domingo, 24 de junho de 2012

Baixada ganha uma nova Santos até 2020

Cidade de Santos
Folha de São Paulo 

A maior expansão econômica da Baixada Santista em 50 anos vai atrair 400 mil pessoas para a região até 2020. Isso equivale ao surgimento de uma nova cidade de Santos num prazo de oito anos. 

Com 1,6 milhão de habitantes, a região metropolitana da Baixada, que congrega nove municípios e onde está situada parte da maior porção contínua de mata atlântica preservada do país, vive uma febre de investimentos. 

As estimativas do poder público apontam a cifra de R$ 22 bilhões, já radiografados. Grande parte desse dinheiro será aplicada no porto de Santos, o maior complexo portuário do país. 

Nessa conta, entretanto, também estão os primeiros empreendimentos da Petrobras na região. Santos será o quartel-general do pré-sal e a chegada forte da estatal desencadeou uma corrida imobiliária sem precedentes. 

Corrida que fez triplicar o valor dos terrenos e duplicar o valor do metro quadrado construído em áreas nobres. 

Em Santos, 77 edifícios foram construídos entre 2005 e 2011 e outros 134 projetos estão em obras; a prefeitura avalia se libera outros 77. 

No porto, local em que o plano é mais do que duplicar a capacidade para trânsito de carga até 2024, dois grandes terminais de contêineres estão em construção. São projetos que devem manter Santos como a principal porta de entrada e saída num raio de cerca de 1.000 quilômetros. 

DESAFIO 
Espremida entre o mar e o paredão da serra, a Baixada Santista tem imensos desafios.
Os novos investimentos vão encontrar uma região com problemas ambientais e sociais. Hospitais, escolas e força policial hoje não são suficientes para atender a demanda prevista; já há deficit de moradias, e o transporte público regional é precário. 

A ocupação irregular em morros ou à beira-mar é comum. No Guarujá, duas ocupações simbolizam décadas do descaso do poder público e como expansão econômica não significa, necessariamente, equidade social. 

As favelas da Conceiçãozinha e da Prainha estão dentro do porto, margem esquerda do estuário. Alvo do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a remoção dos moradores não avança. 

A situação das mais de 1.500 famílias é de absoluta precariedade. Porta de saída do agronegócio, parte dos 25% do comércio exterior nacional cruza diariamente a favela. Trens com mais de 60 vagões de soja ou de contêineres ameaçam homens, mulheres e, sobretudo, crianças. 

"É triste, mas a prometida remoção das famílias atrasou. É problema com a construtora, é mudança de projeto, é erro no cálculo da terraplenagem", diz Carlos Souza, o Carlinhos, líder da Prainha. A prefeita do Guarujá, Maria Antonieta de Brito (PMDB), diz que há plano de regularização fundiária e assentamento das famílias. 

Só o Guarujá tem um deficit de 35 mil moradias. Mas, além de resolver o problema, a cidade tem de evitar novas ocupações. Para isso, foi criada até uma força-tarefa para derrubar casa irregular.

Com o crescimento populacional previsto para os próximos anos, o risco de haver novas invasões é tão real quanto a febre de investimentos que toma conta da região. 

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