendo que não se pode mudar fazendo sempre tudo igual.
Esse é o ponto primordial que trata a educação financeira, pois ela aborda a relação com dinheiro de forma comportamental, em busca da sustentabilidade.
Vivemos uma era de ansiedade, de consumo imediato, que leva ao consumo não consciente, que nos levou a bolha do endividamento.
Não quero, com isso, ir contra ao consumo, muito pelo contrário, pois, quando se tem educação financeira, com certeza, o consumo irá crescer; quando se combate o endividamento e insere a educação financeira, também se proporciona à população maior capacidade de compra, além de incentivar a cidadania.
Enfim, chegou a hora de enfrentarmos a situação da bolha de endividamento de forma séria. O problema não é apenas macroeconômico, mas também micro.
Temos que deixar de pensar nas pessoas como apenas números e tratá-las como cidadãos possuidores de sonhos e desejos, que devem – e podem – ser realizados.
Para isso, o único caminho é a educação.
(*) É educador financeiro e presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin)
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