Até a eleição de 2010, muitos termos estão sendo riscados dos mapas das campanhas do governo e da oposição, que vão conviver com uma enorme dificuldade: material para se atacarem mutuamente.
"Mensalão", que foi o grande escândalo do governo Lula, seria o termo número um da lista do candidato do PSDB, seja ele Serra ou Aécio. Mas já tinha caído lá para quarto ou quinto lugar depois da descoberta de que o esquema do publicitário Marcos Valério começou como caixa dois para a campanha tucana de Eduardo Azeredo em Minas e só depois evoluiu para a compra escancarada de votos no Congresso para o governo do PT em Brasília.
Agora, o termo já está praticamente riscado, esquecido e enfiado debaixo da cama da campanha tucana, depois que o "mensalão do DEM" no Distrito Federal passou a ocupar manchete atrás de manchete, mostrando, com filmes, fotos e panetones, como o governador José Roberto Arruda comprava os parlamentares da Câmara Legislativa tal como o governo federal comprava os do Congresso Nacional.
A diferença é que num caso há imagens, no outro, não.
"Apagão", que foi um grande vexame do governo Fernando Henrique, seria um dos primeiros termos da lista da candidata do PT, principalmente sendo Dilma a ex-ministra e a grande expert petista do setor de energia. Mas já vinha perdendo força depois de tantos anos e agora deve ser esquecido de vez, empurrado para baixo do tapete, depois que o "apagão do Lula" atingiu 18 Estados e mais de 60 milhões de pessoas.
Sem explicação razoável até hoje.
Arruda justificou a cascata de dinheiro que ele próprio pegou como sendo para pagar panetones (por que não brioches?) para o povo no Natal. Lula delegou ao ministro Edison Lobão (MME) a missão de explicar ao país que o apagão foi resultado de três raios no mesmo milésimo de segundo, no mesmo lugar e justamente num lugar estratégico de distribuição da energia de Itaipu. Puxa! Quase um milagre às avessas. Ou uma bruxaria.
Seria cômico, não fosse trágico. Para dar explicações assim, não é melhor ficar calado?
O país de fato vem melhorando há 20 anos para os brasileiros e aos olhares do mundo, caminhando num ritmo cada vez mais veloz para se transformar de fato numa economia relevante e num ator global considerável. Mas, antes, precisa, além de avançar no combate às desigualdades sociais, sanear as práticas políticas, recuperar a crença nas instituições, livrar-se dos mensalões federais, estaduais e municipais.
E jamais ficar às escuras.
PS - Resultado da reunião que Lula teria em Manaus com o francês Nicolas Sarkozy e com os presidentes dos países amazônicos, tema da minha última Pensata: dos 9 presidentes, apareceram três, Lula, Sarkozy e Bharrat Jagdeo, da Guiana Inglesa. Ou seja, foi um retumbante fiasco.
(*) É colunista da Folha de São Paulo, desde 1997, e comenta governos, política interna e externa, defesa, área social e comportamento.
E-mail: elianec@uol.com.br
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