quinta-feira, 18 de junho de 2015

O que é infarto ou enfarte

Wikipédia 

O infarto ou enfarte é a consequência máxima da falta de oxigenação de um órgão ou parte dele. Quando existe uma lesão arterial que diminua a irrigação de um órgão este órgão passa a sofrer de isquemia. Se o problema arterial não for resolvido rapidamente então dá-se o que se chama de "enfarte" - as células morrem. 

Assim, enfarte é sinônimo de necrose. Quando o enfarte não atinge todo um órgão, a zona de necrose está rodeada por uma zona de isquemia onde a diminuição do fluxo arterial põe as células em sofrimento, mas não é suficientemente grave para provocar necrose. 

O infarto do miocárdio ocorre quando parte desse músculo cardíaco deixa de receber sangue pelas artérias coronárias que os nutrem. Quando isso acontece, a parte do músculo que não é eliminada deixa de funcionar, o que pode levar a pessoa a morte.[carece de fontes.

Os órgãos mais acometidos por esta complicação são o miocárdio e cérebro .
Enfarte cardíaco e AVC), no entanto qualquer órgão do corpo humano pode ser alvo deste problema. Por exemplo, numa oclusão intestinal por aderências, as aderências provocam uma torsão de uma ansa intestinal, comprometendo a sua circulação, levando primeiro a isquemia e depois necrose com rotura da ansa e a peritonite concomitante. Outro exemplo seria o caso muito raro numa cirurgia da aorta abdominal, na qual uma complicação levaria a um infarto medular. 

A aterosclerose com estenoses severas produz isquemia, como acontece nas artérias dos membros inferiores ou nas artérias mesentéricas. Esta última situação é responsável por muitos quadros de abdómen agudo na pessoa idosa. Já nos membros inferiores a necrose de uma extremidade só acontece quando várias artérias estão completamente obstruídas pois existem anastomoses que conseguem irrigar a distalidade. Por exemplo para que se dê a necrose do pé é necessário que as três artérias tibial anterior, tibial posterior e peronial estejam ocluídas e que não tenha havido tempo para desenvolver uma rede colateral eficaz. 

Nestes casos é habitual utilizar também a palavra gangrena como sinônimo de necrose. /

Retorno

Olá caros leitores do Rabiscos do Antenor 


Depois de quase um mês parado sem postagens, estamos retornando. 

Sofremos um infarto ao final do mês de maio que nos obrigou a se afastar de tudo, inclusive do blog. 

Graças a Deus e principalmente ao tratamento recebido no Incor - Instituto do Coração em São Paulo, já estamos num rápido caminho de recuperação. 

Certamente o foco agora é uma nova vida na alimentação, a prática de exercícios e com ajuda de remédios possamos adiar a data de validade da vida. 

Graças a Deus e com incentivo e ajuda da família e dos amigos a pior fase já foi superada. 

Vamos em frente . Valeu ...

sexta-feira, 29 de maio de 2015

Chance de reforma do futebol mundial

Opinião do O Globo 

O terremoto provocado pela prisão de dirigentes da Fifa em Zurique tem um alcance que vai muito além do viés criminal que está levando o FBI a dissecar as entranhas de um esquema supranacional de corrupção. Por óbvio, é inescapável que os envolvidos nas tenebrosas transações à margem dos gramados paguem, e exemplarmente, por seu atos na esfera judicial. Mas é certo também que o futebol terá de mudar seus paradigmas de gestão em todo o mundo. 

As instituições que gerenciam esse esporte sempre se colocaram à margem dos instrumentos de fiscalização dos Estados nacionais. A operação com origem nos Estados Unidos rompe essa muralha. Todo esse sistema de confederação mundial e federações nacionais, como qualquer outro, não compõe um mundo à parte, acima da lei. 

O desejo é que tudo isso torne o negócio do futebol mais transparente, para o bem do próprio esporte, cuja base são os clubes. E entre eles há ilhas de opulência, como a Europa, e regiões institucionalmente atrasadas, como o Brasil. Deve-se, no entanto, na necessária reforma que a estrutura mundial do futebol terá de passar, evitar fórmulas fáceis de se permitir a ingerência direta do Estado no setor, em qualquer país. A ação da Justiça, promotoria e polícia americanas prova que já existem os instrumentos para corrigir distorções em qualquer esfera da vida privada, e para punir os responsáveis. 

Por administrarem diretamente a Fifa e terem grande influência nessa bilionária estrutura de cartolas, brasileiros estão entre os primeiros atingidos pela operação: José Maria Marin, um dos detidos em Zurique, e J. Hawilla, tendo este entregue US$ 150 milhões para não ser preso. Hawilla é um dos empresários que intermedeiam a venda de direitos de marketing e de transmissão de torneios, elo na cadeia de distribuição de propinas entre cartolas transnacionais. 

Autoridades americanas se referem a mais de 20 anos de crimes financeiros nesse universo Fifa. É inevitável, entre as questões à frente que se abrem com as prisões na Suíça, que sejam revistos acordos, compromissos e negócios que levaram à escolha de Qatar e Rússia como sedes das duas próximas Copas. E, atrás, tudo o que abrange, no Brasil, a gestão de Ricardo Teixeira. A prisão de Marin pode indicar desdobramentos que respinguem na organização do Mundial do ano passado, cujos custos, como é norma no país, ultrapassaram qualquer estimativa. 

No caso brasileiro, especificamente, a devassa coincide com um momento de fortes desentendimentos entre clubes e a CBF. O poder financeiro da entidade pouco ou nada tem contribuído para melhorar a qualidade de um futebol que já ganhou cinco Copas e hoje está em patamar secundário no plano internacional, atrás inclusive de países de menor tradição nesse esporte.

A abertura da caixa preta da Fifa — e, por previsível consequência, de entidades nacionais, a CBF entre elas — se dá, ainda, simultaneamente a uma grande rodada de renegociação de dívidas tributárias dos clubes, uma chance de se melhorar o padrão de gerência no futebol brasileiro. A devassa em curso comprova que muita coisa anda mal nesse universo. Surge uma possibilidade concreta de reforma da estrutura do futebol. 
Não se pode perder a oportunidade.

Viva o Brasil

País tem 350 mil ONGs e todas elas se empanturram com dinheiro público 

Sérgio Pires (*) 

Alguém aí tem ideia de quantas Organizações Não Governamentais, também conhecidas por ONGs, existem no Brasil? Há quem fale em 450 mil. Mas a própria Associação Nacional das ONGs reconhece 350 mil. 

Ou seja, 350 mil entidades que não precisam, no geral, prestar contas a ninguém, que recebem vultosas somas de dinheiro público – milhões, milhões e milhões – e que se dizem não ligadas ao governo, ou seja, não teriam porque receber verbas dos cofres públicos. 

Há muitas delas que realmente funcionam, que são importantes para setores da comunidade, que ajudam principalmente aquela faixa da população mas carente. 
Mas há milhares que apenas se aproveitam do país, que são componentes ativos de um sistema nacional de corrupção que está quase fora do controle. Formam, no geral, uma espécie de super caixa preta, onde entra muita grana, mas ninguém sabe para onde ela vai. 

Só na Amazônia, segundo estatísticas constantemente divulgadas, inclusive em vários sites da internet, atuam mais de 100 mil ONGs, de todos os tamanhos e defendendo todos os interesses – raramente os do nosso país – e algumas recebem polpudas verbas oficiais, sem dar nada em contrapartida. A não ser para seus padrinhos, que recebem o dinheiro sujo e enchem seus bolsos. 

A presidente Dilma Rousseff, depois de tantas escândalos descobertos – como o recente caso do Ministério dos Esportes – tomou a decisão de, durante pela menos um mês inteiro, impedir o repasse de um só centavo a qualquer uma dessas 340 mil ONGs. 

Ao fim de 30 dias, muitas delas sumirão, porque não suportam qualquer investigação. Outras tantas serão fechadas na marra. Vão sobrar ainda umas 250 mil. 

Se a Presidente fechar a torneira do dinheiro para as ONGs por, pelo menos um ano, estará dando um passo decisivo para acabar com o grosso da corrupção que campeia em seu governo. É só começar a agir... 

(*) É jornalista 
     email: ibanezpvh@yahoo.com.br

quinta-feira, 28 de maio de 2015

'É o fim de um império', diz jornalista que denunciou corrupção na Fifa

UOL 

Autor de vários livros sobre a corrupção na Fifa e em outras organizações esportivas, além de colaborador do FBI nas investigações que levaram à prisão de sete membros da Fifa nesta quarta-feira, o jornalista Andrew Jennings está eufórico com o desdobramento do caso. Em entrevista ao UOL Esporte, ele foi direto: 

"Penso que a coisa importante que fica de hoje (ontem) é o fim da Fifa como conhecemos. (João) Havelange levou o crime organizado à Fifa e ele perdurou desde 1974 até agora. É o fim de um império. Todos os impérios caem. Foi assim com o britânico, com o francês. Até os portugueses tiveram de sair do Brasil. O império da Fifa terminou hoje (ontem)". 

Satisfeito com o que aconteceu na Suíça, Jennings tem a certeza de que escândalos ainda maiores virão à tona ao longo das próximas semanas, meses e anos, e que as prisões em Zurique são apenas a ponta do iceberg. Ele acredita que os nomes de Ricardo Teixeira e João Havelange aparecerão em breve nas investigações. 

"Apenas espere. É uma longa e abrangente investigação. Eles vão chegar ao nome do Teixeira. Espere. Há muito mais coisa vindo. Isso não termina hoje. Vão pegar o Teixeira. Mas se não o pegarem, os brasileiros deveriam prendê-lo por todos os crimes que ele cometeu contra o futebol", afirmou. 

Para Jennings, as investigações envolvendo pagamento de propinas referentes à Copa do Mundo de de 2014 deve ser muito mais um problema interno do Brasil, uma vez que o país não teve concorrência para receber o evento. 
Andrew Jennings

"Não tinha competição. A investigação deve ser feita no Brasil. Está tudo cercado de corrupção", disse o autor e jornalista, que perdeu a conta de quantos telefonemas recebeu e entrevistas concedeu ao longo de toda a quarta-feira. 

Joseph Blatter, presidente da Fifa desde 1998 e favorito absoluto para a eleição prevista para esta sexta-feira, não escapou da língua feroz de Jennings. Após as prisões, o cartola divulgou um comunicado dizendo apoiar as investigações e que tem como objetivo deixar a entidade livre de comportamentos que manchem a sua imagem. 

"Penso que Sepp Blatter mente desde que o dia nasceu. Ele é o chefe da corrupção por mais de 15 anos. Ele trabalhou em prol de Teixeira, ajudando Teixeira. Não faz sentido soltar este comunicado". 

"A eleição de Sepp Blatter (nesta sexta-feira) não faz sentido. Quem se importa com isso?", completou Jennings. 

O jornalista disse ainda que este caso se arrastará por anos, até que todos os investigados parem atrás das grades. 

"Vai levar anos. Vai levar tempo para apurarem as coisas na Suíça, depois irão para os Estados Unidos. Muitas evidências virão à tona nos tribunais, durante o julgamento. Depois passarão um longo tempo na prisão", completou.

Câmara aprova fim da reeleição para presidente, governador e prefeito99

UOL

Em votação na noite desta quarta-feira (27), a Câmara Federal aprovou, por 452 votos a favor e 19 contra, o fim da reeleição para mandatos executivos - presidente da República, governadores e prefeitos. Houve ainda uma abstenção. 

O texto da emenda deverá agora ser votado em segundo turno na Câmara e segue para o Senado caso aprovado. A votação faz parte do pacote de reforma política em discussão no Legislativo, a PEC 182/2007. 

O texto aprovado é de autoria de Rodrigo Maia (DEM-RJ) e prevê transição. 
O fim da reeleição não se aplicará aos governadores eleitos em 2014 e aos prefeitos eleitos em 2012 nem a quem os suceder ou substituir nos seis meses anteriores à eleição seguinte. Dilma Rousseff, reeleita em 2014, já não poderia se candidatar ao cargo em 2018. Segundo o texto, deputados estaduais e federais, senadores e vereadores continuam aptos a disputar a reeleição. 

Todos os partidos votaram em maioria a favor da emenda que acaba com a reeleição. 
O partido com maior número de votos contra o fim da reeleição foi o Democratas, com cinco votos 'não' de um total de 20 parlamentares. PT e PMDB, principal aliado na bancada governista, tiveram três votos contra a emenda cada um. Outros três votos contra vieram de deputados do PTB. 

A única abstenção também veio do PT, com Weliton Prado (MG). 

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou ser favorável à medida mais pelo efeito em cidades pequenas, onde, segundo ele, prefeitos acabam governando para se reelegerem. No entanto, ele diz duvidar do efeito em governos estaduais e na Presidência. 

"Já tive momentos com uma posição favorável e momentos com uma posição desfavorável, mas hoje estou consciente de que é melhor para o Brasil o fim da reeleição", disse Cunha. "A gente vê muitos problemas em prefeituras, especialmente as menores, em que o prefeito acaba, na realidade, fazendo o mandato em função da reeleição. Isso de uma certa forma impede a renovação dos quadros políticos, mas para as prefeituras, não sei se nos Estados e até na União tem o mesmo impacto", completou. 

A PEC (Proposta de Emenda Constitucional) da reforma política começou a ser votada nesta semana. Na última terça-feira (26), o plenário rejeitou uma proposta que incluía na Constituição a permissão para que empresas fizessem doações para candidatos e partidos. Após a votação, a Ordem do Dia foi encerrada. Nesta quinta-feira, a partir das 12h, os deputados continuam a votar a reforma política por temas. 

Legado de FHC 
A reeleição para cargos do Executivo foi aprovada pelo Congresso Nacional em 1997 sob o comando do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que queria disputar um novo mandato no ano seguinte. Na época, a proposta sofreu oposição do PT.

O partido, que chegou ao governo federal em 2003, já disputou e venceu por duas vezes a reeleição, com Luiz Inácio Lula da Silva (em 2006) e Dilma Rousseff (2014). 

"O modelo não se mostrou produtivo para o país, houve muitas distorções", reforçou o líder da bancada do PMDB, Leonardo Picciani (RJ). 

Embora os petistas tenham sido discretos na sessão, o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), afirmou que não vê problema na decisão. "Quem criou a reeleição foi o PSDB, ou seja, quem pariu Mateus que o embale. Defendo o fim da reeleição, com mandato de cinco anos."

terça-feira, 12 de maio de 2015

Entender, até que se tenta

Bellini Tavares de Lima Neto (*) 

Luizenir e eu nunca fomos próximos. A despeito de quase quatro décadas na mesma empresa, não nos víamos com frequência, ele no seu canto, eu no meu. 
Ele lidava lá com suas rações, depois com seus milhos e eu enfiado nas conversas das leis, nossos caminhos não se cruzaram muito. E, quando isso acontecia, nada de muito especial havia nos nossos contatos, coisa simples, uma orientaçãozinha legal aqui ou acolá. Nada que merecesse um registro, um relato, uma lembrança especial. 

Perambulamos pela vida na empresa, um ou outro episódio extracurricular, lembro-me de uma vez que nos esbarramos em algum lugar e lá havia violão e uma tumbadora ou coisa parecida. Essa foi, se bem me lembro, a nossa maior intimidade. Até que, anos atrás, eu fui conhecer Florianópolis. 

E voltei fascinado com aquela magia toda. Num almoço, ainda no prédio antigo da rua Olavo Bilac, acabamos nos sentando à mesma mesa, Luizenir, eu e mais alguns que não nunca vou me recordar. E eu monopolizei os ouvidos e a paciência dos presentes falando das belezas da ilha, dos lugares que conheci, daquela vontade danada de viver por aquelas bandas. Luizenir já estava chegando perto da aposentadoria. 

Pouco tempo depois desse almoço, ele me contou que tinha ficado tão curioso com a minha conversa que acabou indo conhecer aquilo tudo. Acabou que se encantou também, comprou alguma coisa no Jurerê Internacional e, quando se aposentou, lá foi ele gozar a vida e me causar inveja. 


Os anos correram, um bocado de nós se aposentou também e começou a nascer um grupinho de ex-colegas de trabalho que se tornaram amigos. E o grupo dos agora senhores, velhinhos ou como se queira chamar, passou a conviver física e ciberneticamente. Durante já a alguns anos, temos discutido, recordado, salvado o país, descido a lenha nos políticos, tudo isso por meio do milagre da internet. 

E a isso acrescentamos os encontros tri ou quadrimestrais, dependendo de quanto tempo se levar para organizá-los. São os nossos almoços realizados de preferência às segundas-feiras que é para poder tripudiar sobre os que, tal como nós durante décadas, estão hoje nas algemas do trabalho. Ah, nada mais divertido que ver aquele povo comendo ás pressas, falando sobre suas reuniões enquanto nós comentamos dos nossos nada-a-fazer, das nossas consultas médicas, das situações malucas que vivemos, das figuras curiosas com quem nos deparamos ao longo de tanto tempo. Depois, enquanto eles voltam ao trabalho, nós passamos ao cafezinho, que leva outro tanto de tempo.

Luizenir, morador de Florianópolis e, depois, de Curitiba, não pode atender a todos os eventos, é claro. Mas veio a alguns deles. Resistiu sempre a trocar seu telefone celular, um aparelho jurássico do qual não se desgrudou, uma fidelidade irritante. 
Em todas as vezes que compareceu, esbanjou alegria, disposição, espalhou histórias antigas, navegou conosco na nave do tempo, uma espécie de máquina do tempo alimentada pelo mais poderoso dos combustíveis, o calor da amizade. 

No dia 27 de abril último, lá estivemos nós, de novo, desta vez em um esquisito restaurante chinês. Nem é preciso dizer que quase todos nós demos um jeito de fugir daquela orientalidade toda. Não fossem uns pratinhos mais simples, haveria um grupo de velhotes com fome naquele dia. 

Mas, a fome era outra. Lá ficamos até quase quatro da tarde. O mais rabugento de todos nós, Seu Antenor, era um dos alvos especiais do Luizenir. O “Pirulão” queria ver esse Antenor de todo jeito. Afinal, andaram juntos pela empresa e tempo afora como dois siameses, ainda que um fosse grande e o outro, uma baixinho barulhento. 

O velhote Antenor ficou de aparecer por lá, mas, lá pelas três, a chinesada já começava a dar mostras de impaciência com aqueles velhinhos que, uma vez almoçados, não davam nem sinal de que iriam embora. Com receio de que começassem a virar as mesas e jogar água no chão para a limpeza, resolvi ligar para o velho Antenor e marcar um outro local para o tão ansiado encontro entre os dois paladinos. 

Depois de mais alguns minutos, hora de levantar acampamento. Eu saquei da bolsa dois exemplares de um atrevimento meu, um livrinho contando uma história esquisita. Um era para o Odilon e o outro para o Luizenir. Entreguei os dois e, então, os velhinhos resolveram me desafiar: “Sem dedicatória? Sacanagem!!!”. 
Meio avexado, voltei à mesa que acabáramos de desocupar e lasquei os ditos cujos autógrafos. E, como sou portador de uma bestice incomparável, não me limitei ao tradicional “com um abraço”, costumeiro e habitual. 

Escrevi alguma coisa no primeiro, para o Odilon e, depois, no segundo, para o Luizenir. Ele, em pé, do meu lado, deu uma risadinha e comentou: “foi bem assim que você começou a saudação que me escreveu quando me aposentei”. Eu tinha escrito: “Meu velho amigo Luizenir”. E, então, olhei para ele e fiquei surpreso, naquele instante, com o fato de ter escrito sua saudação de aposentadoria. Não me lembrava. Ele, sim. 
A última foto 

O grupinho se dissolveu e eu me incumbi de levá-lo à arena onde se encontraria com o mais rabugento de todos nós, o coraçãozudo Antenor. Conosco, embora em outro carro, foi o Heitor. Chegamos ao local, o Shopping Ibirapuera. Estacionei o automóvel e lá fomos para a praça da alimentação, nosso ponto de encontro. 

Luizenir caminhou com dificuldade e me disse que precisaria parar por um instante. 
Suas vértebras lhe estavam pregando uma peça que não tinha nenhuma graça. Mas não foi suficiente para retirar o sorriso largo que ostentava o Luizenir diante da perspectiva de se encontrar com seu velho parceiro. 

Por volta das 4 chegou o penúltimo dos moicanos acompanhado de sua temporona linda, a Giovana de 11 anos, um tanto perdida naquela selva de anos que se aboletou na mesa de um restaurante qualquer. Os dois se trocaram olhares e abraços prenhes de uma ternura que quase tinha corpo, cor e odor, de tão real e sólida. E lá se foram três horas de uma conversa enormemente abreviada porque se não fosse assim, não haveria tempo suficiente no reino dos tempos para conter tudo aquilo. 

 Por volta das sete era chegada a hora de ir para casa. Começamos uma disputa, Antenor e eu, para ver quem levaria Luizenir para casa. Estava hospedado na casa de um dos filhos. Chegamos ao pátio de estacionamento e ele disse que era mais fácil apanhar um táxi. Nós recusamos. Mas, azar nosso, nos distraímos um pouco e ele, então, decidido, com aquele sorrisão enorme na boca, deu um abraço em cada um de nós e pegou o seu táxi. 

E foi embora... 

(*) Advogado, avô e morador em São Bernardo do Campo (SP)

sábado, 9 de maio de 2015

Não seja professor

Vladimir Safatle (*) 

Quem escreve este artigo é alguém que é professor universitário há quase 20 anos e que gostaria de estar neste momento escrevendo o contrário do que se vê obrigado agora a dizer. Pois, diante das circunstâncias, gostaria de aproveitar o espaço para escrever diretamente a meus alunos e pedir a eles que não sejam professores, não cometam esse equívoco. Esta “pátria educadora” não merece ter professores. 

Um professor, principalmente aquele que se dedicou ao ensino fundamental e médio, será cotidianamente desprezado. Seu salário será, em média, 51% do salário médio daqueles que terão a mesma formação. Em um estudo publicado há meses pela OCDE, o salário do professor brasileiro aparece em penúltimo lugar em uma lista de 35 países, atrás da Turquia, do Chile e do México, entre tantos outros. 

Mesmo assim, você ouvirá que ser professor é uma vocação, que seu salário não é assim tão ruim e outras amenidades do gênero. Suas salas de aula terão, em média, 32 alunos, enquanto no Chile são 27 e Portugal, 8. Sua escola provavelmente não terá biblioteca, como é o caso de 72% das escolas públicas brasileiras. 

Se você tiver a péssima ideia de se manifestar contra o descalabro e a precarização, caso você more no Paraná, o governo o tratará à base de bomba de gás lacrimogêneo, cachorro e bala de borracha. Em outros Estados, a pura e simples indiferença. Imagens correrão o mundo, a Anistia Internacional irá emitir notas condenando, mas as principais revistas semanárias do país não darão nada a respeito nem do fato nem de sua situação. Para elas e para a “opinião pública” que elas parecem representar, você não existe. 

Mais importante para eles não é sua situação, base para os resultados medíocres da educação nacional, mas alguma diatribe canina contra o governo ou os emocionantes embates entre os presidentes da Câmara e do Senado a fim de saber quem espolia mais um Executivo nas cordas. 

No entanto, depois de voltar para casa sangrando por ter levado uma bala de borracha da nossa simpática PM, você poderá ter o prazer de ligar a televisão e ouvir alguma celebridade deplorando o fato de o país “ter pouca educação” ou algum candidato a governador dizer que educação será sempre a prioridade das prioridades. 

Diante de tamanho cinismo, você não terá nada a fazer a não ser alimentar uma incompreensão profunda por ter sido professor, em vez de ter aberto um restaurante. 
Por isso o melhor a fazer é recusar-se a ser professor de ensino médio e fundamental. Assim, acordaremos um dia em um país que não poderá mais mentir para si mesmo, pois as escolas estarão fechadas pela recusa de nossos jovens a serem humilhados como professores e a perpetuarem a farsa.” 

(*) É filósofo e professor livre docente da USP

A dengue dominou o Brasil

IstoÉ Independente 

O País vive mais uma vez uma vergonhosa epidemia da doença. Do início do ano até a metade de abril, 746 mil pessoas foram infectadas e um brasileiro morreu a cada onze horas vítima da enfermidade. Por que chegamos a este ponto? 


O empresário Frederico Leitão, 34 anos, de São Paulo, não sabe se voltará a enxergar totalmente com seu olho esquerdo. Sua capacidade de visão foi afetada depois que ele se tornou mais um brasileiro infectado pelo vírus da dengue. O vírus causou uma neurite óptica (inflamação do nervo óptico), doença que chegou a tirar-lhe 90% da visão. 
Hoje, recuperou 70% dela, mas teme não tê-la completamente restaurada. O drama do empresário, dono de uma gráfica, começou no final de março, quando surgiram os primeiros sintomas da doença. A febre, as dores no corpo e nos olhos foram a senha para um inferno que já dura mais de um mês. Primeiro, foi a preocupação com o trabalho. “Não podia repousar por mais de dois dias porque teria prejuízo”, conta. Depois, a dor no olho que não passava e a perda quase total da visão. “Fiquei apavorado”, lembra. 
Após ser atendido por dois oftalmologistas, um neuro-oftalmologista e, finalmente, por um neurologista, ele ficou nove dias internado. Agora, continuará o tratamento. 

Registrar a história de Frederico é fundamental. 
Assim como as de Laís Garcia, 25 anos, e a de seu pai, Henrique Garcia Júnior, 54 anos, e a de Sheila Storel, 38 anos, relatadas nesta reportagem. Eles estão entre os 746 mil brasileiros que tiveram dengue de janeiro até meados de abril, mas quando os números atingem um patamar assim tão dramático, corre-se o risco de passar-se a enxergar a situação somente como um fenômeno incômodo de saúde pública. Perde-se de vista o fato de que cada uma dessas 746 mil pessoas teve sua vida transtornada por causa da doença – e isso, essa dimensão individual, não pode ser pulverizada em estatísticas. Alguns mais, outros menos, todos foram obrigados a se deparar com um sistema de atendimento que não dá conta de prestar auxílio a tanta gente, perderam dias de trabalho, de estudo, de descanso. Sem falar nos 229 cidadãos que morreram até agora em uma epidemia que deveria ter sido evitada.

Hoje, o Brasil é um país acuado pela enfermidade. 
Em São Paulo, há 401 mil casos. 
A ameaça da doença tornou-se assunto recorrente e sua prevenção, em muitos casos objeto de obsessão. O empresário Victor Stockunas, 59 anos, preside o condomínio onde mora, em Alphaville, região metropolitana de São Paulo. Colocou na portaria uma placa com os dizeres ‘Agora é guerra’. Também determinou que os seguranças visitem as casas para saber se as medidas de prevenção estão sendo seguidas para evitar o surgimento de criadouros do Aedes aegypti, o mosquito transmissor do vírus responsável pela doença. “Cada um deve fazer a sua parte”, prega. 

A venda de repelentes explodiu. 
O laboratório Osler, fabricante do repelente Exposis, aumentou em onze vezes sua capacidade de produção para atender as farmácias. De janeiro a abril de 2014, foram produzidos 100 mil frascos do produto. No mesmo período deste ano, o número subiu para 1,1 milhão de unidades. Nas redes de farmácias, o volume de vendas é expressivo. 
Nas contas da Drogaria São Paulo, houve crescimento de 107% em vendas de repelente comparado ao primeiro bimestre de 2014. Na Ultrafarma, a elevação foi de 195% em relação à 2014. “Nas lojas físicas, em São Paulo principalmente, mudamos o posicionamento dos repelentes que antes ficavam junto aos produtos de verão. Agora, eles ficam no Caixa, com mais visibilidade”, afirma Marcos Ferreira, vice-presidente da Ultrafarma. 

Em muitas escolas, a rotina mudou. 
Na Kid´s School, em Cotia, na Grande São Paulo, as crianças são informadas sobre a importância de se proteger com repelentes e o que fazer para evitar a formação de criadouros. “Professores e funcionários passaram a usar repelente todos os dias”, conta Cátia Pacicco, coordenadora pedagógica da escola. Na UP School, em São Paulo, há pulverização com inseticida quinzenalmente. “Também solicitamos à prefeitura a visita de agentes sanitários”, diz Patrícia Lozano, diretora pedagógica. 

Nos serviços de saúde, imprimiu-se a atmosfera do caos
Centros públicos estão lotados, obrigando a instalação de tendas para tratamento. 
Na que foi montada na Brasilândia, um dos bairros da capital paulista mais atingidos, já foram realizados 3,7 mil atendimentos desde abril. O local é uma parceria do Hospital Israelita Albert Einstein – um dos mais sofisticados entre as instituições privadas do País - com a Secretaria Municipal de Saúde. Uma equipe com seis médicos, cinco enfermeiros, seis técnicos em enfermagem, três técnicos administrativos e quatro biomédicos prestam o atendimento. Eles saem do hospital, no Morumbi, na zona sul, as seis e meia da manhã, para dar conta de começar a atender na Brasilândia, do outro lado da cidade. “Quando chegamos já tem gente esperando”, conta o infectologista Alexandre Marra. “Trabalhamos mais do que no Einstein, mas queremos ajudar”, diz a enfermeira Maria Roza de Oliveira.

A cultura do desrespeito

Ruth de Aquino (*) 

É cada vez mais deprimente voltar ao Brasil, depois de uns dias em cidade civilizada no exterior. A falta de educação nas grandes cidades brasileiras torna o cotidiano uma batalha diária. Isso para não falar na falta total de segurança. Física e econômica. 
O desrespeito das prefeituras e dos governos estaduais com as necessidades básicas do cidadão e do contribuinte – saúde, educação, moradia e transporte – contribui para provocar um êxodo, não só para fora do país. Casais de jovens, com ou sem filhos, começam a se mudar para cidades pequenas. Buscam relações mais humanas, gastos mais baixos, menos estresse, menos poluição, menos barulho, menos tempo no trânsito, menos risco de morrer atropelado, esfaqueado ou com um tiro no ponto de ônibus, no parque ou na praia. “Cansamos”, dizem. 

“Não aguento mais abrir um jornal”, ouço falar. O problema não é o jornal, mas a realidade estampada na imprensa. Os exemplos do “Rio que dá certo” ou da “São Paulo que dá certo” são raros. Sem contar a devassidão moral e ética de nossos políticos, incomoda perceber que “o brasileiro cordial” não passa de um mito. 

Não é o nível de escolaridade que conta. As festas no playground de meu prédio no bairro do Leblon são um retrato da falta de educação e civilidade da tal elite. Barulho absurdo, contra a convenção, e o lixo de garrafas, latas e gordura – para o porteiro limpar. No condomínio pequeno de Búzios onde tenho casa, ameaço chamar a polícia porque o som de funk e batidão eletrônico na piscina, misturado a gritos femininos de ca$*&#ralho, não deixa a neta dormir. Resposta: “Mas aqui na festa só tem delegado e policial”. 

Estive em Washington em abril e me senti num “retiro espiritual”. As pessoas sorriem para você na rua. Do nada. Pedestres felizes, confiantes e desarmados. Como assim? No metrô, cede-se lugar a crianças. Não se empurra ninguém. Já os brasileiros... a moda agora é nem esperar a pessoa sair do elevador. Ao entrar numa farmácia ou pagar no caixa em Washington, você escuta: “How are you doing today?”, acompanhado de um sorriso. 
Os grandes supermercados são limpos, imaculados! Os produtos têm qualidade. Vinho francês Mouton Cadet a US$ 9,99. Carnes, peixes e frutos do mar frescos. Enorme oferta de orgânicos.

Impossível comparar os preços de carros com o Brasil. Dá inveja o esquema de leasing. Não existe Detran em Washington, já pensou que maravilha? Não há obrigação de vistoria. Ninguém é refém de cartório. Caramba. Por que infernizam tanto a nossa vida? 

Ninguém fecha e xinga no trânsito nem ousa trafegar pelo acostamento ou acelerar no sinal amarelo. Não há policiais de trânsito. Se existe um cruzamento sem sinal, a prioridade é do pedestre. O carro para no meio da rua ao enxergar um ser humano a pé. 
O motorista sorri para você. Parece outro planeta. A cidade funciona. A vida flui. Gentileza gera gentileza. 

Ao usar o celular, ninguém olha para os lados com medo de assalto seguido de morte.
Ao andar na calçada, ninguém é atropelado por ciclistas que teclam o celular! Isso não existe. Bicicletas não disputam espaço com pedestres, crianças, idosos. No Brasil, tiram fino, em velocidade. 

Posso falar com mais propriedade do carioca, já que nasci em Copacabana e sempre amei esta cidade. Era bem melhor. O Rio virou uma selva. Selva não, tadinhos dos animais. Virou uma zona. Para isso, conta também a arrogância de prefeito, governador e suas equipes. 

Noticiário da semana no Rio, apenas? Uma nadadora, medalhista pan-americana, morre atropelada por um bêbado veloz no ponto de ônibus, que foge e está solto. Banalidade. Taxista mata bandido após ser roubado e sequestrado. Favelas expandem e desmatam em todos os bairros, muros ecológicos são abandonados pela prefeitura por demagogia e omissão. Delegacias fecham de madrugada “por falta de segurança”. Ciclistas buscam a natureza na Floresta da Tijuca, mas são assaltados e ameaçados de morte. No centro e no Aterro do Flamengo, assaltantes atacam com facas e porretes. Em Santa Teresa, as obras do bondinho estão paradas, prejudicando moradores e comerciantes. Trem descarrila na hora do rush e, sem plano de contingência, trabalhadores andam pelos trilhos. 

E o metrô? O temível tatuzão da Linha 4 não deixa dormir, moradores ficam um mês sem telefone, água e internet. O metrô abre trincas em prédios e, “por movimentação do solo”, derruba concreto em cima de pedestre em praça de Ipanema. A Justiça proíbe ruídos entre 22 horas e 7 horas, mas o secretário estadual de Transportes, Carlos Roberto Osorio, não pode parar as obras porque terminar o metrô “é um compromisso olímpico internacional”. Ninguém planeja ou calcula antes? O compromisso olímpico de despoluir a Baía de Guanabara foi para as cucuias. 

E se o Brasil incluísse no currículo escolar a disciplina do respeito à cidadania? 

(*) Jornalista é colunista da revista Época

segunda-feira, 4 de maio de 2015

A insustentável máquina do governo

Izabelle Torres (*) 

Os 39 ministérios de Dilma custam mais de R$ 400 bilhões por ano e empregam 113 mil apadrinhados. Só os salários consomem R$ 214 bilhões - quase quatro vezes o ajuste fiscal que a presidente quer fazer às custas da sociedade. 

Diante da necessidade imperativa de disciplinar as desordenadas contas públicas, legadas da farra fiscal praticada no mandato anterior, a presidente Dilma Rousseff impôs ao País um aperto de cintos. Anunciou como meta de sua segunda gestão um ajuste fiscal capaz de gerar uma folga de R$ 66 bilhões no Orçamento até o fim do ano. 

O necessário ajuste seria digno de louvor se as medidas anunciadas até agora pela presidente não tivessem exigido sacrifícios apenas de um lado dessa equação: o dos cidadãos brasileiros. 
Mais uma vez, a conta da irresponsabilidade fiscal de gestões anteriores sobra para o contribuinte. Ao mesmo tempo em que aumenta impostos, encarece o custo de vida da população, ameaça suspender a desoneração de empresas e retira dos trabalhadores direitos previdenciários e trabalhistas, Dilma Rousseff segue no comando de uma bilionária máquina pública aparelhada, inchada e – o mais importante – ineficiente. 

Na semana passada, pressionada por líderes no Congresso, especialmente do PMDB, a presidente sacou mais uma de suas promessas. “A ordem é gastar menos com Brasília e mais com o Brasil”, disse. A despeito do efeito publicitário indiscutível da frase, a presidente dá sinais de que seguirá na toada já recorrente de dizer uma coisa em público e praticar outra bem diferente no exercício do poder. O governo, na realidade, sempre resistiu em cortar na própria carne. Por isso, permanece desde 2010 com uma colossal estrutura administrativa composta por 39 ministérios, a maioria deles criados para acomodar apadrinhados políticos, cujos custos de manutenção – o chamado custeio – consomem por ano R$ 424 bilhões. Desse total, o gasto com pessoal atinge a inacreditável marca de R$ 214 bilhões, o equivalente a 4,1% do Produto Interno Bruto (PIB) do País. 

Esse universo de servidores soma quase 900 mil pessoas distribuídas pela Esplanada, sendo 113.869 ocupantes de funções comissionadas e cargos de confiança, as chamadas nomeações políticas baseadas no critério do “quem indica. A credibilidade do governo está no fundo do poço, e é impossível imaginar a sociedade acreditando no ajuste fiscal sem que sejam tomadas medidas radicais para reduzir o tamanho dessa monumental máquina. Sem cortar na própria carne, o governo do PT não tem autoridade para pedir sacrifícios ou falar em ajuste fiscal”, afirmou o senador Álvaro Dias (PSDB-PR). 

Não bastassem os 39 ministérios com seus milhares de cargos de indicação política, o que se vê hoje na Esplanada em Brasília é o claro desperdício do dinheiro público, facilmente ilustrado pelo excesso de regalias e benesses à disposição dos ocupantes do poder. 

A principal função do ministério da Pesca, por exemplo, é distribuir o seguro-defeso – espécie de seguro-desemprego pago a pescadores. A pouca expressividade da pasta não limita as vantagens e os benefícios de quem garantiu um cargo executivo no órgão provavelmente chancelado por algum partido aliado de Dilma. 

Isto é Santarém

Encontro das águas que nunca se misturam - Amazonas e Tapajós
Foto extraída do face de Grazziano Guarany 

Hoje é dia da Caesalpinia echinata (Pau brasil)

Google Wikipédia 

Etimologia
"Brasil", brázil, etc. derivam do toscano verçí, verzi e verzino, que era o nome da madeira utilizada na tinturarias venezianas. Verzino, por sua vez, deriva do árabe wars, que designa uma planta tintória do Iêmen . 
Outra versão aponta que a palavra se origina do português Brasa, ou abrasado, devido a tonalidade escura da madeira. 

Caesalpinia é uma homenagem ao médico e botânico de Arezzo, na Itália, Andrea Cesalpino, por parte do frade e botânico francês Charles Plumier . 

Echinata significa, traduzido do latim, "com espinhos". É uma referência ao fato de as vagens do pau-brasil terem espinhos, fato único dentro de seu gênero, o Caesalpinia. "Arabutã", "ibirapitanga", "ibirapiranga", "ibirapitá" e "orabutã" são derivados dos termos tupis ïbi'rá, "pau" e pi'tãga, "vermelho" .

Em alguns idiomas, como o francês e o italiano, a árvore pau-brasil chama-se "pernambuco", devido ao fato de a Zona da Mata Pernambucana, à época do Brasil Colônia, ter sido o local de maior incidência de pau-brasil, e de uma qualidade tão superior que regulava o preço no comércio europeu. 

Características 
A árvore alcança entre dez e quinze metros de altura e possui tronco reto, com casca cor cinza-escuro, coberta de acúleos, especialmente nos ramos mais jovens. 

As folhas são compostas bipinadas, de cor verde médio, brilhantes. 

As flores nascem em racemos eretos próximo ao ápico dos ramos. Possuem quatro pétalas amarelas e uma menor vermelha, muito aromáticas; no centro, encontram-se dez estames e um pistilo com ovário súpero alongado.

Os frutos são vagens cobertas por longos e afiados espinhos, que devem protegê-los de pássaros indesejáveis, pois estes comeriam os frutos. Contém de uma a cinco sementes discoides, de cor marrom. A torção do legume, ao liberar as sementes, ajuda a aumentar a distância da dispersão. 

Ocorrência 
Na floresta ombrófila densa da Mata Atlântica, a partir do extremo nordeste do Brasil até o Rio de Janeiro,6 ou seja, nos estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Espírito Santo e Rio de Janeiro. 

Encontra-se na lista do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis de espécies ameaçadas de extinção na categoria "vulnerável" e na da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais na categoria "em perigo".

O município pernambucano de São Lourenço da Mata é considerado a capital nacional do Pau-Brasil. Na Estação Ecológica de Tapacurá, pertencente à Universidade Federal Rural de Pernambuco, foram plantadas 50 mil mudas da espécie.
Também em Pernambuco está situado o único museu destinado ao pau-brasil no país, localizado no município de Glória do Goitá. 

Usos e história 
Afirmam alguns historiadores que o corte do pau-brasil para a obtenção de sua madeira e sua resina (extraída para uso como tintura em manufaturas de tecidos de alto luxo) foi a primeira atividade econômica dos colonos portugueses na recém-descoberta Terra de Santa Cruz, no século XVI e que a abundância desta árvore no meio a imensidão das florestas inexploráveis teria conferido à colônia o nome de Brasil. 

Na realidade, no século XV uma árvore asiática semelhante, com o mesmo nome Brazil, já era usada para os mesmos fins e tinha alto valor na Europa, porém era escassa. 
Os navegadores portugueses que aqui aportaram imediatamente observaram a abundância da árvore pelo litoral e ao longo dos rios de planície. Em poucos anos, tornou-se alvo de muito lucrativo comércio e contrabando, inclusive com corsários franceses atacando navios portugueses. Foi uma das expedições de corsários liderada por Nicolas Durand de Villegaignon, em 1555, que estabeleceu uma colônia que hoje se chama Rio de Janeiro (a França Antarctica). A planta foi citada em Flora Brasiliensis por Carl Friedrich Philipp von Martius. 

A resina vermelha era utilizada pela indústria têxtil europeia como uma alternativa aos corantes de origem terrosa e conferia aos tecidos uma cor de qualidade superior. 
Isto, aliado ao aproveitamento da madeira vermelha na marcenaria, criou uma demanda enorme no mercado, o que forçou uma rápida e devastadora "caça" ao pau-brasil nas matas brasileiras. Em pouco menos de um século, já não havia mais árvores suficientes para suprir a demanda, e a atividade econômica foi deixada de lado, embora espécimens continuassem a ser abatidos ocasionalmente para a utilização da madeira (até os dias de hoje, usada na confecção de arcos para violino e móveis finos). 

O fim da caça ao pau-brasil não livrou a espécie do perigo de extinção. 
As atividades econômicas subsequentes, como o cultivo da cana-de-açúcar e do café, além do crescimento populacional, estiveram aliadas ao desmatamento da faixa litorânea, o que restringiu drasticamente o habitat natural desta espécie. Mas sob o comando do Imperador Dom Pedro II, vastas áreas de Mata Atlântica, principalmente no estado do Rio de Janeiro, foram recuperadas, e iniciou-se uma certa conscientização preservacionista que freou o desmatamento. Entretanto, já se considerava o pau-brasil como uma árvore praticamente extinta. 

No século XX, a sociedade brasileira descobriu o pau-brasil como um símbolo do país em perigo de extinção, e algumas iniciativas foram feitas no sentido de reproduzir a planta a partir de sementes e utilizá-la em projetos de recuperação florestal, com algum sucesso. Atualmente, o pau-brasil tornou-se uma árvore popularmente usada como ornamental. 
Se seu habitat natural será devastado por completo no futuro, não se sabe, mas a sobrevivência da espécie parece assegurada nos jardins das casas e canteiros urbanos. 

Em 1924, Oswald de Andrade fez um manifesto sobre a nova poesia brasileira intitulado "Manifesto da Poesia Pau-Brasil". 

A madeira do pau-brasil pode ser, talvez, a mais valiosa do mundo atualmente; é considerada incorruptível, por não apodrecer e não ser atacada por insetos. 
Seu uso, dadas a escassez e a proteção, restringe-se ao fabrico de arcos de violinos, canetas e joias. 

Realidade dos juros golpeia indústria de máquinas agrícolas

Revista Canavieiros 

Pela primeira vez em muitos anos, o assunto que domina totalmente as conversas nos corredores e estandes da Agrishow, maior feira de máquinas agrícolas do Brasil, são as taxas de juros. E os comentários não são muito otimistas. 

O megaevento, que traz desde segunda-feira centenas de fabricantes para expor máquinas e implementos em uma área em Ribeirão Preto do tamanho de 44 campos de futebol, ocorre na esteira de uma série de mudanças e incertezas nas linhas de crédito oficiais que estão afugentando compradores e devem fazer o setor a fechar 2015 com queda nas vendas. 

"Já estamos vivendo a nova taxa (de juros), que claramente está tirando um pouco a vontade dos produtores de continuarem investindo em mecanização", disse à Reuters o vice-presidente para a América Latina da New Holland, Alessandro Maritano. 
A empresa tem um dos maiores estandes de tratores e colheitadeiras na Agrishow deste ano.

Desde o fim de 2014, o panorama do financiamento disponível para produtores rurais mudou bastante no Brasil, com o aperto fiscal do governo desafiando os investimentos e a competitividade da economia do país. Sob a liderança do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, o governo mexeu no Programa de Sustentação do Investimento (PSI), que oferecia até então as melhores linhas de crédito para aquisição de máquinas. 

Os recursos foram enxugados e os juros, que variavam de 4 a 8 por cento ao ano, subiram para até 11 por cento ao ano, dependendo do tipo de equipamento financiado. 

Com isso, as atenções do mercado voltaram-se para o Moderfrota, um instrumento com juros subsidiados criado na virada do século, que também sofreu ajustes, mas ainda assim apresenta juros melhores que o PSI. 

Na prática, foi o fim de uma era de juros muito baixos aos quais os compradores ficaram acostumados nos últimos anos. "Quando você dá uma droga estimulante ao mercado e depois tira essa droga, tem sempre um período em que sente falta", avaliou Maritano, da New Holland, uma empresa do grupo italiano CNH Industrial. 

Mais um ano ruim 
As novas taxas de juros, junto com outros fatores importantes, como a queda nos preços das commodities e as incertezas sobre o futuro da economia brasileira, deverão fazer a indústria de máquinas agrícolas amargar um segundo ano consecutivo de encolhimento em 2015, segundo importantes executivos. 

No primeiro trimestre, as vendas de colheitadeiras no Brasil desabaram 42 por cento na comparação com o mesmo período de 2014. Esse segmento já fechou o ano passado com diminuição de 26 por cento ante 2013. 

Já as vendas de tratores de rodas, que recuaram 14,5 por cento em 2014, acumulam percentual semelhante de retração entre janeiro a março, segundo dados da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos (Anfavea). "Nós prevemos que ficará neste patamar pelo resto do ano", disse o vice-presidente para América do Sul e América do Norte da AGCO, fabricante das marcas Massey Ferguson e Valtra, Robert Crain. 

"O ano caminha para ser menor (em vendas) do que 2014", afirmou o presidente da John Deere no Brasil, Paulo Herrmann. Além da questão dos juros nos financiamentos, produtores estão mais cautelosos em assumir novas dívidas com investimentos pela situação dos preços das commodities e o câmbio. Produtos como soja, milho, açúcar e café, entre os mais importantes da matriz agrícola brasileira, têm registrado quedas nos valores. 

E a compra dos insumos para o plantio 2015/16 --muitos deles importados, como fertilizantes e defensivos-- já está ocorrendo com o novo patamar do câmbio.
"O problema tem sido a volatilidade. O pessoal no campo fica meio maluco para tentar encontrar o melhor ponto para vender o produto e comprar o insumo", avaliou o diretor comercial do banco Itaú BBA Alexandre Figliolino. 

Economia brasileira 
As menores compras de máquinas agrícolas em 2015 acompanham uma queda nos investimentos em geral no país que ameaçam deprimir ainda mais a economia brasileira no futuro, segundo avaliação da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).

A Formação Bruta de Capital Fixo --uma medida dos investimentos no país-- teve baixa de 4,4 por cento em 2014, contra alta de 6,1 por cento no ano anterior. "O que nós vendemos representa boa parte do que o país investe. Se nós deixamos de vender, o país deixa de investir", disse o presidente da Abimaq, Carlos Pastoriza, um dos organizadores da Agrishow. 

Os efeitos dos baixos investimentos, segundo ele, são depressão do Produto Interno Bruto (PIB) e uma desindustrialização do país, com maior desemprego. 

Plano Safra 
Logo na abertura da Agrishow, a ministra da Agricultura Kátia Abreu foi cercada por quase 20 jornalistas. O principal questionamento: como serão os juros e os volumes de recursos disponíveis no Plano Safra 2015/16. 

A ministra deu poucos detalhes. 
Limitou-se a dizer que "o custeio agrícola não deverá ter nenhuma redução" e que "teremos também um juro proximamente de neutro", indicando uma alta. 

As dúvidas do setor produtivo, especialmente sobre as linhas para financiar investimentos, continuam grandes. 

"Juros e volume de recursos para agricultura empresarial, realmente não sabemos. É uma incógnita", reclamou o diretor da Tatu Marchesan, uma das maiores fabricantes de implementos agrícolas do país, João Carlos Marchesan.

Segundo empresários, não há indicativos claros, por exemplo, sobre os recursos e os termos para o Moderfrota no novo Plano Safra, vigente a partir da metade do ano. O anúncio do plano para 15/16 está marcado para 19 de maio. 

Perspectivas de médio prazo 
Um visitante menos atento, ao observar a opulência dos estandes da Agrishow e o grande número de novos lançamentos, nunca diria que o setor vive um período difícil. De fato, é sólida a confiança das empresas em uma recuperação em breve, impulsionada mais pela fé no agronegócio global do que pela confiança nos rumos da economia brasileira.

"Se você olhar para o histórico da agricultura brasileira, a maior parte deles nunca caiu mais do que dois anos seguidos nos últimos 25 anos. E este é o segundo ano. O próximo ano não será nada maravilhoso, não vai às alturas, mas há possibilidade de ser melhor que este", previu Crain, da AGCO. 

"Nós vamos continuar investindo." Segundo os executivos, os fundamentos para um crescimento do setor no médio prazo não deixaram de existir: a demanda global por alimentos continuará crescendo e o Brasil é um dos poucos países que pode ampliar sua produção, tanto com novas áreas quanto com ganhos de eficiência.

PSB-PPS, o alvo é o PT

Eliane Cantanhêde, em O Estado de S. Paulo 

A fusão do PSB com o PPS é mais um torpedo contra o PT e os planos lulistas de eternização no poder. O resultado será um novo partido de centro-esquerda, provavelmente preservando o "socialista" na sigla, para se contrapor à hegemonia de décadas do PT na esquerda e se tornar uma opção para os milhões de órfãos do petismo. 

O primeiro ataque frontal será na eleição municipal de 2016, quando PSB e PPS, já recriados sob uma nova sigla, pretendem lançar a senadora Marta Suplicy contra a reeleição do petista Fernando Haddad à Prefeitura de São Paulo. Marta não só é hoje a principal ameaça a Haddad, como encarna o racha petista na capital onde o partido de Lula enfrenta seus piores índices de rejeição e as manifestações mais impressionantes. 
Vai ser PT contra PT, mas Marta tem como ampliar horizontes e aliados, enquanto Haddad estreita os seus. 

O PPS, herdeiro direto do velho PCB, o "Partidão", é uma das principais siglas de oposição ao Planalto e ao PT e tem caminhado lado a lado com o PSDB nas últimas eleições presidenciais e na rotina do Congresso. Seu eterno presidente, Roberto Freire, e seu líder na Câmara, Rubens Bueno, são ácidos adversários do governo e críticos da presidente Dilma Rousseff. 

Já o PSB debate-se internamente entre ser ou não ser governo e tenta equilibrar-se como "independente", uma saída capaz de acomodar suas crises existenciais, agravadas pelo trauma da morte de Eduardo Campos em 2014. Hoje, o PSB é uma sigla em busca de uma liderança. Além de perder Campos, o partido nunca teve Marina Silva, que se filiou a ele para materializar a aliança do PSB com a Rede - agora em fase final para se viabilizar na Justiça, apesar da força em contrário do Planalto. 

A expectativa, portanto, é de grandes embates do PSB com o PPS antes da fusão, inclusive sobre a sigla a ser adotada - a mais provável é PSB40 -, mas a grande aposta imediata dos dois parceiros é Marta, que vem de 33 anos de PT, não tem papas na língua, representa o principal Estado e a principal capital do País. Pode se tornar o eixo da resistência crescente ao PT e atrair as forças paulistas de oposição, inclusive o PSDB.

Assim como Marina, Marta não é só uma ameaça, mas uma dupla ameaça ao PT, num momento de grande fragilidade do partido, atingido por mensalão, petrolão, o desastre do primeiro mandato de Dilma e a crise de identidade do partido diante da guinada na economia e no discurso nesse início de segundo mandato. 

Com a saída de Marina, o PT perdeu um dos seus quadros mais simbólicos e ganhou uma adversária robusta o suficiente para angariar 20 milhões de votos ao enfrentar o velho partido em eleições presidenciais. Com a de Marta, repete-se a sina. O PT perde um grande nome nacional e ganha uma ameaça assustadora à sua permanência na Prefeitura de São Paulo, já em risco com o mau desempenho de Haddad nas pesquisas e a oposição crescente ao partido. 

Nesse clima, os ventos soprariam a favor do PSDB, mas não há um nome óbvio no partido para entrar no vácuo. Se perderem no 1.º turno, os tucanos podem ficar na opção Marta versus Haddad. Adivinha com quem vão ficar? Marta, além de ex-PT, estará concorrendo pelo PPS, velho aliado, e pelo PSB, parceiro em 2014. 

E assim vão se formando os movimentos políticos e emergindo as dissidências típicas de regimes que começam a entrar no seu ocaso e de governos que vão perdendo o controle e a capacidade de conduzir o processo político. Nesse sentido, não é exagero comparar o governo Dilma Rousseff com o do último general presidente, João Figueiredo.

Seria uma inverdade histórica e uma injustiça imperdoável comparar Dilma com Figueiredo e o PT das lutas populares com o PDS do apoio à ditadura. Mas que há coincidências no processo de fragilização política, sem dúvida há.
A saída de Marta e a fusão PSB-PPS são uma confirmação viva disso. 

(*) Jornalistra é colunista do Estadão

domingo, 3 de maio de 2015

Hambúrguer de berinjela de forno e sem glúten

INGREDIENTES 

1 berinjela média cortada em cubos pequenos 
3 colheres (sopa) de shoyu 
1 colher (sopa) de azeite extravirgem de oliva 
1/4 copo de água quente 
2 colheres (sopa) de polvilho azedo 
1 colher (sopa) de farinha da arroz 
2 colheres (sopa) de gergelim torrado 
1 colher (café) de pimenta-do-reino 
Cebolinha e salsinha a gosto

MODO DE PREPARO 

Cozinhe a berinjela com água e duas colheres de shoyu por 10 minutos ou até ficar bem macia. 
Transfira para um recipiente e coloque o polvilho. 
Mexa bem. 
Acrescente a farinha de arroz, a cebolinha, a salsinha, a pimenta e o gergelim. 
A massa deve ficar bastante úmida, porém se houver necessidade coloque um pouco mais de farinha de arroz para ajudar a moldar. 
Modele e ponha para assar, em fôrma untada, por 15 minutos. 
Retire do forno. 
Misture uma colher de shoyu com uma de azeite de oliva e pincele os hambúrgueres.
Leve outra vez ao forno por mais 5 minutos.

Extraída do site curapelanatureza.com.br 

sábado, 2 de maio de 2015

E o governo que conceder anistia ... Fala sério

Dívida dos grandes clubes supera R$ 5 bi. Veja ranking dos 12 times 

Blog do Rodrigo Mattos (*) 


Os 12 grandes clubes brasileiros voltaram a ter um crescimento nos seus débitos acima da inflação: o número superou pela primeira vez R$ 5 bilhões. Os dados constam dos balanços das agremiações de 2014, publicados nesta quinta-feira. O aumento em relação ao final de 2013 foi de 13% ou R$ 694 milhões. O número total é R$ 5,347 bilhões. 

A análise foi feita pelo blog com as ajudas do consultor de marketing Amir Somoggi e do contador Benny Kessel. Suas avaliações para as contas dos clubes, bem mais aprofundadas, podem ser encontradas .nos sites: www.futebolbusiness.com.br www.balancodabola.blogspot.com.br. 
Eles não têm relação com eventuais erros, já que tudo aqui é de minha responsabilidade. 

No levantamento, foram consideradas as dívidas líquidas das agremiações – as explicações para as regras estão abaixo em nota. Entre os 12 clubes, o Flamengo foi o único que reduziu o seu passivo, além de ter obtido a maior receita entre eles. É, sem dúvida, o quem tem avançado sob o ponto de vista financeiro, embora ainda figure como o segundo maior devedor. 

Tanto que deixou a liderança do ranking das dívidas, posto que agora é ocupado pelo Botafogo. O clube alvinegro carioca foi, aliás, o que teve maior aumento de seu débito líquido com a gestão de Maurício Assumpção. É a situação mais dramática. 

Mas o segundo maior crescimento de dívida foi do Corinthians com um salto de R$ 120 milhões. O clube ainda enfrenta o peso do passivo com a sua arena, que não está registrado no balanço. 

Times como Grêmio, São Paulo e Santos também tiveram pioras sensíveis de suas contas. E o Vasco é um caso à parte: seu documento financeiro têm diversas ressalvas, os números não são confiáveis segundo os auditores, e as contas finais de Roberto Dinamite foram mudadas. 

Veja abaixo a lista dos maiores débitos. Ranking das dívidas (em milhões) 

1º Botafogo – R$ 848 – 2014 // R$ 699 – 2013 // Aumento – R$ 149 
2º Flamengo – R$ 698 – 2014 // R$ 757 – 2013 // Redução – R$ 59 
3º Vasco – R$ 597 – 2014 // R$ 572 – 2013 // Aumento – R$ 25 
4º Atlético-MG – R$ 487 – 2014 // R$ 438 – 2013 // Aumento – R$ 49 
5º Fluminense – R$ 440 – 2014 // R$ 423 – 2013 // Aumento – R$ 17 
6º Grêmio – R$ 383 – 2014 // R$ 282 – 2013 // Aumento – R$ 101 
7º Santos – R$ 373 – 2014 // R$ 297 – 2013 // Aumento – R$ 76 
8º São Paulo – R$ 341 – 2014 // R$ 251 – 2013 // Aumento – R$ 90 
9º Palmeiras – R$ 333 – 2014 // R$ 312 – 2013 // Aumento – R$ 21 
10º Corinthians ***- R$ 314 – 2014 // R$ 194 – 2013 // Aumento – R$ 120 
11º Internacional – R$ 280 – 2014 // R$ 229 – 2013 //Aumento – R$ 51 
12º Cruzeiro – R$ 253 – 2014 // R$ 200 – 2013 // Aumento – R$ 53 

Nota Explicativa 1: 
A dívida líquida é o passivo total do clube menos o ativo circulante e o ativo não circulante, excluído o imobilizado. O que significa isso? Soma-se tudo que a agremiação deve e desse valor é subtraído o que ela tem para receber, isto é, seus créditos. Até o ano passado o blog usava o valor bruto do débito, mas mudou para refletir melhor a situação financeira de cada um. Os números foram arredondados para cima quando fracionados. 

Nota Explicativa 2 *** 
Há que se ressalvar que o Corinthians não registra em seu balanço a sua dívida relacionada ao Itaquerão porque esta é indireta por meio de uma empresa. Esse débito está entre R$ 750 milhões e R$ 800 milhões. Considerado esse valor, o clube tem o maior endividamento entre os clubes brasileiros. 

(*) Jornalista é colunista da UOL