quarta-feira, 30 de julho de 2014

Vírus da PED que afeta suínos pode elevar preço da carne

Jornal Valor Econômico 

Um vírus que mata suínos jovens, atingiu fazendas de 22 estados americanos, reduzindo a oferta de carne suína e levando operadores e investidores a apostarem em preços recordes para o suíno este ano. O contrato futuro de suíno magro subiu na semana passada para seu maior valor em sete semanas e aumentou 6% desde meados de dezembro. 

O vírus da diarreia epidêmica suína, ou vírus da PED, pelas iniciais em inglês, apareceu nos EUA pela primeira vez em abril de 2013 e matou milhares de leitões desde então. 
O vírus, que leva a um quadro grave de diarreia e vômito, é fatal apenas para suínos jovens e não representa ameaça à saúde humana ou à segurança alimentar, segundo veterinários especializados em suínos. A variedade americana do vírus é quase idêntica à que reduziu a produção chinesa de suínos em 2012. 
 Para combater a doença, muitos suinocultores americanos estão redobrando as práticas de segurança, como desinfetar equipamentos e calçados dos trabalhadores. Mas muitos dizem considerar a doença difícil de evitar. 

“Essa é a doença mais difícil que já passamos”, disse Mike Brandherm, diretor-geral da Hitch Pork Producers, do Estado de Oklahoma que perdeu 30 mil leitões em seis semanas num surto ocorrido em 2013. “Foi surpreendente a velocidade com que a doença se propagou. A gente se sente impotente”. Embora os surtos nas fazendas da Hitch venham sendo menores desde então, a unidade continua a perder de 500 a 600 leitões por semana, disse Brandherm. 

“Ainda não voltamos aos níveis de produção de antes da doença”, disse. 
 O impacto sobre a oferta de carne suína deverá contribuir também para a alta dos preços do toucinho e das costeletas para os consumidores americanos. 

Os preços da carne suína no varejo deverão alcançar novo recorde este ano, quebrando o recorde nominal de todos os tempos de US$ 3,81 a libra-peso (453,59 g) alcançado em outubro, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). 
O USDA projeta aumento de 2% a 3% dos preços no varejo para 2014, após a alta de aproximadamente 1% de 2013. 

As preocupações com o vírus elevaram os preços no mercado futuro de suínos nos últimos meses. Mas muitos operadores disseram que o impacto não será sentido de forma significativa antes do segundo e do terceiro trimestres, porque a doença começou a se acelerar em outubro e os leitões levam cerca de seis meses para alcançar o peso de abate. 

No dia 3 os preços alcançaram os níveis mais elevados para um contrato de primeira posição em sete semanas. 

Há fatores que poderão neutralizar o impacto da doença sobre a produção, como fato de que os criadores americanos de suínos deverão expandir seus rebanhos este ano para aproveitar a queda dos preços das rações. O custo do milho, principal ingrediente da ração, caiu cerca de 40% nos últimos 12 meses devido à grande safra dos EUA, o que melhorou a rentabilidade dos produtores.

Os criadores também estão fazendo seus animais ganharem mais peso porque a ração está barata e porque podem obter preços mais elevados das processadoras de carne pelo aumento de peso.

Mesmo com o setor se preparando para uma menor oferta, a previsão do USDA é de que produção de carne suína vai subir 2% em 2014 em relação ao ano passado, para 10,7 milhões de toneladas. Isso deve ocorrer, segundo o USDA, por conta da alta do peso dos animais. 

Analistas observam que houve apostas equivocadas sobre o efeito na oferta de carne suína. Os operadores que previram um grande impacto, por exemplo, se surpreenderam no início de dezembro ao constatar que a oferta tinha ficado igual à do mesmo período de 2012. Isso fez com que os preços no mercado futuro alcançassem sua maior baixa de oito meses em 11 de dezembro. 

O setor tenta desenvolver vacinas para combater o vírus da PED, mas até agora não há nenhuma de uso generalizado. Os pesquisadores não sabem ao certo como o vírus, identificado pela primeira vez no Reino Unido em 1971, entrou nos EUA. 

Brasil - 
No Brasil, a perspectiva para as cotações da carne suína é positiva, informa o Rabobank, refletindo consumo doméstico robusto (puxado pela Copa do Mundo e período de inverno) e pelo alto preço de carnes concorrentes. O banco estima que os números para a produção e exportação do país em 2014 vão ser semelhantes aos de 2013, sugerindo recuperação após o fraco desempenho no primeiro semestre.

Conforme o Rabobank, a principal vantagem competitiva do Brasil é que o país se mantém livre de problemas sanitários.

Para a China, também são positivas as expectativas, com previsão de alta dos preços, o que seria importante para uma recuperação do fraco primeiro semestre. O preço da carne suína deve continuar baixo na maior parte do terceiro trimestre, mas provavelmente deve ocorrer forte recuperação a partir do fim de período, puxado pela elevação da demanda sazonal e menor oferta provocada pelo abate de matrizes nos últimos meses, informa o Rabobank. 

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