Eliane Cantanhêde (*)
Já que o presidente da CPI do Cachoeira, senador Vital do Rego (PMDB), está tão preocupado em limitar o acesso dos próprios membros da comissão à sala da CPI e em impedir vazamentos do inquérito e das fitas já fartamente gravadas pela imprensa, aqui vão duas sugestões para que os deputados e senadores possam ver, ler e ouvir tudo.
Opção número 1 - o deputado, o senador ou um assessor experiente podem tentar conseguir o material todo, que é quilométrico, com um dos bons repórteres investigativos da Folha ou de outros órgãos de imprensa que têm publicado uma cachoeira de escândalos do esquema e de suas ramificações.
Esses repórteres têm nomes, diálogos, momentos, desvios, detalhes da relação promíscua de Cachoeira com o ainda senador Demóstenes Torres, deputados, governadores, funcionários da Receita, delegados federais e a alta cúpula da construtora Delta.
Opção número 2 - se quiserem cortar caminho e já pegar tudo bem mastigado, basta que o o deputado, o senador ou o tal assessor experiente façam uma... consulta às páginas dos jornais e aos audios de TV e de rádio. Está tudo lá.
Vital do Rego, portanto, perde tempo e energia ao tentar controlar a porta, porque a porta já foi arrombada.
Diante de todo esse vasto material, cabe à CPI decidir quais serão os alvos, e em que momento, de quebras de sigilo bancário e fiscal. Pronto. Daí só restará fazer as conexões e a comprovação de que, além de "amizade", a turma levava vantagem --e da grossa-- de Cachoeira, que, convém lembrar, está preso desde fevereiro justamente por causa desse material que o presidente da CPI imagina inexpugnável.
A questão é saber se a CPI vai chegar tão longe, abrir o leque e apurar tudo de todos os que estão envolvidos. Ou se vai apurar tudo de uns e nada de outros.
Se tentar fazer isso, vai bater com a cara na porta. Os inquéritos da PF e os vazamentos na imprensa deflagraram a CPI e vão levá-la adiante, "doa em quem doer", inclusive se doer na própria CPI.
(*) Jornalista, é colunista da Folha de São Paulo
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