quinta-feira, 10 de maio de 2012

Nova ferramenta para o campo

Basf testa ferramenta voltada para agricultura global  
 
DCI - Diário do Comércio & Indústria 

A fabricante alemã de defensivos agrícolas Basf, que despende um quarto de seu faturamento (1,6 bilhão de euros) em pesquisa e desenvolvimento, fez o primeiro uso de sua nova tecnologia - uma ferramenta "para medir e avaliar a sustentabilidade na agricultura" - em duas propriedades rurais no Brasil.

A AgBalance precisou de dois anos e cerca de dois milhões de euros para ser desenvolvida, na Alemanha, e daqui em diante deve ser aplicada em outros países, de acordo com o diretor-global de Sustentabilidade da companhia, Dirk Voeste.

O instrumento foi testado em duas grandes lavouras brasileiras: da produtora de commodities SLC Agrícola (soja, milho e algodão) e da usina sucroalcooleira Guarani, cujos relatórios foram apresentados ontem (8), em São Paulo. 
O vice-presidente para o Brasil da Basf, Maurício Russomanno, não quis comentar qual será o custo de implementação do projeto. O processo de análise no campo pode demorar de um a quatro anos, de acordo com outro executivo da companhia. "O Brasil é um dos maiores mercados do mundo e certamente um dos que mais crescem. Para nós, é uma necessidade estarmos aqui, dando suporte ao agronegócio e à área de sustentabilidade", declarou Voeste ao DCI.

Nos números da Basf, o País compõe, ao lado de outros países da América do Sul, o Oriente Médio e a África, uma "região" responsável por movimentar, em 2011, 5,9 bilhões de euros em vendas (alta de 13%). E que obteve lucro de 471 milhões de euros. 
Para este ano, no Brasil, a companhia mantém uma projeção de crescimento equivalente à superação das estimativas da Associação Nacional para a Difusão de Adubos (Anda) e da Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef): algo acima de 5%. 

Incluso na conta, o AgBalance consiste em um sistema destinado a avaliar, com base em 69 indicadores, aspectos sociais, econômicos e ambientais da produção rural. "Sustentabilidade não é só meio ambiente", frisou o presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Luiz Carlos Corrêa Carvalho, o Caio, durante o evento de ontem. 

A ferramenta da Basf gera um relatório sobre as deficiências (sejam hídricas, relacionadas à poluição ou à mão de obra) da lavoura estudada, entre outros pontos. 
A Alemanha já tem uma aplicação do AgBalance em andamento, segundo Voeste. 
Em seguida, o serviço será testado, nesta ordem, nos Estados Unidos, no Canadá, na França, na Índia e na China. "Esperamos obter o retorno do investimento [do AgBalance] nos próximos um ou dois anos, o mais tardar", disse Voeste. 

Para representantes da Basf e do agronegócio, a nova ferramenta - reforçada pelo marketing - pode ser um marco para a qualidade de gestão da agropecuária nacional. 
"É preciso que o agronegócio brasileiro esteja preparado para participar de processos de certificações, atendendo às exigências de boas práticas de gestão cobradas pelos países importadores", declarou o presidente mundial de Proteção de Cultivos - agrotóxicos - da Basf, Markus Heldt. "Isso [o AgBalance] inaugura uma visão real e efetiva de que temos muito para desenvolver em gestão e na área de sustentabilidade", opinou Caio. 

O relatório sobre a fazenda da SLC mostrou, por exemplo, que se a empresa reduzisse em 10% seu consumo de fertilizantes, seriam economizados, na fabricação dos insumos, 14,8 milhões de quilowatts - energia elétrica suficiente para abastecer, por um ano, mais de duas mil casas - e deixariam de ser emitidas 7,9 mil toneladas de CO2 (dióxido de carbono) - o mesmo que emitiria um caminhão de 14 toneladas ao dar 150 voltas no planeta. 

Questionado sobre uma possível ameaça da criatura contra seu próprio criador (o AgBalance, ao sugerir redução no consumo de fertilizantes, estaria comprometendo as vendas da Basf), um dos executivos que estavam na apresentação de ontem respondeu:
"É preciso ter clareza que o AgBalance é uma ferramenta. No caso da redução do uso de fertilizantes, nós não queremos que isso afete a rentabilidade da nossa empresa. 

Como se diz, empresa no vermelho não investe no verde. A ideia é maximizar o uso de fertilizantes." A ferramenta também sugere economias como: substituir o modal de transporte de uma fazenda da rodovia para a ferrovia, a pretexto de reduzir os índices de poluição. Mas, atendo-se aos números de quanto seria essa redução, o instrumento não propõe solução alguma para a deficiência logística brasileira. 

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