Camargo deu propina a 200 políticos, diz PF
Relatórios citam deputados, secretários e conselheiros e ministros de Tribunais de Contas como supostos beneficiários
Autoridades que gozam de foro privilegiado têm nome retirado de processo sobre construtora, pois só podem ser julgados por STF ou STJ
A Folha de São Paulo traz hoje como matéria que a empresa Camargo Correa é suspeita de ter propinado uma série de politicos e a lista já ultrapassa a casa dos 200 conforme a operação da Policia Federal chamada de Castelo de Areia.
Estão na lista deputados federais, secretários municipais e conselheiros e ministros de Tribunais de Contas.
Esses nomes estão sendo separados do processo sobre a empreiteira porque os supostos envolvidos gozam de foro privilegiado e não podem ser investigados por procuradores nem julgados pela primeira instância da Justiça.
Quando estiver pronta, a listagem será encaminhada pelo Ministério Público Federal à Procuradoria-Geral da República, em Brasília.
A Procuradoria, por sua vez, deve enviar cópias de toda a documentação ao STF (Supremo Tribunal Federal), ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) e aos tribunais regionais federais, instâncias que têm poder de investigar políticos que ocupam cargo eletivo.
O advogado da Camargo Corrêa, Celso Vilardi, diz que não teve acesso aos documentos reunidos pela PF e, por isso, não comentaria o suposto pagamento de propina.
A lista do pendrive
Todos os nomes de políticos e funcionários públicos foram encontrados em planilhas que estavam armazenadas em um pendrive ou em pastas apreendidas na sala de Pietro Francesco Giavina Bianchi, diretor da Camargo Corrêa.
Bianchi é um dos diretores da Camargo Corrêa acusados pelo Ministério Público Federal de lavagem de dinheiro com origem em corrupção passiva e ativa e evasão de divisas.
Ontem, a Folha revelou que a acusação atinge Darcio Brunato e Fernando Dias Gomes, além de Bianchi.
Na denúncia (acusação formal) contra os diretores, a procuradora Karen Louise Jeanette Kahn (foto) diz que a Camargo Corrêa pagou cerca de R$ 4 milhões em propina para conseguir vencer duas licitações e para mudar a legislação sobre uma área no município de Caieiras, na Grande São Paulo, no qual a construtora fez um empreendimento imobiliário.
As licitações eram para a construção de cinco hospitais no Pará e a produção de 23 embarcações para a frota da Transpetro (Empresa Petrobrás de Transporte) no Estado do Rio de Janeiro. A Transpetro disse em nota que seguiu as recomendações feitas pelo Tribunal de Contas da União.
No caso dos cinco hospitais, construídos em Belém, Santarém, Breves, Redenção e Altamira, Kahn diz que papéis apontam que a suposta propina foi paga ao PT e ao PMDB.
A Folha apurou que o PT aparece nos documentos como beneficiário de R$ 230 mil e o PMDB, de R$ 130 mil.
Os cerca de R$ 4 milhões não foram entregues diretamente aos políticos no Brasil, de acordo com a procuradora.
Na acusação, ela sustenta que o dinheiro era transferido para empresas "offshore" com sede nos Estados Unidos, Suíça, Andorra e Taiwan.
O Ministério Público diz que as remessas eram feitas por Kurt Pickel, um suíço radicado no Brasil que já trabalhou para bancos do seu país de origem e é acusado de operar como doleiro do suposto esquema de pagamento de propina.
A procuradora sustenta que a intimidade entre Pickel e a Camargo Corrêa era tamanha que ele tinha a senha bancária para fazer movimentações financeiras em nome dos diretores.
Nota do Blog - Chama atenção essa questão de ....." autoridades que gozam de fôro privilegiado e não podem ser investigados ..." Ora bolas, quando alguém é suspeito de crime seja que especie fôr, ele deveria ter tratamento igual a qualquer suspeito comum. Qual éssa de fôro privilegiado ??? Senao tiver culpa no cartório, a justiça decide e tudo bem mas pelo fato de ser suspeito não deveria ter privilégio nenhum em relação aos demais. Segundo consta a Constituição : Todos somos iguais perante a Lei .... para variar no Brasil tem sempre um mas, um porém, um contudo, um todavia, e sempre alguém de colarinho branco se safa com essas artimanhas ...
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