sexta-feira, 13 de junho de 2014

O problemão que Lula criou para Dilma

Juca Kfouri (*) 

Ao trazer a Copa do Mundo para o Brasil em 2007, num momento em que o país bombava e tudo dava certo, o ex-presidente Lula não calculou que sete anos depois as coisas poderiam estar diferentes. 

Mais: não se ligou que Copas do Mundo não são para o povão, mas apenas para quem pode pagar caro por um ingresso nos novos estádios erguidos a peso de ouro para recebê-las. 

Eis que a bomba explodiu no colo de sua sucessora, pouco familiarizada com a mal vista cartolagem do futebol. 

Se Dilma Rousseff soube guardar profilática distância de Ricardo Teixeira e, agora, de José Maria Marin (ninguém o viu perto dela ontem) , nem por isso ela evitou a hostilidade da torcida endinheirada que esteve na Arena Corinthians. 

Se em Brasília, na abertura da Copa das Confederações, a presidenta foi vaiada, em São Paulo foi xingada mesmo, com palavrões típicos de quem tem dinheiro, mas não tem um mínimo de educação, civilidade ou espírito democrático. 

Ninguém precisava aplaudi-la e até mesmo uma nova vaia seria do jogo. 

Mas os xingamentos raivosos foram típicos de quem não sabe conviver com a divergência, mesmo em relação a uma governante legitimamente eleita pelo povo brasileiro. 

A elite branca tão bem definida pelo insuspeito ex-governador paulista Cláudio Lembo, mostrou ao mundo que é intolerante e mal agradecida a quem lhe proporciona uma Copa do Mundo no padrão Fifa. 

Que os próximos governantes aprendam a lição.

(*) é formado em Ciências Sociais pela USP. Desde 2005, é colunista da Folha de S.Paulo e do UOL.

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