sábado, 26 de setembro de 2009

Bananas, abacaxis e pepinos


Enquanto o Brasil e o mundo acompanhavam, aturdidos, aquela confusão bananeira em Honduras, com o presidente deposto Manuel Zelaya e seu chapelão refestelados nos sofás da embaixada brasileira, por aqui também se produziam bananas, abacaxis e pepinos.

Precisando voltar à tona, o presidente do Senado, José Sarney, anunciou triunfante o fim de 500 vagas na Casa, para economizar uns caraminguás depois da onda de escândalos, viagens, empreguismo, atos secretos.
Só que... como logo se descobriu, esses cargos não estavam preenchidos. Portanto, ele mandou acabar o que simplesmente não existia. Economia zero. Marketing negativo.

Ao mesmo tempo, Sarney e o presidente da Câmara, Michel Temer, promulgaram a tal "PEC dos Vereadores", criando 7.709 vagas nas Câmara Municipais e elevando o número de vereadores a quase 60.000 no país. E com esse ânimo da população em relação aos políticos!

Só que... o Supremo Tribunal Federal foi logo avisando que as vagas não são para já, só para 2012. E a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) engrenou segunda, avisando a quem interessar possa que, se alguma Câmara Municipal tentar empossar algum vereador, vai entrar com recurso no Supremo para acabar com a festa.

Tudo somado, o Senado tinha vagas sem funcionários, e as Câmaras Municipais têm vereadores potenciais sem vagas. Num caso, sobram vagas. No outro, sobram candidatos. As contas não fecham. Aliás, as contas nunca estão fechando.

E a gente ainda diz que Honduras é que é República de Bananas...

Folha de São Paulo - Coluna Pensata de
Eliane Cantanhêde é colunista da Folha, desde 1997, e comenta governos, política interna e externa, defesa, área social e comportamento.

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