À espera de carga, navios perdem a vez em fila do porto de Paranaguá (PR)
Folha de São Paulo
Navios em busca de soja e milho brasileiros, que vêm lotando o porto de Paranaguá (PR) para embarcar grãos, estão deixando de atracar no local devido à falta de carga nos armazéns.
De acordo com operadores portuários e produtores rurais, está faltando soja e milho para dar conta da demanda dos exportadores.
O problema ocorre em razão da quebra da safra de grãos dos EUA: como não há cereal suficiente lá, os importadores vêm para o Brasil em busca do produto.
Os navios, que aguardam em média um mês na fila para carregar, estão abrindo mão da vez de embarcar por não haver carga disponível.
"O problema é o transporte. Os grãos não estão chegando no porto, tanto por ferrovia como por rodovias", afirma Sérgio Mendes, da Anec (Associação Nacional dos Exportadores de Cereais).
Segundo Mendes, a situação piorou depois da greve de caminhoneiros e de servidores federais.
"É uma questão estrutural, que se agravou com a sucessão de greves", diz. "Você pensa que [a carga] vai chegar no dia tal, mas não chega. E o navio lá, esperando."
Na última semana, 21 navios em Paranaguá abriram mão da vez por não encontrar a carga pronta. Alguns esperavam por mais de 30 dias.
"Em 20 anos, eu nunca tinha visto algo parecido", afirma o superintendente do porto de Paranaguá, Luiz Henrique Dividino.
O problema também ocorre, em menor escala, nos portos de Santos e São Francisco do Sul (SC), onde alguns navios embarcam apenas parte da carga e voltam ao fim da fila para completar o resto depois.
"Eles preferem ficar aqui na fila, onde sabem que vão captar a carga, do que ficar boiando em algum lugar do mundo, onde o produto simplesmente não existe", afirma Dividino.
A expectativa é que a "corrida" dos exportadores só desacelere no final do ano, com a nova safra de grãos.
Até lá, as exportações de milho --produto que está mais em falta no mercado internacional-- devem bater recorde histórico neste ano, segundo a Anec. Serão 14 milhões de toneladas, quase 50% a mais do que no ano passado.
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