Folha de São Paulo
O "Manhattan Connection" comemora hoje sua milésima edição. Mas talvez tenham sido 1.004 ou 1.005.
"Houve diferença de contagem", explica o produtor e âncora, Lucas Mendes. "Teve época em que a gente tirava férias e fazia uns especiais. O programa 1.000, se não me engano, foi em novembro."
Mas é assim mesmo, diz. "A gente é ruim de número, desta vez erramos só por quatro ou cinco." Caio Blinder, também na bancada desde o princípio, acrescenta: "Ruim de números e de fatos". /;/;/ Começou há 20 anos, quando Mendes idealizou um programa de rádio em que daria notícias e Paulo Francis (1930-97) comentaria. Convidado pelo GNT, adaptou a ideia tomando por modelo o The McLaughlin Group.
"Francis era um nome que despertava interesse na hora", diz. "O programa colou em grande parte ou talvez só por causa dele. E aí achamos o Nelson Motta e o Caio. Começou fácil, apesar da descrença do Francis, que achava que jamais iria ao ar."
Lançado quando a internet e a TV paga engatinhavam, o programa respondia à curiosidade do brasileiro por Nova York e tinha seu ritmo ditado pelo ex-ator Francis.
Produtora desde o início, Angélica Vieira recorda: "Tínhamos pouquíssimo retorno do Brasil, só dos pais, amigos. Mas desde o começo a química foi instantânea. O Francis era curioso, adorável. Cantava e contava histórias".
O "Manhattan Connection" era gravado em estúdio alugado da agência Reuters, quase sem edição, "ao vivo", e "a fita era embarcada via Varig", tudo às pressas.
Hoje é outra coisa: "A Globo News amarra os links mundo afora e nos deixa por conta do conteúdo personalizado, que é a cara do programa. A 'globalização' dos participantes acrescentou tempero, mas Nova York continua oferecendo o arroz com feijão".
O canal de notícias abriga o programa há quatro anos. Mendes diz que ele não só ampliou o alcance no Brasil, mas agora "vai para 114 países". E a bancada ganhou estúdio, "perto de Chinatown".
A "globalização" veio, diz ele, por acaso. Diogo Mainardi participa hoje de Veneza, Ricardo Amorim de São Paulo e Pedro Andrade de Miami.
"Nos últimos meses, falamos mais do Butão que dos EUA", diz Mainardi. "No passado, quando o acesso à informação era mais complicado, comentávamos fatos que os espectadores ignoravam. Hoje é o contrário: o papel é sobretudo descartar o excesso de palavras, imagens e opiniões que circulam por aí."
Ele diz que "os membros envelheceram miseravelmente, alguns já morreram, mas o 'Manhattan Connection', como um zumbi, soube se regenerar e sair da tumba".
Caio Blinder, que era alvo predileto de Francis, por ser liberal, comenta: "É, para você ver, hoje sou meio conservador [ri]. Ele pegava no meu pé. Eu tinha 35 anos, estou com 56. O mundo deu voltas".
Mas ele acredita que, "na essência", o programa pouco mudou. "Por isso deu certo. E tem tanta imitação."
Caio Blinder, Paulo Francis, Lucas Mendes e Nelson Motta, a formação original do programa 'Manhattan Connection' |
O "Manhattan Connection" comemora hoje sua milésima edição. Mas talvez tenham sido 1.004 ou 1.005.
"Houve diferença de contagem", explica o produtor e âncora, Lucas Mendes. "Teve época em que a gente tirava férias e fazia uns especiais. O programa 1.000, se não me engano, foi em novembro."
Mas é assim mesmo, diz. "A gente é ruim de número, desta vez erramos só por quatro ou cinco." Caio Blinder, também na bancada desde o princípio, acrescenta: "Ruim de números e de fatos". /;/;/ Começou há 20 anos, quando Mendes idealizou um programa de rádio em que daria notícias e Paulo Francis (1930-97) comentaria. Convidado pelo GNT, adaptou a ideia tomando por modelo o The McLaughlin Group.
"Francis era um nome que despertava interesse na hora", diz. "O programa colou em grande parte ou talvez só por causa dele. E aí achamos o Nelson Motta e o Caio. Começou fácil, apesar da descrença do Francis, que achava que jamais iria ao ar."
Lançado quando a internet e a TV paga engatinhavam, o programa respondia à curiosidade do brasileiro por Nova York e tinha seu ritmo ditado pelo ex-ator Francis.
Produtora desde o início, Angélica Vieira recorda: "Tínhamos pouquíssimo retorno do Brasil, só dos pais, amigos. Mas desde o começo a química foi instantânea. O Francis era curioso, adorável. Cantava e contava histórias".
O "Manhattan Connection" era gravado em estúdio alugado da agência Reuters, quase sem edição, "ao vivo", e "a fita era embarcada via Varig", tudo às pressas.
Hoje é outra coisa: "A Globo News amarra os links mundo afora e nos deixa por conta do conteúdo personalizado, que é a cara do programa. A 'globalização' dos participantes acrescentou tempero, mas Nova York continua oferecendo o arroz com feijão".
O canal de notícias abriga o programa há quatro anos. Mendes diz que ele não só ampliou o alcance no Brasil, mas agora "vai para 114 países". E a bancada ganhou estúdio, "perto de Chinatown".
A "globalização" veio, diz ele, por acaso. Diogo Mainardi participa hoje de Veneza, Ricardo Amorim de São Paulo e Pedro Andrade de Miami.
"Nos últimos meses, falamos mais do Butão que dos EUA", diz Mainardi. "No passado, quando o acesso à informação era mais complicado, comentávamos fatos que os espectadores ignoravam. Hoje é o contrário: o papel é sobretudo descartar o excesso de palavras, imagens e opiniões que circulam por aí."
Ele diz que "os membros envelheceram miseravelmente, alguns já morreram, mas o 'Manhattan Connection', como um zumbi, soube se regenerar e sair da tumba".
Caio Blinder, que era alvo predileto de Francis, por ser liberal, comenta: "É, para você ver, hoje sou meio conservador [ri]. Ele pegava no meu pé. Eu tinha 35 anos, estou com 56. O mundo deu voltas".
Mas ele acredita que, "na essência", o programa pouco mudou. "Por isso deu certo. E tem tanta imitação."
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