domingo, 6 de abril de 2014

Luz amarela para Dilma

Eliane Cantanhêde (*) 

A dianteira de Dilma Rousseff na corrida presidencial continua resistindo bravamente à onda de desacertos na economia, na política e na gestão e à vaga que derrubou sua imagem de "gerentona". Mas o Datafolha lançou um sinal amarelo sobre essa dianteira. 

A seis meses das eleições, as tendências importam mais do que os dados isolados e há sinais de alerta para Dilma e seu staff: 

1 - A aprovação do governo caiu cinco pontos e 63% consideram que Dilma fez menos do que o esperado (antes, esse percentual variava de 34% a 42%). Sua nota média é 5,9. 

2 - Os que mais recuam na aprovação ao governo e a Dilma são os que têm renda entre dois e cinco salários mínimos e acima de dez. 

3 - A queda mais visível é no Sudeste, no Norte e no Centro-Oeste. O Sudeste é nevrálgico por ser populoso e irradiador de percepções. 

4 - No cenário com todos os atuais dez candidatos –que é o mais provável– Dilma caiu seis pontos em relação a fevereiro, ficando com 38%. 

5 - Seus adversários diretos, Aécio Neves (16%) e Eduardo Campos (10%), não lucram com a queda, mas o pastor Everaldo Pereira, do PSC, tem 2% e pode crescer e ganhar significado na definição de um segundo turno. A força de atração dos evangélicos não é desprezível. 

6 - Nesse cenário mais completo, 20% votariam em branco ou nulo e 9% não opinaram. 
É um forte contingente insatisfeito ou indiferente. Em suma, a ser conquistado. 

7 - Dado interessante: se a disputa fosse hoje só entre Dilma, Aécio e Campos, eles ficariam embolados com os brancos e nulos na faixa dos mais escolarizados. 
Dilma com 25%, Aécio com 26%, Campos com 19%, brancos e nulos com 27%. 

A dúvida é se o desgaste de Dilma e de seu governo entre os mais bem informados irá decantar para as demais faixas nesses seis meses e a partir do início oficial da campanha. Disso depende haver ou não segundo turno, a chave do sucesso de Dilma. 

(*) É jornalista, colunista da Folha de São Paulo 

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