Gilberto Dimenstein (*)
O presidente Lula promete colocar banda larga na casa de cada brasileiro --o que sairia por R$ 180 bilhões e demoraria cinco anos. No mínimo.
A banda larga dos pobres, porém, já existe e, com pouco dinheiro, poderia crescer rapidamente --mas quase ninguém dá importância. São as lan houses.
Colhi documentos oficiais e do Ibope que mostram que são hoje, no país, 180 mil lan houses, que atendem 31 milhões de pessoas, a imensa maioria delas pobres --o detalhamento está no www.catracalivre.com.br.
Ou seja, a inclusão digital no Brasil é informal e, na prática, clandestina.
Diante desses números, é óbvio --pelo menos para quem deseja evitar desperdícios-- que deveria haver um plano de apoio à rede de lan houses para que exerçam um papel de centros comunitários digitais. Poderiam ser tanto um "poupatempo", aproximando o cidadão dos serviços públicos, com uma extensão da sala de aula.
Em algumas cidades, criaram o vale-internet: o aluno recebe o vale e pode gastá-lo numa lan house que oferece um professor.
Essa proposta não tem a grandiosidade marqueteira de oferecer banda larga para todos mas, por ser barata e rápida, pode ajudar imediatamente os mais pobres.
(*) É membro do Conselho Editorial da Folha de São Paulo e criador da ONG Cidade Escola Aprendiz. Coordena o site de jornalismo comunitário da Folha.
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