sexta-feira, 18 de maio de 2012

O julgamento do mensalão

Kennedy Alencar (*)

A cúpula petista, réus no processo do mensalão e integrantes do governo avaliam que seria favorável ao PT adiar para 2013 o julgamento no STF (Supremo Tribunal Federal).

Nas contas do PT, hoje o Supremo decidiria pela condenação dos principais réus petistas com um placar de, no mínimo, 6 a 5. O partido contabiliza como votos certos pela condenação os seguintes ministros: Joaquim Barbosa, Carlos Ayres Britto, Cesar Peluso, Gilmar Mendes, Marco Aurélio Mello e Celso de Mello.

A esperança dos réus no processo é que o adiamento para 2013 propicie uma configuração do Supremo mais favorável aos réus. Dois ministros vão se aposentar até o final do ano: Peluso e Ayres Britto. Há expectativa no PT de que a presidente Dilma Rousseff nomeie sucessores que possam absolver réus.

Diante dos sinais crescentes de que o julgamento pode acontecer ainda neste ano, o PT tem outra expectativa: se começar o julgamento, espera que o ministro José Antonio Dias Toffoli peça vista e adie o assunto para 2013.

Nos bastidores do PT, diz-se que Toffoli já apanhou o suficiente da imprensa. Portanto, não teria preocupação em votar para ficar bem na foto com a opinião pública. Jovem, 44 anos, tem muita estrada no Supremo. Pela regra atual, a aposentadoria compulsória se dá aos 70 anos.

Clima desfavorável
O PT ainda acredita que obterá informações nessa CPI que poderão amenizar e até favorecer alguns réus no processo do mensalão. Mas a mistura do ano eleitoral com a guerra contra o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, traria reflexos negativos para o partido no Supremo.

Praça dos Três Poderes
Cresce em Brasília a versão de que Roberto Gurgel decidiu engavetar a Operação Vegas por ter encontrado ligações entre o senador Demóstenes Torres, então no Democratas de Goiás, e autoridades graúdas do Judiciário em Brasília.

Convém lembrar que, em 2009, Demóstenes era retratado como um mosqueteiro da ética e um opositor com acesso a muitos gabinetes e telefones importantes da capital federal. O procurador teria avaliado que se tratava de um vespeiro muito grande para ser tocado.

Como não pode alegar isso publicamente, ele e a subprocuradora da República Cláudia Sampaio teriam apresentado versões frágeis. Gurgel disse que preferiu aguardar novas provas da Operação Monte Carlo. Sampaio, mulher de Gurgel, disse que atendeu a um pedido do delegado Raul Alexandre para arquivar a investigação, o que Polícia Federal nega.

Em tempo: esta versão é apresentada como favorável a Gurgel e Sampaio.

TNT
Integrantes da CPI do Cachoeira acreditam que ainda está para chegar da Polícia Federal mais material explosivo.

Kodak
Alguns integrantes da CPI receberam a informação de que, na farra dos guardanapos em Paris, havia, pelo menos, mais um empreiteiro a acompanhar os embalos de Fernando Cavendish e do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB).

(*) Jornalista é colunista da Folha de São Paulo

Nenhum comentário:

Postar um comentário