segunda-feira, 30 de março de 2015

A salvação da lavoura

Aprosoja 

O agronegócio será a boia de salvação do PIB em 2015. Segundo uma projeção do Ministério da Agricultura e Pecuária, o setor deve expandir-se 1,2% neste ano. 
Trata-se de uma boa notícia em meio a um mar de números ruins - e, se não permite a ninguém nadar de braçada, é essencial para evitar naufrágios. Especialistas preveem uma retração de 0,8% no resultado geral da economia. A indústria, segundo revelou um estudo da Fiesp na semana passada, deve sofrer um encolhimento de 4,5%. 
Comparado a outros segmentos, o Agrícola tem conseguido se manter praticamente imune à crise. 

Há duas explicações para entender de onde brota a força do agronegócio, mesmo em tempos de crise interna. A primeira é que ele foi o único setor a registrar um ganho real de produtividade, adubo essencial para o crescimento do país. Enquanto em outras áreas o aumento do custo com a mão de obra corroeu a competitividade das empresas (basicamente porque os salários subiram acima da produtividade), no agronegócio os avanços obtidos com pesquisa e tecnologia mantiveram o país em condições de disputar o mercado internacional. Nos últimos 35 anos, a área plantada de Soja espraiou-se 248%, enquanto a produção subiu 506%, segundo um estudo da Conab. 

E aí vem a segunda explicação para a boa situação do setor: a produção brasileira é voltada para a exportação, não apenas para o mercado nacional. Por isso, é por natureza mais competitiva e sofre menos com a queda na atividade interna. Explica o secretário nacional de Política Agrícola, André Nassar: "Em vez de um país com 200 milhões de pessoas, o nosso mercado é o mundo todo, com 7 bilhões". O Brasil, atualmente, é o maior exportador de Soja, açúcar, carne bovina e de frango do planeta. 

A situação poderia ser ainda melhor, não fosse pela retração no preço internacional das mercadorias que o Brasil exporta. Nesse particular, a valorização do dólar ajudou. 
Para 2015, o cenário continua promissor. Segundo André Pessôa, coordenador do Rally da safra, projeto que mapeia todos os anos a produção de Soja e Milho no país, a subida do dólar beneficiou os produtores, que conseguem preços e margens melhores do que os previstos inicialmente. Diz Marcos Rubin, sócio da consultoria Agroconsult: "As projeções atuais são melhores do que eram dois meses atrás. A potencial crise decorrente da queda no preço das commodities seguramente foi postergada por ao menos mais um ano, em virtude do câmbio favorável". 

Por causa disso, a previsão de Nassar é que as exportações do agronegócio recuem dos 97 bilhões de dólares do ano passado para algo em torno de 93 bilhões neste ano. 
Mesmo assim, o saldo da balança comercial para a atividade econômica no campo brasileiro deve ficar positivo, em torno de 78,6 bilhões de dólares. Sem isso, o Brasil teria um abismo de 75 bilhões de dólares na diferença entre exportações e importações.
Seria quase vinte vezes pior que o resultado negativo do ano passado, de cerca de 4 bilhões de dólares. A divulgação do PIB na sexta-feira passada demonstra a resistência dos produtores, sempre ameaçados por invasões patrocinadas pelo MST ou pela Funai, que chega a incentivar a "importação" de índios do Paraguai para atazanar os produtores do Centro-Oeste. O Brasil só não entrou em recessão por causa da agropecuária, que cresceu 1,8% no quarto trimestre de 2014, seis vezes o ritmo do setor de serviços, que costuma ter desempenho estelar mesmo nas crises. Um dos responsáveis por esse resultado foi a Soja, com um terço das exportações do agronegócio, um avanço de 5,8%. 
O ano de 2014 entrou para a história como aquele em que o Brasil passou a fazer parte dos dez maiores produtores e exportadores mundiais de grãos e carne.
Apesar de todas as dificuldades, em 2015 o campo não vai entregar a rapadura.

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