quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Eleições nacionais revelam uma realidade

Padre Edilberto Sena (*)

Há um ditado político que não parecia tão correto antes, mas ao final destas eleições se confirmam. Diziam que ?o povo tem os políticos que merece?. Terminado o primeiro turno ontem os resultados deixam certas pessoas desiludidas.

Como explicar que candidatos que já deram provas no passado que são ficha suja, ou foram incompetentes durante o mandato continuam sendo eleitos? Cada grupo político tira suas conclusões sobre os resultados das urnas. Cada um justifica seu sucesso ou insucesso, mas... Qual mesmo o real significado desses resultados?

Um deles pode ser o que disse o ditado, boa parte do eleitorado escolheu pessoas irresponsáveis para dirigir o país e os Estados durante quatro anos, sem compromisso com o bem estar das populações.

O caso específico da Amazônia, qual dos políticos assumiu publicamente a defesa dos povos da região contra os grandes projetos econômicos, como mineradoras, hidroelétricas, agro negócio, que deixam grandes prejuízos aos indígenas, ribeirinhos, quilombolas e tantos outros sofridos moradores da região? Alguém ouviu algum deles e delas sair em firme defesa dos povos da Amazônia?

Outro significado a ser decifrado ? A necessidade de segundo turno para os cargos de presidente e de governadores de vários Estados. A senhora candidata a presidente e seus aliados contavam como quase certo que seria eleita no primeiro turno, não foi. No caso do Estado do Pará, o candidato de oposição, até a metade da apuração corria bem na frente na lista, mas ao final haverá segundo turno. Por que tais reviravoltas?

Pode haver várias respostas, mas uma é certa, a necessidade do segundo turno é um recado: nenhum desses candidatos tem a confiança da maioria do eleitorado. Foi um pleito frio, sem paixões, com muitos eleitores chegando á véspera da votação sem saber em quem votar.

Funcionou a democracia formal da obrigação de votar, mas não funcionou a democracia de consciência politizada, principalmente dos muitos candidatos que se apresentaram aos eleitores. Agora começa nova agonia com as campanhas no rádio e na televisão, o que dirão de novo os candidatos? Irão repetir as mesmas promessas de antes? Será um martírio ao eleitorado do país e dos Estados de segundo turno.

Como cada um tentará convencer a população que tem mais capacidade, mais programa para aumentar o índice de desenvolvimento humano? Pode-se concluir que o segundo turno é mais um sinal de desilusão do que aperfeiçoamento da democracia eleitoral.

(*) Sacerdote e Diretor da Rádio Rural de Santarém

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