Blog do Trágico e Cômico para o Jornal da Tarde/SPo |
Eu votei nulo em várias eleições — inclusive nesta — e considero todos os meu votos válidos (com trocadilho, por favor). Segunda coisa, só vota nulo dois tipos de eleitor: o que não sabe nada de política (e nem quer saber) e o que sabe até demais. Me considero parte desta segunda categoria.
E terceiro ponto: não, também não acredito em “menos pior”. Voto, pra mim, é voto de opinião. E minhas opiniões sobre Serra e Haddad não são nada lisonjeiras. Considerações feitas, aqui vão as razões para não votar em nenhum dos dois. E os fortes que me sigam, se quiserem.
Não voto no Serra porque:
1) Serra é a continuação dessa gestão nefasta de Gilberto Kassab e só isso já seria motivo suficiente para descartá-lo como opção de voto;
2) Se Serra não cumpriu a palavra quando disse em 2004 que ficaria até o final do mandato, por que o faria justo agora? É, portanto, perfeitamente legítimo que o eleitor lhe negue este voto de confiança;
3) A exemplo do que aconteceu na campanha de 2010, Serra encampou novamente o discurso reacionário e intolerante dos religiosos fanáticos, contribuindo para que as campanhas fossem ainda mais retrógradas e menos propositivas. Ao dar mais este tiro no pé, mostrou que a lição de 2010 não foi aprendida e justificou mais uma vez sua rejeição recorde.
Não voto no Haddad porque:
1) Apesar de se apresentar como “o novo” na campanha, Haddad já começou abraçando a velha realpolitik do Lula, se coligando com Maluf e qualquer um que sentasse no balcão para negociar. Como bem disse o mestre Millôr Fernandes, quem se curva diante dos opressores mostra o traseiro aos oprimidos;
2) Haddad hoje se coloca como crítico da administração atual, mas por muito pouco não fechou aliança com ele no início do ano. Eu seja, ao criticar tudo o que está errado na cidade (e olha que tem muita coisa errada), ele se sai como um hipócrita;
3) Sua gestão no ministério da educação teve avanços como o ProUni, mas o incômodo tricampeonato de fraudes no ENEM tornou justificável a desconfiança em torno de seu nome.
* Notem que nem foi preciso entrar no mérito das propostas que os dois defendem. Bastou analisar suas condutas antes e durante a campanha. Isso diz muito sobre o que eles são como pessoa.
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