sexta-feira, 25 de abril de 2014

As razões de um fracasso

Estadão 

Depois da última edição do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), que mais uma vez colocou o Brasil nas dez últimas posições de um ranking comparativo de 65 países, organizações não governamentais e entidades financiadas pela iniciativa privada passaram a pesquisar os fatores responsáveis pelo mau desempenho dos estudantes brasileiros em matemática, leitura, ciências e ao lidar com informações e problemas práticos da vida cotidiana. Promovido pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) desde 2002, o Pisa mede e compara o quanto e como esses países preparam seus jovens para uma vida adulta produtiva. Aplicado a cada três anos, o Pisa avalia 500 mil estudantes em 34 países desenvolvidos e em outros 31 convidados - como é o caso do Brasil. 

Financiada pela Fundação Lemann, uma pesquisa ouviu cerca de 800 diretores de escolas que participaram da edição de 2012 do Pisa e identificou 19 fatores que explicam o mau desempenho do Brasil. Entre esses fatores, destacam-se problemas já conhecidos, como altas taxas de evasão nos cursos noturnos, absenteísmo dos professores e dos alunos, atrasos na chegada à escola, consumo de álcool e drogas por estudantes, bullying, falta de respeito pelos docentes, interrupções de aula e ambiente escolar. 

Divulgado pelo jornal O Globo, o estudo da Fundação Lemann constatou que esses problemas prejudicam o aprendizado nas escolas brasileiras mais do que na média dos países da OCDE. 

Para 24,57% dos diretores de escolas brasileiras entrevistados, as interrupções de aulas pelos estudantes prejudicam significativamente seu desempenho. 
Na OCDE, só 2,54% dos diretores de escolas reclamam desse problema. 
Em países como a Tailândia, Polônia, Canadá e Reino Unido, menos de 1% dos diretores de colégios apontam as interrupções como obstáculo para o aprendizado. Outro problema é o atraso dos alunos na entrada das salas de aula. Pelas pesquisas da OCDE, quando o índice de atraso é alto, a proficiência dos alunos tende a cair - e, inversamente, quando o índice de atrasos é baixo, o nível de aprendizado tende a ser mais alto. 
A pesquisa da Fundação Lemann mostrou que 9,18% dos diretores de escolas brasileiras consideram esse problema como grave e recorrente - na média da OCDE, somente 4,30% dos diretores de colégio se queixam dele. 

Um dos problemas que mais têm prejudicado o aumento do nível de aprendizagem nas escolas brasileiras de ensino fundamental e de ensino médio, principalmente as situadas em bairros mais pobres e na periferia das regiões metropolitanas, é a agressividade dos alunos e a falta de respeito com os professores. Segundo o estudo da Fundação Lemann, 14,08% dos dirigentes escolares brasileiros entrevistados consideram esse problema preocupante. Eles alegam que a falta de respeito, além de colocar em risco a autoridade dos docentes em sala de aula, atrapalha o aprendizado dos alunos bons. 
Na média dos países da OCDE, apenas 1,88% dos diretores de escolas reclama da alta frequência de xingamentos e ameaças aos professores. 

A pesquisa da Fundação Lemann mostra ainda que as dificuldades de aprendizagem dos estudantes brasileiros estão associadas à falta de empenho do professorado, à falta de planejamento escolar e à leniência nas avaliações - fatores que não estimulariam os alunos a atingir seu pleno potencial. A pesquisa mostrou que 8,32% dos diretores entrevistados apontaram o problema como muito grave e 28,15% responderam que ele dificulta "até certo ponto" o processo de aprendizagem. Na média da OCDE, os porcentuais são de 2,2% e 18,40%, respectivamente. 

A pesquisa da Fundação Lemann é uma fonte de informações para a definição de prioridades e para a formulação de políticas pedagógicas.
Iniciativas como essas são fundamentais para que o País consiga dar um salto de qualidade no ensino básico e melhorar sua posição nos rankings comparativos internacionais.

Um comentário:

  1. Dá nisso ter sido dirigido por um analfabeto por tantos anos

    ResponderExcluir