segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Algo inimaginável de se ver

Antenor Pereira Giovannini (*)


Estou em São Paulo junto com a Giovaninha visitando parentes e amigos.
São Paulo tem coisas mágicas e lindas de se ver, porém, há outras que se torna indescritível de se ver e principalmente aceitar.


Uma delas é esse circo de horrores apresentado pelo senhor governador de Estado de São Paulo e o prefeito da cidade, no quesito Cracolândia instalada bem no centro da cidade, no chamado bolsão da cidade velha de São Paulo.


São quadriláteros tomados por usuários de drogas que ficam simplesmente jogados misturados há muito lixo numa região totalmente decadente da cidade.


Esses senhores engravatados resolveram que deveriam acabar com tudo isso. E de uma vez.
E sem qualquer estratégia, sem qualquer coesão, sem critérios resolveram atacar os traficantes e em sendo assim, conseguiriam acabar com os usuários.


Numa ação que envolveu a tropa de choque da PM os quadriláteros foram invadidos e muitos traficantes presos.
Fica a pergunta e os usuários que são centenas e centenas de verdadeiros farrapos humanos, como ficam?


Segundo eles a estratégia seria conter através da dor e do sofrimentos dos usuários. Ao meu ver coisa de insano.
Simplesmente foram enxotados desse fétido canto e largados à própria sorte.
Andando para onde o vento os leva, simplesmente foram se encostar em outros cantos da cidade.


Tive oportunidade de passar por alguns pontos onde observei um punhado desses indivíduos se misturando em outros bairros que mesmo perto nada tinham haver com essa confusão.
Ou seja, transferiram os endereços.


Não sou perito em assistência social, mas creio que antes de executarem uma ação contra os traficantes deveriam observar que esses elementos que vivem nas ruas, largados, longe de famílias, são nada mais que farrapos humanos e que precisam de ajuda para quem sabe se livrarem do vício.


Se é válida a ação contra os traficantes que sabem que ali tem um alto poder de compra, pelo número enorme de pessoas concentradas nessas áreas. por outro lado, há de se convir que obrigatoriamente deveriam montar um plano, uma estratégia, um meio de que todos esses usuários , que são centenas,  fossem encaminhadas para algum local bancado pelos governos estadual e municipal e quem sabe serem tratadas.


Não há lógica em querer combatê-los pela falta no uso da droga como se isso resolvesse o problema.
Repito que não saberia qual a solução diante da proporcionalidade que tomou conta dessa Cracolândia, porém, entende-se que largá-los à própria sorte esperando que tirando o traficante e limpando essa área com muita água e retirada do lixo, os empurrando para outro local da cidade, o assunto estivesse resolvido.


Uma triste página assisto em São Paulo


(*) Aposentado, agora comerciante e morador em Santarém (PA)

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