segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Custos de uma megalomania

Mais de R$ 180 milhões. Esse é o custo oficial do sonho olímpico brasileiro até o momento, somando as cinco tentativas verde-amarelas. E o valor vai aumentar sensivelmente caso o Rio de Janeiro conquiste o direito de abrigar os Jogos Olímpicos de 2016. A decisão acontecerá nesta sexta-feira, em eleição feita pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), em Copenhague, na Dinamarca.

A candidatura do Rio aos Jogos Olímpicos é a quarta que o COI recebe de uma cidade brasileira (para 2012, São Paulo e Rio fizeram disputa interna pelo direito de oficializar o projeto), sendo a primeira com chances reais de vitória. Os projetos anteriores fracassaram, apesar de investimentos milionários.

O primeiro movimento para organizar uma Olimpíada no Brasil surgiu em 1992, com o lançamento da candidatura de Brasília para a sede dos Jogos de 2000, como parte das comemorações dos 500 anos do descobrimento do país.

Cerca de R$ 9 milhões (em valores atuais) foram captados à época para a criação da candidatura. Entretanto, falhas graves no projeto, como o caderno de encargos rasurado à mão, fizeram com que Brasília se retirasse da disputa antes mesmo da primeira fase de eliminação do COI. Sydney, na Austrália, acabou sendo eleita a sede da Olimpíada de 2000.

Para os Jogos seguintes, em 2004, o Rio de Janeiro foi o candidato brasileiro. A campanha custou R$ 18 milhões, mas a cidade não passou para a fase final, sendo preterida por Buenos Aires. Atenas, na Grécia, foi a sede da Olimpíada.

Os dois fracassos seguidos deixaram o sonho olímpico brasileiro um pouco de lado. Mas para 2012, duas cidades brigaram para representar o país na disputa pela sede dos Jogos.

Para ser eleito o representante brasileiro, o Rio de Janeiro precisou vencer São Paulo em uma disputa interna. Os paulistas gastaram R$ 2 milhões em sua campanha, mas não convenceram os membros do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) de que teriam mais chances contra as cidades estrangeiras.

Com a vitória interna, o Rio mais uma vez fez uma campanha milionária. Cerca de R$ 16,5 milhões foram gastos na candidatura carioca, que novamente não chegou à fase final, vencida por Londres.

Logo após ser eliminado, o Rio de Janeiro voltou a se candidatar. E, pela primeira vez, a cidade ficou entre as finalistas. Com isso, os gastos da campanha subiram à estratosfera. Viagens, consultoria, eventos e preparação do material consumiram até agora mais de R$ 130 milhões (incluindo gastos do Ministério do Esporte sem passar pelo Comitê Organizador; o valor total da empreitada só será divulgado depois da eleição).

A conta vai aumentar se a cidade for escolhida como sede dos Jogos de 2016. O orçamento total do Rio para organizar a Olimpíada é de R$ 28,8 bilhões, gastos com a construção de novas sedes e obras para a melhoria da infraestrutura da cidade.

Para o secretário especial da prefeitura do Rio para a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos, Ruy Cesar, o investimento nas candidaturas já trouxeram o retorno para a cidade.

"O que vejo é um resgate que o Rio de Janeiro está tendo em termos de credibilidade internacional para abrigar grandes eventos", disse Ruy Cesar. "A iniciativa privada tem um projeto de 19 hotéis com um investimento de R$ 1 bilhão. Três inclusive já estão sendo construídos. São movimentos motivados pela potencialidade da cidade, ancorado pela realização de megaeventos", completou.

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